Dois dias ap�s o atentado em Nice, que fez 84 mortos, fam�lias enlutadas e sobreviventes expressavam seu sofrimento misturado � raiva, um sentimento compartilhado por muitas pessoas ap�s este novo ataque na Fran�a.
"Eu telefonei para todo mundo, delegacias, hospitais, recorri ao Facebook, mas n�o encontrei meu filho. J� faz 48 horas que eu o procuro. Minha esposa est� morta, meu filho, onde est�?", declarou Tahar Mejri, de 39 anos, ao sair do hospital infantil Lenval.
Este estabelecimento, onde trinta crian�as foram hospitalizadas quinta-feira � noite, criou uma unidade de apoio psicol�gico. V�rias outras c�lulas semelhantes foram estabelecidas em v�rias partes da cidade.
Desde o massacre, tr�s m�dicos e tr�s psic�logos se revezam no hospital Lenval de 9h00 �s 0h00. Mais de 50 fam�lias foram acolhidas no hospital, onde a v�tima mais jovem ainda hospitalizada tem apenas seis meses de vida.
A unidade psicol�gica do hospital continua a receber chamadas de pais � procura de uma crian�a desaparecida.
Mejri n�o consegue compreender por que o passeio p�blico "n�o foi fechado ao tr�fego" - na verdade o foi, em grande parte. "Quando h� este tipo de comemora��o, deve ser fechado. Havia idosos, beb�s... Isso n�o � normal. H� algo errado!", revoltou-se.
Algumas horas depois, sua busca terminou no hospital Pasteur, no norte da cidade. A terr�vel not�cia caiu como uma bomba: seu filho morreu. O homem grita sua dor ao sair do estabelecimento.
"Indigna��o e raiva"
Um homem que vive em uma comunidade perto de Nice faz companhia a sua filha de 13 anos e sua ex-esposa que assistiam na quinta-feira � queima de fogos de artif�cio.
"Esta � a primeira vez que elas saem de casa desde" o drama, disse � AFP. Elas estavam na parte antiga da cidade, ao lado da Promenade, quando viram "as pessoas correndo em p�nico em todas as dire��es dizendo que havia atiradores na cidade".
"Minha filha n�o consegue falar", afirma o homem.
"Precisamos ver algu�m", reflete um outro pai, que veio ao hospital infantil com sua esposa e duas filhas, uma adolescente e uma menina de cerca de seis anos. "Assistimos a tudo na quinta-feira, o caminh�o passou a 30 metros de n�s. Felizmente n�o nos ferimos", suspira o homem, ansioso para conversar com os especialistas.
Nas ruas de Nice, os habitantes expressavam seu descontentamento e raiva.
Na Promenade des Anglais, flores, velas e mensagens de condol�ncias. Nicole Autard veio mostrar "sua tristeza de todas as maneiras poss�veis".
"Por enquanto, n�s estamos apenas no medo, descontentes e com raiva", ela disse, ainda chocada com o modo de opera��o do assassino, o tunisino Mohamed Lahouaiej-Bouhlel, que lan�ou um caminh�o de 19 toneladas contra a multid�o na noite do feriado nacional.
Frente a este novo drama, que segue aos ataques de janeiro e novembro de 2015, ela diz sentir uma "enorme raiva" sem saber "contra quem dirigi-la".
A raiva tamb�m � muito vis�vel nas mensagens deixadas pelos transeuntes: "Chega de discurso!", "Chega de derramamento de sangue em nossas ruas!", "Parem a matan�a!".
Dani�le Rousseille tamb�m se diz "revoltada". "Queremos que isso pare", declarou a aposentada. Ela teme "uma guerra civil" e culpa claramente os "fan�ticos", "todas essas religi�es" que "nos dizem como devemos nos vestir" sem nomear diretamente o Isl�.
"Acolhemos a todos", lamenta Pierrette, uma de suas amigas, atacando claramente a imigra��o, em uma cidade onde o partido de extrema-direita Frente Nacional conquistou 36,09% dos votos no segundo turno das elei��es regionais, em Dezembro de 2015.
