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Estado de Minas

Cinema regional de Brasil e Argentina leva vozes aut�nticas a Berlim


postado em 19/02/2016 15:55

Da Amaz�nia brasileira � Mesopot�mia argentina, um cinema 100% regional em busca de vozes aut�nticas emergiu nesta 66� Berlinale, em uma �poca de produ��es multinacionais que miram comercialmente um mercado global.

Cada vez � mais dif�cil definir a origem de um filme, entre coprodu��es de m�ltiplos pa�ses, diretores, atores, v�rios cen�rios, onde o universal que assegura uma suculenta bilheteria vai �s vezes em detrimento do aut�ntico.

O ator franc�s Gerard Depardieu, que apresentou dois filmes em Berlim, lan�ou esta problem�tica nesta sexta-feira ao lamentar - em refer�ncia ao indicado ao Oscar "O Regresso" - os filmes "cada vez mais aned�ticos e falsos" filmados no "fabuloso conforto" das superprodu��es.

Talvez seja por isso - ao menos nos festivais - que se v� emergir um cinema de diretores � escuta do regional com atores e sensibilidade local.

Miscigena��o e bissexualidade no Amazonas

Desde Werner Herzog, o Amazonas fascina os cineastas com resultados diversos e "O Abra�o da Serpente", levou o o colombiano Ciro Guerra este ano � Berlinale, dias antes da defini��o dos indicados ao Oscar.

Longe do tapete vermelho, "Antes o tempo n�o acabava", de S�rgio Andrade e F�vio Baldo, filma a Amaz�nia sob um enfoque deliberadamente humano e local.

"Acredito que � importante mostrar o Amazonas de nossa pr�pria perspectiva", disse � AFP S�rgio Andrade, nascido em Manaus em 1967.

O filme conta as aventuras do ind�gena Anderson (Anderson Tikuna) na zona de separa��o de dois mundos, o tradicional de sua tribo - com seus ritos e supersti��es, nem sempre benignos - e o da cidade devoradora de indiv�duos, com suas tenta��es e suas oportunidades.

Anderson conhecer� o sexo casual com um mesti�o que conhece em uma discoteca e o amor heterossexual com uma mulher branca.

"O filme � um interc�mbio de desejos entre um �ndio que quer experimentar o mundo urbano branco e os brancos que t�m uma simpatia com a causa ind�gena, outros que a exploram e que a burocratizam", disse Andrade.

F�bio Baldo, codiretor paulista, explicou que sua preocupa��o era "n�o tratar o personagem de forma ex�tica e estereotipada". "Tentamos mostrar a humanidade do personagem, nessa zona de transi��o entre tradi��o e modernidade", continuou.

Em uma din�mica similar, Baldo prepara um filme sobre os agricultores do Estado de S�o Paulo amea�ados pela agroind�stria. Andrade, outro sobre o Amazonas e a terra dos ind�genas cobi�ada pelos grandes conglomerados.

Tradi��o e ruralidade amea�adas

Uma ruralidade apegada �s tradi��es, mas igualmente amea�ada, � o sens�vel e inquietante clima que se desenvolve em "La Helada Negra" (A Geada Negra), longa-metragem de Maximiliano Schonfeld, que j� havia abordado o tema em "Germania" (2013).

Na prov�ncia de Entre Rios, as planta��es de agricultores de origem alem� instalados ali h� gera��es se veem amea�adas por devastadoras geadas, que a presen�a de uma misteriosa jovem parece ajudar a neutralizar.

Protagonizada por Lucas Schell e um elenco de outros habitantes da localidade de Valle Mar�a, a 60 km de Crespo, cidade natal de Schonfeld, o filme explora a sobreviv�ncia deste grupo e um entorno quase apocal�ptico e a esperan�a que gera a apari��o de Alejandra, interpretada pela brasileira Ail�n Salas, figura deliberadamente ex�tica nos set.

A premissa de Schonfeld � que "s�o os lugares, neste caso a planta��o e as pessoas, que te dizem como devemos film�-los, e de que maneira".

Para o casting, ele viajou por aldeias e povoados antes de armar o "tecido" do filme, resultado de um di�logo "baixo e sereno" com o mundo que se disp�e a filmar. "Penso que a alma n�o se deixa ver t�o facilmente, deve-se ter paci�ncia e sobretudo trabalhar muito".

Seu filme tem uma proje��o m�stica e proclama a validade da tradi��o como resposta de sobreviv�ncia. A salva��o, estima Schonfeld, chega da m�o da esperan�a, da f� e do conhecimento gerado ao longo do tempo. No �mbito urbano, destaca, "as tradi��es n�o desaparecem, mas v�o ocupando camadas mais complexas na vida das pessoas".

Ap�s o sucesso que representou sua presen�a na se��o Panorama da Berlinale, o diretor tem em mente novos projetos. Mas s� revela at� o momento um par de imagens: "dois homens com uma hist�ria de amor proibido, um povoado e luzes de �vnis".


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