Centenas de milhares de seguidores e sites hiperativos: na corrida para a elei��o presidencial francesa, a extrema-direita tem poder de fogo inigual�vel nas redes sociais, que ela usa para impor seus pontos de vista e atacar os rivais de sua candidata Marine Le Pen.
Desde a nomea��o de Fran�ois Fillon como candidato da direita em novembro, a Frente Nacional lidera uma campanha ativa sob a hashtag #LeVraiFillon (#OVerdadeiroFillon) divulgando diariamente algumas de suas declara��es sobre o Isl�, a situa��o dos estrangeiros, a reforma da seguran�a social, etc. Objetivo: desacredit�-lo.
O partido tamb�m atira em Emmanuel Macron, na frente nas pesquisas com Fran�ois Fillon e Marine Le Pen. "#Macron ministro da Economia significa 400.000 desempregados a mais", tu�tou na quinta-feira Nicolas Bay, secret�rio-geral da FN.
"Funciona muito bem, os outros t�m dificuldades para responder, a equipe de Fillon n�o parece muito acostumada a isso", comenta David Rachline, diretor da campanha de Marine Le Pen, para quem as redes sociais permitem "uma rela��o com os franceses sem filtro".
Esta comunica��o faz parte de uma velha estrat�gia: desde 1996, a Frente Nacional foi o primeiro partido pol�tico a criar seu site para contornar a m�dia tradicional. Hoje, os quadros do partido tu�tam e postam constantemente.
Com mais de um milh�o de assinantes no Facebook e no Twitter, Marine Le Pen re�ne um p�blico maior do que o dos demais candidatos presidenciais e n�o hesita em us�-lo para "falar diretamente com as pessoas."
"A vantagem de uma rede social � que voc� n�o tem oposi��o. Voc� tem a sua palavra e n�o � incomodado por um jornalista que poderia frustrar seu discurso", aponta Christian Delporte, especialista em comunica��o pol�tica.
Para ampliar sua audi�ncia, a Frente Nacional difunde em diferentes contas a mesma mensagem ao mesmo tempo, uma t�tica destinada a demonstrar que as ideias da Marinha Le Pen s�o "maioria na Fran�a".
Impress�o de massa
Al�m de sua pr�pria rede, a Frente Nacional tamb�m se beneficia da resson�ncia do movimento de extrema-direita, muito presente nas redes sociais, de acordo com Dominique Albertini, co-autor de "Fachosph�re", um livro sobre este assunto.
Exemplo recente, a campanha #FaridFillon, que retrata Fran�ois Fillon como algu�m pr�ximo aos c�rculos isl�micos - uma estrat�gia j� utilizada contra o ex-primeiro-ministro Alain Jupp� durante as prim�rias da direita com a hashtag #AliJupp�.
"Isso � o que diz a FN com palavras um pouco mais escolhidas, mas na mesma dire��o", aponta Dominique Albertini. Segundo ele, a "l�gica das redes" permite que a Frente Nacional "colha os frutos de tais opera��es sem se molhar".
Embora negue que a FN esteja por tr�s desta campanha, Marine Le Pen alimenta o debate: "A verdadeira quest�o � qual � a rela��o de Fillon com os fundamentalistas isl�micos?", lan�ou, questionado sobre o assunto.
Durante a campanha presidencial, jornalistas especializados em redes sociais esperam uma prolifera��o de tu�tes e hashtags emitidos pela "fachosph�re" para dar uma impress�o de massa e impor seus temas � m�dia tradicional.
Outras estrat�gias virais, cita��es truncadas ou faits divers mais ou menos datados permitem a propaga��o do discurso nacionalista ou xen�fobo.
"Ao realizar uma opera��o de 'trending topic', eles v�o conseguir ser vis�veis fora da sua pr�pria rede", explica Nicolas Vanderbiest, autor do blog Reputatiolab.
"As pessoas se dizem 'Ei, que hashtag � essa', descobrem e entram em contato com a 'informa��o'".