O ator Sean Penn lamentou que o artigo que escreveu depois de entrevistar o chef�o do narcotr�fico mexicano Joaqu�n "El Chapo" Guzm�n n�o tenha gerado um debate sobre a guerra dos Estados Unidos contra as drogas.
Depois de criar uma pol�mica que ganhou as manchetes do mundo todo por sua entrevista exclusiva com o agora recapturado "El Chapo", o ator explicou que seu objetivo ao se encontrar com o traficante era lan�ar luz sobre o papel dos Estados Unidos no mercado mundial das drogas, segundo trechos de uma entrevista que ser� divulgada por completo neste s�bado.
"Somos os consumidores. Esteja voc� de acordo ou n�o com Sean Penn, somos c�mplices", afirmou Penn ao jornalista Charlie Rose, ao ser entrevistado para o influente programa "60 Minutes", da CBS.
"Voc� pode ser moralmente de direita ou de esquerda, seus filhos, de qualquer forma, v�o usar drogas. Mas desde que saiu o artigo, quantas vezes a imprensa falou disso?", questionou o ator.
Penn acrescentou: "Lamento que toda a discuss�o sobre o artigo ignore seu objetivo, que era tentar contribuir para esta discuss�o sobre a pol�tica da guerra contra as drogas".
O ator considerou que grande parte das cr�ticas que recebeu na m�dia reflete o fato de a imprensa se ressentir da exclusividade de sua entrevista com Guzm�n.
"Quando voc� consegue uma hist�ria que todo jornalista do mundo quer, muitos ficam verde de inveja", ironizou.
Outras cr�ticas foram feitas ao fato de que Penn permitiu que Guzm�n revisasse o texto antes que fosse publicado e que o artigo glorifica - ou ao menos � condescendente - com o homem acusado de causar milhares de mortes no M�xico por suas atividades violentas vinculadas ao narcotr�fico e por contribuir com o consumo de drogas nos Estados Unidos.
Penn tamb�m desafiou a afirma��o do governo mexicano de que a entrevista, realizada em um lugar desconhecido do M�xico, ajudou as autoridades a rastrear e prender Guzm�n, que foi capturado um dia antes do texto ser publicado.
"Existe esse mito de que visita que fizemos a 'El Chapo' foi, segundo disse o Minist�rio P�blico do M�xico, 'fundamental' para sua captura", comentou.
"N�s hav�amos nos reunido com ele muitas semanas antes. Em um lugar muito distante de onde ele foi capturado", concluiu.
A revela��o da entrevista clandestina de Sean Pen ofuscou um pouco a recaptura ao estilo de Hollywood do narcotraficante mexicano.
A entrevista, publicada pela revista Rolling Stone em site, foi concedida por "El Chapo" em outubro do ano passado, gra�as � ajuda da atriz mexicana Kate del Castillo.
Uma fonte do governo mexicano afirmou � AFP que os encontros ajudaram as autoridades a localizar o narcotraficante de 58 anos, recapturado em Los Mochis, Sinaloa (noroeste), em uma opera��o militar.
A procuradora-geral mexicana Arely G�mez tamb�m explicou que o traficante teve reuni�es com atrizes e produtores, dos quais n�o revelou os nomes, com a inten��o de produzir um filme sobre sua vida, o que ajudou em parte a investiga��o de seu paradeiro.
Floyd Abrams, um conhecido advogado de jornalistas nos Estados Unidos, disse � AFP em Washington que o encontro entre "El Chapo" e Penn n�o exp�e o ator a processos judiciais em seu pa�s. "N�o � crime falar com algu�m", garantiu. Se (El Chapo) lhe deu dinheiro ou conselhos para evitar ser localizado, este � outro problema".
Na entrevista, Guzm�n se gabou "das grandes quantidades de hero�na que distribuiu por todo o planeta, inclusive os Estados Unidos", o que teria irritado as autoridades americanas.
Penn escreveu que o traficante deu um forte abra�o quando eles se conheceram em um ponto de uma regi�o de selva. Tamb�m afirma que obteve sete horas de entrevistas na presen�a de "El Chapo" e por telefone sobre suas atividades criminosas.
"Eu forne�o mais hero�na, metanfetaminas, coca�na e maconha que qualquer um no mundo", afirmou, entre doses de tequila, a Penn em uma surpreendente admiss�o sobre o tamanho de seus neg�cios ilegais.
A Rolling Stone tamb�m divulgou um v�deo que mostra Guzm�n sem bigode e no qual ele afirma que trafica drogas desde antes dos 15 anos porque em sua cidade natal, La Tuna, "n�o havia oportunidades de trabalho".