Em 19 de janeiro de 1976, um ent�o pr�-candidato � presid�ncia pouco conhecido nos Estados Unidos, Jimmy Carter, venceu as prim�rias do Iowa, depois de promover uma intensa campanha neste estado que tem um papel b�sico no processo eleitoral americano.
� neste estado rural do meio-oeste, com uma popula��o de 3,1 milh�es de pessoas espalhadas entre o milho e a soja crescendo por uma �rea um pouco maior que a da Gr�cia, que os 15 pr�-candidatos para democratas e republicanos v�o concentrar suas for�as.
Iowa n�o realiza prim�rias, como acontece com a maioria dos estados.
Ao inv�s disso, opta pelo "caucus" ou comit� eleitoral - um nome de origem ind�gena, assim como o nome do estado -, que designa por diferentes etapas os delegados de um estado �s conven��es republicana e democrata que indicar�o seus candidatos respectivos �s elei��es presidenciais.
Os "caucus" de Iowa ganharam import�ncia nos anos 70, com o in�cio da cobertura em massa dos canais de televis�o.
S�o pequenas assembleias eleitorais realizadas em escolas ou outros locais p�blicos e durante as quais os participantes, essencialmente militantes, designam delegados entre os candidatos em disputa.
Apesar das frustra��es com o sistema em si, as apostas em Iowa s�o altas e fundamentais para o processo eleitoral do pa�s.
Foi em Iowa que Hillary Clinton lan�ou sua campanha presidencial em 2007. E, em abril do ano passado, percorreu o estado depois de anunciar sua nova candidatura.
Ted Cruz j� realizou 91 com�cios l�. O recorde pertence ao ex-senador Rick Santorum, com 209 com�cios em 73 dias de campanha no Iowa.
No total, de acordo com o jornal Des Moines Register, os candidatos j� participaram de mais de 1.200 eventos desde o in�cio do ano, 10 vezes mais que na Calif�rnia, segundo o National Journal.
"Foi um crescimento puramente acidental", observa o professor de ci�ncias pol�ticas Dennis Goldford, coautor do livro "The Iowa Precinct Caucuses".
"Iowa n�o � o primeiro porque � importante; Iowa � importante simplesmente porque � o primeiro", conclui.
Pequena participa��o
Em 1972, o Partido Democrata abriu o processo de prim�rias e programou a conven��o nacional para indicar o candidato para julho.
Os organizadores do comit� democrata de Iowa, precisando de tempo para aplicar seu complicado sistema, passou a frente de New Hampshire, que abria o processo para a indica��o do candidato por d�cadas. Os republicanos de Iowa seguiram o exemplo em 1976.
Poucos perceberam a mudan�a at� que a vit�ria surpreendente de Carter em Iowa o ajudou em sua campanha para a presid�ncia.
Orgulhosos da influ�ncia e exposi��o, os legisladores estaduais aprovaram uma lei que garante que Iowa vota oito dias antes de muitos outros estados, incluindo New Hampshire.
Entre os democratas, Hillary Clinton supera Bernie Sanders nas pesquisas em Iowas. Entre os republicanos, os mais populares s�o o conservador Ted Cruz e o bilion�rio Donald Trump.
Mas os resultados em Iowa s�o, historicamente, imprevis�veis. Em 2012, metade dos republicanos s� definiu seu candidato nos �ltimos dias, segundo pesquisas no dia do caucus.
Alguns conseguem vencer em Iowa, mas depois n�o conseguem manter o sucesso em n�vel nacional, como aconteceu com os republicanos Santorum em 2012 e Mike Huckabee quatro anos antes.
Outros pr�-candidatos conquistam vit�rias simb�licas, como o na �poca azar�o Barack Obama, que conseguiu um resultado espetacular contra Hillary Clinton em 2008 em Iowa, o que catapultou seu sucesso at� a Casa Branca.
Analistas concordam que a vota��o prematura em Iowa ajuda a abrir o caminho e for�a os candidatos menos vi�veis a abandonar a disputa.
Nenhum candidato conseguiu vencer a indica��o de seu partido sem terminar entre os tr�s primeiros em Iowa, com exce��o do republicano John McCain em 2008, que ficou em quarto lugar, mas muito pr�ximo da terceira posi��o.
No lado republicano, o filtro tem um forte componente conservador. Mais da metade dos que votaram em 2012 eram crist�o evang�licos.
Apenas os eleitores mais comprometidos participam nos caucus, que exigem compromissos com hor�rios e, �s vezes, acontecem em meio a invernos rigorosos.
"Para levar as pessoas aos caucus em uma noite fria, voc� tem que torcer para que a bab� apare�a, que o carro funcione e que n�o aconte�a uma nevasca", afirma Goldford.
A participa��o costuma ser menor que em outros estados - apenas 20% em 2012 e 40% durante o confronto Clinton-Obama de 2008.
O resultado de um dos eventos pol�ticos mais importantes do ano, que tem consequ�ncias globais, � definido por 200.000 a 300.000 eleitores.