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Estado de Minas

A globaliza��o do peixe: os mares se esvaziam e as peixarias lotam


postado em 16/01/2017 14:46

Os ovos v�m da Noruega, o salm�o cresce na Esc�cia, ser� defumado na Pol�nia ou filetado na China. Selvagem ou de cativeiro, o peixe se globaliza como nunca devido a uma concentra��o in�dita da ind�stria pesqueira e de uma explos�o da aquicultura.

No site chin�s de com�rcio eletr�nico Alibaba, com apenas alguns cliques pode-se comprar tr�s toneladas de fil� de cavala norueguesa enviada do porto de Qingdao (leste da China). A entreg� estar� dispon�vel em 45 dias.

A China e os cargueiros frigor�ficos gigantes desempenham um papel fundamental nesta industrializa��o mundial do peixe. Primeiro exportador de produtos pesqueiros e primeiro produtor de peixes de cativeiro do mundo, o pa�s � tamb�m um grande importador.

"H�, efetivamente, uma quantidade significativa de peixes congelados enviados � China unicamente para a filetagem, para o que se aumenta sua temperatura, sem chegar � descongela��o total", disse � AFP uma fonte do sindicato de importadores e exportadores de produtos congelados de um dos 28 pa�ses da Uni�o Europeia.

"Principalmente para produtos de apelo que s�o em grande quantidade e que fazem baixar os pre�os", acrescentou, pedindo anonimato.

A pr�tica ajudou a transformar as prov�ncias costeiras chinesas de Liaoning e Shandong em centros globais de processamento de peixes.

"Uma loucura"

Na Gr�-Bretanha, Don Stainford, diretor da Alian�a Global contra a Aquicultura Industrial, n�o esconde sua indigna��o ante a guinada taylorista do planeta - uma "loucura", segundo ele.

"Os criadouros escoceses importam seus ovos da Noruega, a alimenta��o dos salm�es vem do Chile, o salm�o � defumado na Pol�nia, pois � mais barato", disse, em entrevista por telefone desde Paris.

Os consumidores "n�o percebem que o salm�o barato tem um custo social e ambiental muito grande", apontou, criticando a hipocrisia da ind�stria salmoneira escocesa, dominada por gigantes noruegueses, particularmente a Marine Harvest.

Mas as doen�as resistentes aos antibi�ticos ou os parasitas presentes nos peixes obrigam a matan�as em massa nas granjas aqu�colas e tendem a fazer subir os pre�os do salm�o no mundo.

O Chile, segundo produtor mundial atr�s da Noruega, tamb�m se viu afetado no in�cio de 2016 pela a��o de uma microalga que implicou uma forte mortalidade, reduzindo suas perspectivas de produ��o em 30%.

O potencial de desenvolvimento continua sendo, ainda assim, enorme. Segundo uma previs�o do gabinete americano Allied Market Research, publicada a quinta-feira, o mercado mundial da aquicultura deveria atingir 242 bilh�es de d�lares em 2022, em compara��o aos 169 bilh�es de 2015.

A Organiza��o de Coopera��o e Desenvolvimento Econ�mico (OCDE) e o Banco Mundial preveem que em 2030 dois ter�os dos produtos do mar em nossos pratos proceder�o de granjas aqu�colas, que "desenvolvem suas capacidades de produ��o a toda velocidade", segundo a OCDE.

Menos pescadores, mais aquicultores

O ano de 2014 foi decisivo. Nesse ano, a pesca mar�tima mundial s� aumentou em 81,5 milh�es de toneladas de peixes em suas redes, contra os 86,4 milh�es que alcan�ou em seu m�ximo hist�rico em 1996, segundo a Organiza��o das Na��es Unidas para a Agricultura e a Alimenta��o (FAO). E o planeta perdeu 1,5 milh�o de pescadores.

Al�m disso, pela primeira vez, as pessoas consumiram mais peixes de cativeiro do que selvagens pescados em mares ou rios.

Em rela��o ao emprego, a pesca e a aquicultura sup�em uma fonte de renda e de subsist�ncia para 56,6 milh�es de pessoas no planeta.

Estes dados traduzem a evolu��o do setor: a parte dos funcion�rios na pesca de captura diminuiu, passando de 83% em 1990 a 67% em 2014, enquanto que a dos trabalhadores na aquicultura aumentou, de 17% para 33%.

Tanto para os profissionais quanto para os defensores do meio ambiente, a sobrepesca industrial � um dos principais motores deste fen�meno. A escassez de peixes selvagens leva a uma concentra��o das grandes multinacionais da pesca.

"Estamos assistindo a um fen�meno in�dito de compra e de concentra��o do setor na Europa e no mundo", afirmou � AFP Fran�ois Chartier, especialista em economia do mar para a ONG Greenpeace.

"Na Fran�a, para a pesca do atum, dois dos tr�s �ltimos armadores especializados acabam de ser comprados por grupos holandeses", afirmou.

O mesmo acontece em rela��o ao processamento. Petit Navire, o l�der do atum enlatado na Fran�a - o peixe mais consumido no pa�s - foi adquirido em 2010 pelo n�mero 3 mundial do peixe enlatado, o tailand�s Thai Union Frozen Products.


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