Uma simples picada de mosquito e, alguns meses mais tarde, um beb� que nasce com a caixa craniana anormalmente pequena: na Am�rica Latina, o zika v�rus come�a a espalhar o p�nico, e j� levou dois pa�ses a desaconselhar, de forma in�dita, qualquer gravidez.
H� tr�s meses, quando as primeiras informa��es sobre uma rela��o entre o v�rus e a microcefalia, uma anomalia cong�nita rara, apareceram no Brasil, Jacinta Silva G�es descobria que estava esperando seu terceiro filho.
"Tenho muito medo", contou � AFP esta empregada dom�stica de S�o Paulo, que n�o sabe como se proteger do mosquito tigre, vetor do v�rus.
"Por enquanto eu n�o estou usando repelente porque o m�dico n�o me disse nada, ele n�o me falou do zika. Como ele n�o me disse o que fazer, n�o posso decidir por mim mesma j� que pode ser perigoso para o beb�", afirma a mulher de 39 anos.
Na regi�o, o temor face ao v�rus levou � fumiga��o do maior cemit�rio de Lima mas tamb�m a recomenda��es espetaculares das autoridades da Col�mbia e El Salvador: n�o engravidar.
O vice-ministro salvadorenho da Sa�de, Eduardo Espinoza, sugeriu na quinta-feira �s mulheres em idade f�rtil de "planejar a gravidez e evit�-las este ano e no pr�ximo". Cerca de 4.000 casos de infec��o do v�rus foram registrados em 2015, e 1.561 desde o in�cio de janeiro, segundo Espinoza.
O governo colombiano aconselha evitar qualquer gravidez nos pr�ximos seis meses, um an�ncio que virou alvo de cr�ticas nas redes sociais e na imprensa.
A infec��o por si s� parece inofensiva: n�o contagiosa, ela se manifesta por sintomas gripais (febre, dor de cabe�a, dores no corpo) com erup��es cut�neas. Em 80% dos casos, a doen�a, muito raramente mortal, passa despercebida.
- Brasil, pa�s mais afetado -
O perigo existe para as mulheres gr�vidas e o beb�. Ap�s meses de especula��es, cientistas brasileiros confirmaram nesta semana que o v�rus se transmite de m�e para filho por meio da placenta.
O zika v�rus desembarcou no continente ano passado e se propagou rapidamente na regi�o onde o mosquito tigre, que transmite tamb�m a dengue e o chikungunya, � onipresente, segundo Sylvain Aldighieri, chefe do departamento de doen�as transmiss�veis da Organiza��o Pan-americana de Sa�de (OPAS).
Segundo a OPAS, 18 pa�ses da Am�rica Latina e do Caribe confirmaram a presen�a do v�rus no territ�rio. O mais afetado � o Brasil, que n�o comunica o n�mero de pessoas afetadas, mas os casos de microcefalias que poderiam estar ligados.
Estranhamente, enquanto o v�rus se propagava, os casos de microcefalia se multiplicaram: por enquanto, n�o h� nenhuma evid�ncia cient�fica da rela��o entre os dois, mas os especialistas est�o alarmados com o n�mero de casos suspeitos desta malforma��o cong�nita, prejudicial para o desenvolvimento intelectual.
Eles chegam a quase 3.900 no Brasil, contra 1.248 em novembro passado, e apenas 147 em rela��o ao ano de 2014.
O v�rus ataca a Col�mbia, com 13.500 pessoas afetadas (e uma centena de casos de microcefalia), El Salvador (5.561 doentes) e Honduras (608). Algumas dezenas de casos s�o relatados em outros pa�ses.
Os cientistas tamb�m est�o investigando uma poss�vel liga��o entre o zika e s�ndrome de Guillain-Barr�, que causa paralisia que pode ser irrevers�vel.
- Viagens desaconselhadas -
A preocupa��o chegou aos Estados Unidos, que recomendam que as mulheres gr�vidas evitem viajar para 14 pa�ses da Am�rica Latina e do Caribe.
Em Paris, Emilie Goldman escolheu, por prud�ncia, cancelar sua viagem � Bahia. Seu primeiro filho deve nascer em abril.
"Na Fran�a n�o se falava sobre isso", conta a mulher de 33 anos. "Mas comecei a falar com algumas pessoas, alguns m�dicos, para saber as repercuss�es e me dei conta que, para uma semana de f�rias, n�o valeria a pena correr tantos riscos".
O governo colombiano procura tranquilizar a popula��o: "a rela��o entre a microcefalia, Guillain-Barr� e o zika v�rus ainda � apenas uma suspeita, e n�o uma certeza, ainda n�o h� estudos aprofundados sobre o assunto", explicou o vice-ministro da Sa�de, Fernando Ruiz.
Mas o pa�s prev� mais de 600.000 casos do v�rus para 2016.