Seis anos depois de um acidente que o deixou completamente paralisado, um americano pode agora utilizar a m�o para agitar o seu caf� ou pegar um objeto, gra�as a um software, relata um estudo publicado nesta quarta-feira na revista Nature, um avan�o que d� esperan�a a milh�es de pessoas em todo o mundo.
"Esta � a primeira vez que uma pessoa completamente paralisada consegue realizar um movimento usando apenas seus pr�prios pensamentos", declarou em uma coletiva de imprensa Chad Bouton do Feinstein Institute for Medical Research nos Estados Unidos, co-autor do estudo.
Chad Bouton e uma equipe de cientistas americanos criaram um sistema chamado NeuroLife que � capaz de restaurar a comunica��o entre o c�rebro e os m�sculos sem passar pela medula espinhal.
Ian Burkhart, um americano de 24 anos, � tetrapl�gico h� seis anos, desde um acidente de nata��o que danificou sua medula espinhal.
"Os m�dicos me disseram que a melhor coisa que eu poderia fazer seria mover meus ombros, e nada mais pelo resto da minha vida", explicou Ian Burkhart na mesma entrevista coletiva organizada na ter�a-feira, um dia antes do an�ncio oficial.
Em abril de 2014, os m�dicos transplantaram um chip de computador (menor que uma ervilha) no c�rtex motor do c�rebro.
Este chip transmite os pensamentos do paciente para um computador que decodifica e envia os comandos do c�rebro para uma s�rie de pulseiras que estimulam eletricamente os m�sculos do bra�o.
Os cientistas trabalham h� mais de 25 anos na tradu��o do pensamento em a��o atrav�s de softwares: eles mostraram que seria poss�vel, sem sequer piscar, escrever em uma tela, ou mover um rob� em forma de bra�o articulado para beber caf�, como o fez em 2012 uma mulher que ficou tetrapl�gica ap�s um acidente vascular cerebral (AVC).
Em 2014, provaram que um macaco podia, atrav�s do pensamento transmitido a eletrodos, mecherr o bra�o de um outro primata temporariamente paralisado por anestesia.
15 meses de reeduca��o
"N�s procuramos decifrar os sinais no c�rebro que s�o especificamente associados aos movimentos da m�o", explicou Chad Bouton. "As �reas do c�rebro respons�veis pelo movimento est�o intactas, mas os sinais chegam a uma medula espinhal lesada, sendo completamente bloqueados e impedidos de alcan�ar os m�sculos".
Em junho de 2014, dois meses ap�s o implante do chip, Ian Burkhart j� era capaz de abrir e fechar a m�o apenas pensando neste movimento, mesmo com os m�sculos enfraquecidos porque n�o terem sido usados por um longo per�odo de tempo.
Ap�s 15 meses de reabilita��o, com tr�s sess�es semanais, o paciente j� era capaz de pegar uma garrafa e despejar o seu conte�do em um frasco. Tamb�m podia segurar um telefone ao ouvido, mexer o caf�, pegar uma colher. Ele agora toca guitarra atrav�s de um videogame.
"Isso realmente abre muitas portas para movimentos mais complexos", indicou Chad Bouton. "O que tentamos fazer � ajudar as pessoas a recuperar o controle sobre seu corpo".
Os pesquisadores tamb�m esperam passar a um sistema sem fim para que o paciente n�o fique coberto de cabos que, por agora, ligam as pulseiras de seu bra�o ao computador e ao chip de seu c�rebro.
"Para mim, estar em uma cadeira de rodas e ser incapaz de andar n�o � o pior", disse Ian Burkhart. "O pior � a perda de independ�ncia, o fato de precisar de outras pessoas". Uma autonomia que os tetrapl�gicos poderiam encontrar para gestos cotidianos.
"Por agora, estamos na fase cl�nica (...), mas � um sistema que pode ser usado fora do hospital, em casa, no exterior, e que poder� realmente melhorar a minha qualidade de vida", comemorou o jovem.