O papa Francisco estendeu nesta segunda-feira uma concess�o dada durante o per�odo do Jubileu da Miseric�rdia anunciando que todos os padres poder�o absolver de forma indefinida o "pecado do aborto", tornando permanente uma medida tempor�ria.
Francisco tamb�m estabeleceu uma data para uma "Jornada Mundial dos Pobres".
"O Jubileu termina e a Porta Santa se fecha. Mas a porta da miseric�rdia do nosso cora��o ainda continua aberta", declarou o pont�fice argentino nesta carta endere�ada a quem quiser l�-la e intitulada "Misericordia et misera" (Miseric�rdia e piedade).
Repetindo que o perd�o de Deus n�o tem limites, ele pediu a todos os sacerdotes que sejam generosos em receber a confiss�o dos fi�is.
"Para que nenhum obst�culo se interponha entre o pedido de reconcilia��o e o perd�o de Deus, de agora em diante concedo a todos os sacerdotes, em raz�o de seu minist�rio, a faculdade de absolver a quem tenha procurado o pecado do aborto", escreveu o papa em uma carta apost�lica.
Ele prorroga, assim, uma disposi��o que havia sido planejada somente para o Jubileu, enquanto at� agora apenas os bispos e alguns sacerdotes especificamente determinados podiam absolver uma mulher que abortou ou uma pessoa que a ajudou.
"Enquanto o concedi em car�ter limitado, para o per�odo jubilar, agora o estendo no tempo", acrescentou.
"Quero enfatizar com todas as minhas for�as que o aborto � um pecado grave, porque p�e fim a uma vida humana inocente. Com a mesma for�a, no entanto, posso e devo afirmar que n�o existe nenhum pecado que a miseric�rdia de Deus n�o possa alcan�ar e destruir, ali onde se encontra um cora��o arrependido", disse ainda.
Ao mesmo tempo, o papa prorroga a miss�o dos "mission�rios da miseric�rdia", mil confessores presentes no mundo inteiro e encarregados, durante o Jubileu, de recuperar as ovelhas que a Igreja perdeu com mensagens de condena��o muito fortes.
O episcopado do Brasil, o maior pa�s cat�lico do mundo, saudou a "forte" e "significativa" decis�o do papa, igualmente comemorada pela ONG Cat�licas pelo direito de Decidir (CDD).
"O papa Francisco, com esta iniciativa, lembra a gravidade do aborto e o poder extraordin�rio da miseric�rdia divina capaz de curar todas as feridas humanas", declarou o secret�rio-geral da Confer�ncia Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Leonardo Ulrich Steiner, em um coment�rio enviado � AFP.
"Esta � uma excelente not�cia porque n�s consideramos que essa medida com uma data de expira��o n�o fazia sentido. Era uma coisa assustadora, porque abria uma exce��o para, em seguida, culpabilizar novamente as mulheres, quando o que elas precisam � de compreens�o e apoio, e n�o condena��o", disse � AFP a coordenadora da CDD no Brasil, Rosangela Talib.
A Arquidiocese Primaz do M�xico, segundo pa�s com mais cat�licos no mundo, qualificou como "muito positiva" a decis�o do papa Francisco de ampliar a capacidade dos sacerdotes para absolver "o pecado do aborto".
Assim, as mulheres que vivem "esse calv�rio" do aborto, poder�o agora fazer mais facilmente "esse ato de grande arrependimento e reconcilia��o com Deus", disse � AFP Hugo Aldemar, porta-voz da Arquidiocese mexicana.
"A medida anterior fazia enxergar a gravidade do pecado do aborto", agora, com a decis�o do Papa, "facilita muito aliviar o drama das mulheres que enfrentam essa trag�dia e que sentem uma grande culpa, pois s�o conscientes de que acabaram com uma vida", completou Aldemar.
M�o estendida aos integristas
Sempre preocupado por n�o excluir ningu�m do perd�o divino, o papa estendeu tamb�m a validade das absolvi��es concedidas pelos sacerdotes integristas da Irmandade Sacerdotal S�o Pio X, comunidade fundada por Marcel Lefebvre que rompeu com a Igreja em 1988.
A comunidade saudou a not�cia como um "gesto paternal", embora denuncie regularmente a benevol�ncia excessiva da Igreja em rela��o ao mundo contempor�neo.
Ap�s marcar este ano santo por uma s�rie de gestos em favor dos exclu�dos, o papa tamb�m pediu em sua carta que o mundo tenha "imagina��o" para encontrar novas formas de lidar com os mais pobres.
"O mundo continua a produzir novas formas de pobreza material e espiritual que atacam a dignidade das pessoas. � por esta raz�o que a Igreja deve estar sempre alerta e pronta para identificar novas obras de miseric�rdia e aplic�-las com generosidade e entusiasmo", insistiu.
Como sinal desta preocupa��o, Francisco estabeleceu uma "Jornada Mundial dos Pobres", que acontecer� todos os anos em um domingo em meados de novembro, na tradi��o do Jubileu dos sem-teto que ajudou a trazer milhares de exclu�dos no dia 13 novembro ao Vaticano.
"Ser� um dia que ajudar� as comunidades e cada pessoa batizada a refletir sobre a maneira como a pobreza est� no centro do Evangelho e sobre o fato de que, enquanto houver (um pobre) � porta, n�o poder� haver justi�a nem paz social", explicou.