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Estado de Minas

Cuba lamenta sua orfandade com a morte de Fidel Castro


postado em 26/11/2016 12:16

Cuba era Fidel Castro. Pouco antes da meia-noite de sexta-feira, a not�cia de sua morte esvaziou festas e ruas, apagou sorrisos e paralisou a ilha moldada � sua imagem durante meio s�culo.

"Est�vamos trabalhando no hotel quando Ra�l deu a not�cia pela televis�o e todo mundo ficou impactado, foi um momento muito triste", contou Yaimara G�mez, funcion�ria do Hotel Presidente, em Havana.

Sem qualquer pre�mbulo, o presidente cubano, irm�o ca�ula do lend�rio l�der da Revolu��o Cubana que triunfou em 1959, apareceu na televis�o quando muitos dan�avam, bebiam, flertavam e celebravam com amigos na murada do Malec�n, a m�tica avenida � beira-mar de Havana, ou simplesmente dormiam.

"Com profunda dor compare�o para informar ao nosso povo e aos amigos da Am�rica e do mundo que hoje, 25 de novembro, �s 10H29 da noite, morreu o comandante-em-chefe da Revolu��o Cubana Fidel Castro", disse Ra�l com a voz embargada.

Por muitos anos, a not�cia falsa da morte de Fidel Castro causou como��o dentro e fora de Cuba. Mas desta vez n�o houve sequer um rumor: Fidel morreu sob absoluta reserva, provavelmente em sua casa, em Havana, no mesmo ano de seu nonag�simo anivers�rio.

At� as primeiras horas deste s�bado, ningu�m sabia as circunst�ncias da morte, apenas a vontade do l�der de ser cremado. Suas cinzas percorrer�o parte da ilha em uma caravana que se estender� por quatro dias e terminar� com o sepultamento em 4 de dezembro na cidade de Santiago de Cuba (960 km ao leste de Havana).

"Perder Fidel � como perder um pai, o guia, o farol desta revolu��o", disse Michel Rodr�guez, um padeiro de 42 anos, que soube da not�cia pela r�dio, com seu estabelecimento ainda aberto.

Em homenagem, Cuba celebrar� nove dias de luto.

Quietude at�pica

Pouco a pouco, o sil�ncio foi calando a festa e o barulho permanente em Havana. Os meios de comunica��o cubanos, que por iniciativa de Fidel passaram, todos, �s m�os do Estado nos anos 1960, demoraram a reagir � not�cia. Todos pareciam em choque.

O jornal Granma, o �rg�o oficial do Partido Comunista de Cuba (PCC), demorou quase cinco horas para atualizar sua primeira p�gina com a not�cia que se espalhou pelo mundo. As ruas e o Malec�n estavam vazios, a pol�cia fechou o acesso � Pra�a da Revolu��o.

Marco Antonio D�az, um lavador de carros de 20 anos, estava em uma festa quando, de repente, a m�sica parou. Ouviu dizer "Fidel morreu". A festa acabou repentinamente. "Voltei para casa e acordei todo mundo: Fidel morreu. Minha m�e ficou pasma", contou � AFP.

Irredut�vel advers�rio dos Estados Unidos, t�o amado quanto odiado, Fidel Castro delegou o poder a seu irm�o h� uma d�cada, devido a uma doen�a intestinal que quase o matou.

Fidel j� n�o mandava, pelo menos n�o diretamente, mas sua presen�a t�cita percorria de um extremo a outro esta ilha de 11,2 milh�es de habitantes, 70% dos quais nasceram sob sua era, durante a qual imp�s um regime de inspira��o comunista que universalizou a sa�de e a educa��o gratuitas, mas que tamb�m castigou qualquer dissid�ncia.

"Eu nasci com esta revolu��o e de verdade sinto tristeza, porque ele foi um homem �nico, com seus defeitos, com suas virtudes. � uma perda grande e � um homem que nem os amigos, nem os inimigos v�o esquecer", declarou Micaela Consuegra, uma varredora de 55 anos.

Quando Fidel Castro n�o publicava um artigo sobre as mudan�as clim�ticas, o risco nuclear ou, inclusive, sobre o ent�o candidato � Presid�ncia americana, Donald Trump, aparecia em fotos ao lado de personalidades mundiais que iam visit�-lo em sua casa de retiro.

Em 13 de agosto, quando completou 90 anos, apareceu em um teatro em uma das m�ltiplas homenagens que recebeu. Foi a �ltima vez que foi visto em atividade.

Em abril, no encerramento do Congresso do PCC, deixou uma mensagem que soou como profecia: "Em breve serei como todos os demais. A todos chegar� a sua vez".

Blanca Cabrera, uma dona de casa de 56 anos, recebeu a not�cia com surpresa. Assim que se recomp�s do choque, saiu ao jardim de sua casa para fumar um cigarro. Ainda visivelmente abalada, expressou seus sentimentos.

"A gente custa a acreditar que Fidel partiu, mas tivemos a alegria de que nos acompanhasse por muitos anos. Isso alivia a dor", disse.

Em sua opini�o, Fidel "preparou o povo para este momento", quando deu seu j� c�lebre discurso no �ltimo congresso do PCC.

Para muitos cubanos, Fidel foi, at� o �ltimo momento, um pai previdente.


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