Um n�mero recorde de pa�ses, incluindo Estados Unidos e China, os maiores poluidores do mundo, assinaram nesta sexta-feira na ONU o hist�rico acordo para desacelerar o aquecimento global, negociado em dezembro passado em Paris.
Simbolicamente, o presidente franc�s, Fran�ois Hollande, foi o primeiro a assinar o acordo, entre os 175 pa�ses que j� assinaram.
"Nunca antes tantos pa�ses assinaram um acordo internacional em um �nico dia", comemorou o secret�rio-geral da ONU, Ban Ki-moon, saudando um "momento hist�rico".
China e Estados Unidos estiveram representados, respectivamente, pelo vice-premi� Zhang Gaoli e o secret�rio de Estado americano John Kerry. Este �ltimo assinou o acordo com sua neta em seus bra�os e foi muito aplaudido.
Os signat�rios desta sexta-feira representam mais de 93% das emiss�es de gases do efeito estufa, respons�veis pelo aquecimento global, de acordo com a ONG World Resources Institute.
"J� no ano passado, os investimentos em energias renov�veis registraram uma alta hist�rica, quase 330 bilh�es de d�lares. E espera-se investimentos de trilh�es de d�lares at� o final do s�culo", declarou Kerry nesta sexta-feira.
A assinatura � apenas o primeiro passo. O acordo entrar� em vigor apenas quando 55 pa�ses respons�veis por pelo menos 55% das emiss�es de gases do efeito estufa o ratificarem.
DiCaprio na tribuna
Antes de assinar, Hollande pediu ao mundo para traduzir o acordo em "atos", e desejou que a UE "d� o exemplo", ratificando o acordo de Paris "at� o final do ano". "Devemos nos mover rapidamente, ainda mais rapidamente", insistiu.
"O mundo est� nos assistindo (...) n�o precisamos de mais ret�rica, mais desculpas, mais manipula��o da ci�ncia e da pol�tica por empresas ligadas aos combust�veis f�sseis", como o petr�leo ou o carv�o, ressaltou, por sua vez, o ator e ambientalista Leonardo DiCaprio.
"Sim, n�s conclu�mos o Acordo de Paris, � um motivo de esperan�a, mas n�o � suficiente", ressaltou.
Sessenta chefes de Estado e de governo estavam presentes na sede da ONU para esta assinatura.
A presidente Dilma Rousseff, amea�ada por um processo de impeachment, evocou brevemente, ao final de seu discurso, a crise pol�tica no pa�s, expressando sua esperan�a de que os brasileiros v�o impedir qualquer "retrocesso" da democracia.
A sociedade civil tamb�m comemorou a assinatura. "Este � um momento que vai entrar para os livros de hist�ria, um ponto de curva para a humanidade para avan�ar na dire��o de uma economia 100% limpa", afirmou Michael Brune, diretor-executivo do Sierra Club, em um comunicado.
O n�mero de ao menos 175 pa�ses signat�rios em um dia � um recorde. O anterior datava de 1982, quando 119 pa�ses assinaram a Conven��o da ONU sobre direito mar�timo.
Abertura para a assinatura durante um ano
Ban Ki-moon, indicou que espera que os pa�ses concordem j� nesta sexta-feira em ratificar o acordo, a fim de "deixar claro para os governos e ao mundo dos neg�cios que � chegada a hora de intensificar as a��es sobre o clima".
Porque o tempo corre depressa. O �ltimo m�s foi o mar�o mais quente j� registrado, de acordo com os meteorologistas americanos. H� 11 meses, cada m�s tem batido um recorde de calor, uma s�rie in�dita em 137 anos de registro.
O acordo de Paris compromete seus signat�rios a limitar o aumento da temperatura "bem abaixo dos 2�C" e "continuar os esfor�os" para limitar o aumento a 1,5 �C. Este objetivo muito ambicioso requer um compromisso s�rio e centenas de bilh�es de d�lares para fazer a transi��o para as energias limpas.
O acordo permanecer� aberto por um ano aos 195 pa�ses que negociaram.
Treze pequenos pa�ses altamente vulner�veis �s mudan�as clim�ticas (Fiji, Tuvalu, Maldivas, Belize, Barbados e Samoa) disseram que estavam dispostos a ratificar o acordo j� nesta sexta-feira.
"O acordo de Paris deve salvar Tuvalu e salvar o planeta", declarou o primeiro-ministro de Tuvalu, um arquip�lago polin�sio, Enele Sosene Sopoaga.
Para atingir rapidamente a marca de 55 pa�ses/55%, ser� preciso que ao menos um ou dois dos grandes poluidores (Estados Unidos, China, Uni�o Europeia, R�ssia, �ndia) ratifique o acordo.
Pequim (respons�vel por 20% das emiss�es) e Washington (18%) se comprometeram a faz�-lo antes do final do ano.
Do lado americano, o acordo foi negociado para que o presidente Barack Obama n�o necessite da aprova��o do Congresso controlado pelos republicanos hostis ao texto.