O papa Francisco pediu nesta ter�a-feira aos religiosos mexicanos que n�o se resignem � viol�ncia, ao tr�fico de drogas e � corrup��o, em uma missa celebrada em Michoacan, estado ocidental aterrorizado h� anos pelo cartel Cavaleiros Templ�rios.
"Que tenta��o pode vir de ambientes muitas vezes dominado pela viol�ncia, a corrup��o, o tr�fico de drogas?", questionou o papa em uma missa festiva diante de milhares de religiosos e seminaristas.
"Confrontados com esta realidade podemos ser vencidos por uma das armas favoritas do diabo: a resigna��o", disse ele.
Outras trezentas mil pessoas acompanhavam a cerim�nia fora do recinto em Morelia, capital de Michoac�n (oeste), durante muito tempo considerado um reduto do narcotr�fico.
A "resigna��o n�o s� nos atemoriza, mas nos entrincheira em nossas sacristias e aparentes seguran�as", sustentou o papa em um estado com forte tradi��o religiosa.
Pouco antes, dezenas de milhares de pessoas, a maioria sacerdotes, freiras e seminaristas, receberam Francisco com canto e dan�a em um est�dio abarrotado.
Depois da cerim�nia com os religiosos, Francisco embarcou no papam�vel para percorrer as ruas coloniais de Morelia, onde milhares de fi�is o saudavam agitando bandeiras e bal�es brancos e amarelos, as cores do Vaticano.
"Tomara que com a sua b�n��o, Deus tenha piedade de n�s e que esta gente do tr�fico ou�a e entenda esta mensagem", disse Alfredo Vazquez, funcion�rio municipal de 53 anos, ap�s a missa.
Menos otimista, Rosa Garc�a, uma dona de casa de 60 anos, comentou: "Eu b�o acho que isto v� mudar muito sozinho porque o papa veio. Pode mandar muitas mensagens de paz, mas os criminosos com certeza n�o escutam, eles fazem dinheiro f�cil e n�o v�o deix�-lo".
� tarde, Francisco fez uma r�pida visita � majestosa catedral de Morelia para um encontro com 600 crian�as com as quais fez uma ora��o antes de ouvir um coro infantil da localidade.
"Continuem sendo criativos, procurando a beleza e nunca se deixem pisar por ningu�m", disse o pont�fice �s crian�as do coral.
A visita do papa a Michoac�n, no quarto dia de sua viagem apost�lica ao M�xico, ocorre em meio a um forte esquema de vigil�ncia, em uma regi�o onde em 2013 um sacerdote chegou a ter que celebrar a missa usando colete � prova de balas.
Com amea�as que inclusive resultaram em mortes, Michoac�n � um dos estados mais perigosos para os padres mexicanos, que n�o fugiram da viol�ncia dos cart�is da droga.
Cerca de 40 padres, seminaristas e leigos religiosos foram assassinados na �ltima d�cada no M�xico.
A viol�ncia exercida pela Fam�lia Michoacana e o segregado cartel dos Cavaleiros Templ�rios, neste estado, levou em 2013 a que camponeses formassem mil�cias para se defender destes bandos criminosos, que extorquiam, sequestravam e matavam em diferentes comunidades.
Nos primeiros dias de sua visita ao M�xico, Francisco denunciou o narcotr�fico e a corrup��o em mensagens destinadas � classe pol�tica e aos bispos.
O papa pediu aos sacerdotes e freiras a se arriscarem para transformar a realidade violenta e evitar se tornarem "empregados" ou "funcion�rios" da empresa de Deus.
Francisco usou o cajado de Vasco de Quiroga, primeiro bispo de Michoac�n, que durante a �poca da col�nia dedicou sua vida aos ind�genas pur�pechas da regi�o, que lhe deram o nome de "Tata Vasco".
Na cerim�nia, Francisco lembrou que Vasco de Quiroga encontrou "�ndios vendidos, humilhados e vadios", e usou o caso como exemplo.
Longe de lev�-los � tenta��o da resigna��o, "moveu sua f�, moveu sua vida, moveu sua compaix�o" e fez propostas que foram "um respiro diante desta realidade t�o paralisante e injusta".
"Tenho f� que ap�s a visita do papa as coisas v�o mudar, que vamos perceber que a viol�ncia n�o � o caminho", declarou Jos� Rodr�guez, um trabalhador migrante que viajou para ver o papa de Los Angeles, Calif�rnia (EUA).
Em setembro de 2006, Michoac�n foi not�cia quando cinco cabe�as humanas apareceram em um bar de Uruapan, na subregi�o de Tierra Caliente, com a seguinte mensagem: "Esta � a justi�a divina", assinada pela Fam�lia Michoacana.
O grupo criminoso criou uma "b�blia" que mescla "den�ncia social, auto-ajuda e pinceladas crist�s", onde estabelece que seus membros n�o podem consumir �lcool ou drogas, lembra Jaime Rivera, da Universidade Michoacana.
No final de 2010, o cartel se reinventou, adotando o nome de Os Cavaleiros Templ�rios, e tendo como s�mbolo a cruz vermelha das cruzadas cat�licas. Os Templ�rios constru�ram altares e dedicadas a seu ex-l�der El Chayo, "San Nazario" (morto em 2014), a quem veneram com ora��es.
