
O candidato do Partido Republicano, Donald Trump, venceu as elei��es presidenciais nos Estados Unidos, de acordo com os resultados provis�rios divulgados nesta quarta-feira. A candidata democrata Hillary Clinton j� ligou para Trump e deu os parab�ns pela vit�ria. A informa��o foi confirmada por ele, em seu primeiro pronunciamento como presidente eleito.
Donald Trump, um pol�mico empres�rio sem experi�ncia pol�tica, suceder� Barack Obama na Casa Branca, em uma como��o pol�tica que provocou a queda de mercados de todo o mundo. Em sua primeira mensagem como presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump disse na madrugada desta quarta-feira que ser� o presidente "de todos os americanos", e se comprometeu a tratar com justi�a todos os pa�ses. "Chegou o momento de os Estados Unidos fecharem as feridas da divis�o, devemos nos unir: aos republicanos, democratas e independentes desta na��o afirmo que � hora de uni�o", disse Trump.
Em uma mensagem � comunidade internacional, que acompanhou com apreens�o a elei��o americana, Trump disse: "Vamos tratar a todos com justi�a. Todos os povos e todas as na��es. Buscaremos terreno comum e n�o hostilidade; associa��o e n�o conflito".
Trump liderou uma divisiva campanha eleitoral na qual foi acusado de racismo e misoginia, e com uma ret�rica incendi�ria derrotou a ex-secret�ria de Estado Hillary Clinton, considerada favorita pelas pesquisas.
O pol�mico empres�rio de 70 anos ter� a companhia de Mike Pence como vice-presidente. Hillary telefonou para Trump na madrugada para reconhecer o resultado. No entanto, Hillary anunciou que n�o discursar� at� o fim das apura��es.
Cercado por seus familiares, o novo presidente americano disse que sua advers�ria, Hillary Clinton, o telefonou para felicit�-lo por sua vit�ria e disse que os Estados Unidos t�m uma "d�vida de gratid�o" com ela.
Um a um, ap�s meses de uma campanha repleta de insultos e ataques, o bilion�rio de 70 anos, conhecido por sua rede de hot�is cassinos, venceu nos estados-chave da Fl�rida, Pensilv�nia e Ohio, que optaram pelo pol�mico candidato republicano, acusado de ser xen�fobo e sexista, para suceder o democrata Barack Obama.
Os mercados financeiros, que tinham uma clara prefer�ncia pela candidata democrata Hillary Clinton, fecharam em forte queda na �sia e operavam em baixa na Europa.
Hillary Clinton, que sonhava em se tornar a primeira mulher presidente dos Estados Unidos aos 69 anos, tamb�m venceu em estados-chave, como Virginia e Nevada, al�m dos j� esperados Calif�rnia e Nova York.
Mas isto n�o foi suficiente. Para garantir a presid�ncia, o candidato precisava alcan�ar o n�mero m�gico de 270 votos no col�gio eleitoral, obtidos, na realidade, em 51 mini elei��es em cada estado e na capital, Washington. "Estou devastada, perdi a f� em meus compatriotas, n�o sei o que nos espera no futuro, me sinto perdida", afirmou Kate Kalmyka, uma advogada de 36 anos que acompanhava, indignada, os resultados em um bar de Nova York.
Bilion�rio
Nascido em 14 de junho de 1946 no bairro nova-iorquino do Queens, Trump � o quarto dos cinco filhos de Fred Trump, um construtor de origem alem�, e Mary MacLeod, uma dona de casa de proced�ncia escocesa. Casou-se em 2005 com Melania Trump. Antes disso, ele foi casado e se divorciou de Maria Trump e Ivana Trump. Com Melania, tem um filho chamado Barron. Com Maria, a filha Tiffany, com quem se reconciliou recentemente, depois de um relacionamento conturbado. Com Ivana, ele tem tr�s filhos, Eric, Ivanka e Donald, que ocupam fun��es de comando em suas empresas.
