H� dois anos Um Fayez n�o usa sua m�quina de lavar roupas por falta de eletricidade. Como todos os habitantes de Aleppo, espera com impaci�ncia as obras de reconstru��o de uma das cidades mais belas da S�ria antes da destrui��o causada pela guerra.
"Lavamos na m�o, mas a �gua � muito fria. J� n�o aguento mais", lamenta Fayez, 50 anos, sentada na escurid�o, diante de uma pilha de roupa suja em sua casa no bairro central de Furqan.
Depois de quatro anos de combates e a retirada de milhares de rebeldes e civis, o regime anunciou no �ltimo dia 22 a reconquista total da segunda cidade do pa�s.
Na ex-capital econ�mica da S�ria, mais de 50% das constru��es e infraestruturas ficaram parcial ou totalmente destru�das, segundo uma avalia��o preliminar otimista feita pela prefeitura.
O conflito provocou o deslocamento for�ado da ind�stria, anunciou o famoso setor antigo e privou os habitantes de servi�os b�sicos como luz e �gua.
- 'Oito milh�es de d�lares' -
"Vendemos o aspirador. De que nos serve se n�o temos eletricidade?", questiona Um Fayez, que � m�e de dois meninos. Seu marido acaba de voltar de sua padaria, caminhando na escurid�o com a ajuda de uma lanterna.
Os combates acabaram h� dois anos com a principal central el�trica da regi�o, a de Sfire, sudeste de Aleppo. Em todos os bairros � poss�vel ouvir o zumbido de geradores, que s�o desligados a partir da meia-noite para poupar combust�vel.
V�o ser constru�das novas linhas de alta tens�o para trazer eletricidade da vizinha Hama, assegura uma fonte do minist�rio da Eletricidade.
As obras, que durar�o entre seis meses e um ano e meio, custar�o mais de 4 bilh�es de libras s�rias - oito milh�es de d�lares -, segundo esse funcion�rio.
Os habitantes tamb�m n�o t�m �gua corrente, j� que a principal esta��o de bombeamento de Suleiman al Halabi s� funciona a um ter�o de sua capacidade.
"Forneceremos �gua a pelo menos 20% dos bairros de Aleppo. Antes da crise, alcan��vamos 70%", lamenta Issa Korj�, mec�nico-chefe da esta��o.
Em um pa�s muito fragmentado pela guerra e seus m�ltiplos protagonistas, Aleppo enfrenta um problema a mais: a �gua chega m da represa do rio Eufrates, situada na vizinha prov�ncia de Raqa, que � controlada pelos grupo Estado Isl�mico (EI).
"Eles cortaram nosso fornecimento", explica o diretor do organismo encarregado da distribui��o de �gua pot�vel, Fajer Hamdo.
- 'Vida de novo em Aleppo' -
Mas a prioridade da prefeitura � fazer desaparecer antes do final do ano a linha de demarca��o que separava o setor oeste, nas m�os das for�as governamentais, dos bairros orientais, controlados pelos rebeldes.
Escavadeiras retiram h� v�rios dias os escombros das ruas para evitar que os habitantes tenham que continuar escalando obst�culos e pulando por sobre as crateras deixadas pelos morteiros.
"A prefeitura vai come�ar a limpar as principais ruas", indicou, por sua vez, o administrador da cidade, Nadeem Rahmun. "Vamos devolver vida a Aleppo e permitir a volta do com�rcio e da intera��o social".
No setor antigo, famoso por abrigar o maior mercado coberto do mundo e uma importante cidadela, est� sendo realizado um meticuloso trabalho de retirada de escombros para come�ar a reconstru��o.
E no bairro central de Akiul, alguns habitantes n�o escondem a alegria de ver como as escavadeiras destroem as barricadas.
"H� alguns dias, vim ver o estado da casa de meu irm�o", conta Abdel Jawad Nashed, de 32 anos. "Levei uma hora e meia, pois tive de escalar pequenos montes de terra".
Hoje fez o mesmo trajeto em dez minutos. "Est� mais f�cil sem barricadas", explica.
Um entusiasmo compartilhado por Zakaria, de 42 anos, dono de uma loja de m�veis.
"Gra�as a Deus as ruas j� n�o cortadas entre os bairros do leste e oeste. Aleppo est� unida de novo", conclui.