Cientistas anunciaram na quarta-feira uma droga sint�tica que neutraliza a dor de forma t�o eficaz quanto a morfina, mas sem os efeitos colaterais que tornam os opioides t�o perigosos e viciantes.
Os m�todos de big data utilizados pelos pesquisadores tamb�m abriram um caminho promissor na inova��o de rem�dios, segundo um estudo publicado na revista cient�fica Nature.
Em experimentos com ratos, o novo composto ativou um caminho molecular conhecido no c�rebro que desencadeia a supress�o da dor.
Mas ao contr�rio da morfina e de outras drogas prescritas, como a oxicodona ou o oxycontin, o composto n�o ativou um segundo caminho que pode desacelerar ou bloquear a respira��o normal.
A supress�o respirat�ria causada por opioides resulta em cerca de 30.000 mortes por ano nos Estados Unidos, onde o consumo de opioides assumiu propor��es epid�micas.
A nova droga - apelidada PZM21 - n�o causou depend�ncia nos ratos de laborat�rio, que ficam viciados em morfina e medicamentos analg�sicos t�o facilmente quanto os seres humanos.
A PZM21, segundo os pesquisadores, oferece "analgesia de longa dura��o acoplada � elimina��o aparente da depress�o respirat�ria".
Uma terceira vantagem do novo composto, segundo eles, � que ele n�o causa constipa��o. Nos Estados Unidos, rem�dios que soltam o intestino bloqueado devido ao uso de opioides s�o anunciados na televis�o.
O �pio e seus derivados s�o utilizados para diminuir a dor (e gerar sentimentos de euforia) h� mais de 4.000 anos.
"As pessoas est�o procurando um substituto mais seguro para os opioides padr�o h� d�cadas" , disse Brian Shoichet, professor da Escola de Farm�cia da Universidade da Calif�rnia, em San Francisco, e um dos tr�s autores s�nior do estudo.
A maioria desses esfor�os tentaram ajustar a estrutura qu�mica da droga para eliminar os efeitos colaterais.
Shoichet e colegas da Universidade de Stanford, da Universidade da Carolina do Norte e da Universidade de Erlangen-Nuremberga na Baviera, Alemanha, fizeram uma abordagem radicalmente diferente.
Em dire��o � 'droga perfeita'
Em vez disso, a equipe ficou no chamado receptor de opioide no c�rebro, que desencadeia uma rea��o qu�mica que leva � supress�o da dor quando ativado.
Apenas uma mol�cula que "encaixasse" com sucesso no receptor - como uma chave girando uma fechadura - iria funcionar.
Mas para evitar a depend�ncia e a insufici�ncia respirat�ria, essa mesma mol�cula n�o deveria, como a morfina, encaixar com um segundo receptor que provoca essas rea��es indesejadas.
"Com as formas tradicionais de descoberta de drogas, voc� est� trancado em uma pequena caixa qu�mica", explicou Shoichet.
"Mas quando voc� come�a com a estrutura do receptor que voc� deseja alcan�ar, voc� pode jogar fora todas essas restri��es", acrescentou.
Usando simula��es de computador, os pesquisadores testaram tr�s milh�es de compostos dispon�veis comercialmente - e um milh�o de configura��es poss�veis para cada um - para ver quais se encaixavam melhor com o receptor.
Cerca de 2.500 mol�culas passaram no teste.
Depois de eliminar as que se assemelhavam muito aos opioides, sobraram 23.
E apenas um deles, mostrou uma an�lise mais aprofundada, ativou o "bom" caminho molecular sem desencadear o "mau".
"H� pouca d�vida de que a triagem computacional baseada na estrutura vai acelerar o ritmo de descoberta de drogas", comentou Brigitte Kieffer, professora do Departamento de Psiquiatria da Universidade McGill, na revista Nature.
A nova pesquisa, acrescentou, foi "um passo em dire��o � droga perfeita".
A PZM21 ainda tem muitos obst�culos a superar antes de aparecer nas prateleiras das farm�cias.
Primeiro, deve ser provado que a droga � segura para os humanos e eficaz em ensaios cl�nicos - um processo que normalmente leva at� uma d�cada.
Pesquisas futuras tamb�m v�o ter de determinar se os ratos - ou pessoas - desenvolvem uma toler�ncia � droga, fazendo-a perder sua pot�ncia analg�sica ao longo do tempo.