O presidente americano, Barack Obama, apoiou nesta quarta-feira, em Buenos Aires, o empenho de Maur�cio Macri para que a Argentina retome seu papel na regi�o e no mundo, ap�s uma d�cada de atritos com os governos de centro-esquerda dos Kirchner.
"Percebemos as mudan�as, o mundo tamb�m se deu conta. Com o presidente Macri, Argentina est� retomando seu papel tradicional de lideran�a na regi�o e no mundo", disse Obama em coletiva de imprensa, ao lado de Macri, na Casa Rosada.
Obama disse que "Estados Unidos e Argentina podem ser fortes parceiros globais para promover os valores universais que compartilhamos", disse Obama ao iniciar uma visita de dois dias � terceira economia latino-americana.
Macri � um liberal e pr�-mercado, ant�tese dos governos Cristina e N�stor Kirchner (entre 2003 e 2015) que enfatizaram o papel do Estado com regula��o da iniciativa privada. O presidente argentino agradeceu a Obama por ele ter liberado os arquivos militares e de intelig�ncia nos EUA sobre a �ltima ditadura argentina (1976-1983).
"Agora que se comemora (na quinta-feira) 40 anos do golpe militar que consolidou o cap�tulo mais obscuro de nossa hist�ria, quero agradecer � libera��o dos arquivos (que at� ent�o eram considerados confidenciais)", disse Macri.
Organismos de direitos humanos solicitaram a libera��o a Washington. Embora os Estados Unidos tenham tornado milhares de documentos p�blicos em 2002, ainda faltam arquivos.
Obama prestar� uma homenagem aos milhares de v�timas da ditadura na quinta-feira em uma visita ao Parque da Mem�ria.
"Um gesto de amizade"
"Estamos impressionados com o trabalho de Macri em seus primeiros cem dias", disse Obama a seu colega argentino.
Macri disse que a visita de Obama � interpretada "como um gesto de amizade frente a uma nova mudan�a na Argentina. "Compartilhamos valores profundos, respeito pelos direitos humanos, pelas liberdades individuais, pela democracia, pela justi�a e pela paz", acrescentou.
Macri afirmou tamb�m que compartilha com Obama a vis�o sobre os desafios do s�culo XXI, que ser� "o do conhecimento, a tecnologia, a inova��o, o empreendedorismo". "Sua lideran�a � muito inspiradora por empreender mudan�as com aud�cia e convic��o", disse o presidente argentino a Obama.
Ao resumir os acordos assinados na quarta-feira em Buenos Aires, o presidente argentino destacou o de "potencializar o interc�mbio em educa��o, ci�ncia e tecnologia, a cria��o de trabalho, est�mulo ao com�rcio e os investimentos", al�m do combate ao crime organizado e � lavagem de dinheiro.
Ambos os governos assinaram uma declara��o conjunta em apoio � OEA e ao sistema interamericano de direitos humanos.
"Fizemos uma autocr�tica"
Acompanhado por sua esposa Michelle, suas filhas Sasha e Malia e sua sogra, Obama chegou a Buenos Aires depois de uma visita hist�rica a Cuba, onde prop�s apagar as marcas da Guerra Fria.
Na Argentina, onde n�o se percebe qualquer como��o contra ou a favor a sua presen�a, esperava-se que o presidente americano admitisse o papel dos Estados Unidos no sanguin�rio regime militar, estabelecido h� quatro d�cadas. Obama n�o cumpriu o esperado, mas disse que os EUA fizeram uma autocr�tica pela quest�o dos direitos humanos nos anos 70. "Fizemos uma autocr�tica", afirmou.
Paralelamente, o Vaticano confirmou nessa quarta-feira que em poucos meses abrir� os arquivos relativos � �ltima ditadura argentina por desejo do papa Francisco.
Centenas de organiza��es humanit�rias, sindicais e sociais protestar�o nessa quinta-feira para repetir o 'nunca mais' � ditadura e contra o acordo de pagamento proposto por Macri para saldar uma d�vida bilion�ria com financistas conhecidos como "fundos abutres".
Grupos menores de esquerda protestaram nessa quarta-feira contra a presen�a de Obama.
Olhar para frente
Macri receber� Obama nessa quarta-feira para um jantar no Centro Cultural Kirchner, una de las �ltimas obras p�blicas inauguradas pela ex-presidente.
"Acho que a Argentina � um bom exemplo de uma mudan�a que ocorreu nas rela��es dos EUA com outros governos e outros pa�ses em geral", disse Obama � rede CNN.
Ap�s elogiar Macri como "um presidente que reconhece que estamos nessa era" e que "olha para frente", afirmou que embora tenha tido uma rela��o cordial com Kirchner durante eventos do G-20, "suas pol�ticas de governo eram sempre antiamericanas".
A visita de Obama � a primeira de um presidente americano � Argentina desde a ida de George W. Bush em 2005 durante � C�pula das Am�ricas, que enterrou o projeto de uma �rea de Livre Com�rcio entre as Am�ricas (Alca).