O esporte preferido da esquerda sempre foi bater no neoliberalismo, doutrina defendida pelo Fundo Monet�rio Internacional e vista como impulsionadora da pobreza e da desigualdade.
Agora, essa vis�o vem do pr�prio FMI. Um artigo escrito por tr�s economistas da institui��o sugere que o receitu�rio neoliberal prescrito para o crescimento econ�mico sustent�vel em pa�ses em desenvolvimento pode ter efeitos nocivos de longo prazo.
A nova considera��o d� suporte � legi�o de cr�ticas em pa�ses como Portugal e Gr�cia, que t�m sofrido com as pol�ticas de austeridade previstas pelo FMI.
"Os benef�cios de algumas pol�ticas que s�o uma parte importante da agenda neoliberal parecem ter sido um pouco exagerados", disseram os economistas em um artigo na edi��o de junho da revista Finance & Development.
"Em vez de gerar crescimento, algumas pol�ticas neoliberais aumentaram a desigualdade, colocando em risco uma expans�o duradoura", argumentaram.
Os autores, tr�s membros do departamento de pesquisa do FMI, disseram que a abordagem tradicional para ajudar os pa�ses a reconstruir suas economias atrav�s de corte de gastos do governo, privatiza��o, livre com�rcio e abertura de capital podem ter custos "significativos" em termos de maior desigualdade.
"O aumento da desigualdade prejudica o n�vel e a sustentabilidade do crescimento", disseram.
"Mesmo que o crescimento seja o �nico ou principal objetivo da agenda neoliberal, os defensores dessa agenda devem prestar aten��o nos efeitos de distribui��o".
Embora os tr�s economistas reconhe�am pontos positivos na agenda neoliberal, eles destacam dois grandes problemas: a remo��o de todas as restri��es ao fluxo de capital e a rigidez or�ament�ria dos governos.
Os economistas reconhecem as vantagens da abertura de capital em pa�ses em desenvolvimento, mas dizem que o fluxo pode ser de um capital de curto prazo, causando grande volatilidade nos mercados e aumentando as chances de quebra.
Segundo os autores, de 150 casos desde a d�cada de 1980 de economias emergentes que tiveram um forte aumento dos fluxos de capital, 20% resultaram em crise financeira. Al�m disso, a abertura financeira geram um aumento consider�vel da desigualdade na popula��o do pa�s, alertaram.
As pol�ticas de austeridade, que frequentemente reduz o tamanho do Estado, n�o somente "gera custos sociais substanciais" mas tamb�m "prejudica a demanda", al�m de aprofundar o desemprego.