A epidemia de zika, aparentemente benigna, mas suspeita de causar m�-forma��o cong�nita, "se propaga de maneira explosiva" no continente americano, alertou nesta quinta-feira a diretora global da OMS, anunciando uma reuni�o do comit� de emerg�ncia em 1� de fevereiro.
"O v�rus foi detectado ano passado na regi�o das Am�ricas, onde se propaga de maneira explosiva", afirmou Margaret Chan durante uma reuni�o de informa��es para os Estados-membros da Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS) em Genebra.
"Atualmente, casos foram notificados em 23 pa�ses e territ�rios na regi�o. O n�vel de alerta � extremamente alto", acrescentou.
Frente a gravidade da situa��o, Chan decidiu convocar um comit� de emerg�ncia em 1� de fevereiro. Os especialistas v�o decidir se a epidemia constitui "uma urg�ncia de sa�de p�blica de n�vel internacional", informou a OMS em um comunicado.
A organiza��o est� particularmente preocupada com "uma potencial dissemina��o internacional".
A OMS tamb�m teme uma "associa��o prov�vel da infec��o com m� forma��o cong�nita e s�ndromes neurol�gicas", mas tamb�m "pela falta de imunidade entre a popula��o nas regi�es infectadas" e a "falta de vacinas, tratamentos espec�ficos e testes de diagn�stico r�pidos".
Segundo Chan, "a situa��o decorrente do El Nino (fen�meno clim�tico particularmente poderoso desde 2015) deve fazer aumentar o n�mero de mosquitos este ano".
Como a dengue e o chikungunya, zika, cujo nome vem de uma floresta de Uganda onde foi identificado pela primeira vez em 1947, � transmitido atrav�s da picada do mosquito Aedes aegypti ou Aedes albopictus (mosquito tigre).
- Cerca de 1,5 milh�o de casos no Brasil -
"Epidemias de grande propor��o podem ocorrer em cidades numa escala mundial", alertou a OMS em sua conta no Twitter.
Na Am�rica Latina, o pa�s mais afetado pelo zika � o Brasil, com cerca de 1,5 milh�o de casos, segundo a OMS. Nesta quinta-feira, Honduras anunciou ter registrado mais de 1.000 casos de zika desde dezembro.
"Podemos esperar entre tr�s a quatro milh�es de casos" sobre o continente americano, declarou em Genebra um alto funcion�rio da Organiza��o Mundial da Sa�de para a regi�o, Marcos Espinal.
Em coletiva de imprensa, outro respons�vel da OMS, Sylvain Aldighieri, explicou que estes n�meros deveriam ser atingidos num "per�odo de doze meses". Entretanto, a epidemia continua muito subestimada, j� que a maioria dos casos apresentam sintomas moderados, garantiu � AFP um porta-voz da organiza��o, Christian Lindmeier.
Mesmo que ainda n�o tenha sido confirmada uma rela��o direta entre v�rus e complica��es - como a microcefalia e a s�ndrome de Guillain-Barr� -, diversos pa�ses como Col�mbia, El Salvador e Jamaica j� lan�aram apelos �s mulheres para que n�o engravidem.
A ministra francesa da Sa�de, Marisol Touraine, recomendou "fortemente" nesta quinta-feira �s mulheres gr�vidas de adiar eventuais viagens �s Antilhas ou na Guiana Francesa (Am�rica do Sul).
Nos Estados Unidos, os Institutos Nacionais da Sa�de (NIH, na sigla em ingl�s) informaram que um estudo recente publicado na revista m�dica brit�nica The Lancet explica que o v�rus poderia se propagar ao longo das costas leste e oeste do pa�s durante os meses quentes, e chegar at� mesmo ao meio-oeste americano.
E duas companhias a�reas da Am�rica Latina, Latam e Sky, propuseram reembolsar as mulheres gr�vidas que compraram ingressos para as �reas afetadas pelo v�rus. Decis�es semelhantes foram anunciadas quarta-feira pelas companhias a�reas Delta e American Airlines.
Por enquanto, a OMS continua prudente. "N�o sabemos se este v�rus pode ultrapassar a barreira da placenta", ressaltou Espinal. E Bruce Aylward, n�mero dois da organiza��o, explicou � imprensa que a OMS n�o pode recomendar �s mulheres de n�o engravidarem por tratar-se de uma decis�o pessoal.
Se as s�ndromes s�o mais frequentemente do tipo gripal (febre, dor de cabe�a, dores no corpo), entre as mulheres gr�vidas o zika pode ser transmitido ao feto e levar a malforma��es cong�nitas, tais como a microcefalia, uma diminui��o do per�metro craniano que altera o desenvolvimento intelectual, at� mesmo � morte.
A OMS pediu a intensifica��o do combate ao mosquito (elimina��o ou modifica��o dos locais de reprodu��o) e a diminui��o das possibilidades de contatos entre estes insetos e o ser humano.
Para alcan�ar este objetivo, a organiza��o recomenda aplicar repelentes, vestir roupas (de prefer�ncia de cor clara) que cubram o corpo, fechar as portas e janelas e dormir sob mosquiteiros.
"Tamb�m � importante esvaziar, limpar ou cobrir todos os recipientes que possam acumular �gua, de modo a eliminar os lugares onde os mosquitos possam procriar", alertou a OMS.