Fred Trump morreu aos 93 anos, em 1999, deixando para Donald uma fortuna de US$ 250 milh�es. Por�m, os bi�grafos consideram que Donald Trump j� era milion�rio 20 anos antes, quando iniciou a compra de v�rios edif�cios em Nova York. Essa foi uma fase ascendente da vida do empres�rio porque ele comprou, em 1983, um antigo pr�dio que depois se transformou no Trump Tower, e tamb�m o Trump Plaza, e v�rios cassinos em Atlantic City, no estado de Nova Jersey. (Com ag�ncias)
Divis�es
Poucas vezes nas �ltimas d�cadas uma elei��o presidencial americana foi disputada por dois candidatos t�o antag�nicos, com vis�es t�o distintas. A mensagem contra o "establishment" representado por Hillary Clinton e seu marido, o ex-presidente Bill Clinton, funcionou para o republicano.
Trump soube captar o mal-estar profundo com as institui��es e os pol�ticos tradicionais. "Votei em Trump e contra o sistema. Trump diz muitas bobagens porque ele n�o � um pol�tico, n�o est� adestrado. Mas o mais importante para o pa�s � o com�rcio, as rela��es internacionais e a economia. E as pessoas est�o quebradas, precisam de uma mudan�a", disse Abteen Daziri, de 38 anos e de origem iraniana.
Depois de 693 dias de drama, insultos e esc�ndalos, a campanha deixou uma popula��o profundamente dividida e exausta. De acordo com uma pesquisa recente, 82% dos americanos se declararam cansados.
Os dois candidatos eram como �gua e azeite: a advogada Hilarry Clinton � uma figura pol�tica h� 25 anos, detestada por metade dos americanos, que duvidam de sua honestidade. Esposa do ex-presidente Bill Clinton (1993-2001), foi primeira-dama, senadora e depois secret�ria de Estado do presidente Barack Obama.
Trump tamb�m soube interpretar como ningu�m os temores de uma classe m�dia branca frustrada em um mundo em muta��o. Com seu discurso anti-imigra��o, impulsivo e corrosivo, denunciado por v�rias mulheres que afirmaram ter sido apalpadas por ele, Trump marcou para sempre um estilo de fazer campanha pol�tica. A lideran�a do Partido Republicano praticamente deu as costas a ele.
A trajet�ria de Hillary Clinton como candidata democrata rumo � Casa Branca foi ofuscada pela investiga��o do FBI contra ela pelos e-mails enviados a partir de um servidor privado no momento em que era secret�ria de Estado.
O medo de uma vit�ria de Trump, que chamou os mexicanos de "estupradores" e "narcotraficantes" e que prometeu construir um muro nos 3.200 km de fronteira com o M�xico, al�m de deportar 11 milh�es de pessoas sem documentos no pa�s, mobilizou muitos latinos, a principal minoria do pa�s.
Mas a mobiliza��o n�o teve o efeito esperado por muitos, j� que o candidato republicano venceu na Fl�rida, que tem uma grande comunidade latina, em um golpe para as aspira��es de Hillary Clinton.
Os desafios s�o enormes e atualmente existe uma grande incerteza no cen�rio pol�tico e diplom�tico, como as rela��es com a R�ssia ou o envolvimento dos Estados Unidos no conflito da S�ria. Na economia, ele ter� que lidar com o Tratado Transatl�ntico de Com�rcio e Investimentos (TTIP) ou o TPP.
Outra inc�gnita diz respeito � normaliza��o das rela��es com Cuba, iniciada pelo democrata Barack Obama.
Maioria no Congresso
Os republicanos conquistaram a maioria no Senado nas elei��es de ter�a-feira e continuar�o controlando o conjunto do Congresso americano, algo muito importante para o presidente eleito Donald Trump.
Controlando a Casa Branca e o poder Legislativo, os republicanos ter�o a capacidade de anular as reformas do presidente Barack Obama e principalmente seu controverso programa de seguro-sa�de batizado de "Obamacare".
O controle do Senado, que se soma ao da C�mara de Representantes, tamb�m lhes permitir� controlar o processo indica��o dos funcion�rios governamentais de mais alto escal�o e dos ju�zes da Suprema Corte.
O Senado, um ter�o do qual foi renovado na ter�a-feira (34 membros), havia oscilado para o campo republicano em 2014, limitando consideravelmente a margem de manobra do presidente Obama.