O ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva foi condenado nesta quarta-feira a 9 anos e 6 meses de pris�o por corrup��o passiva e lavagem de dinheiro, uma senten�a da qual poder� recorrer em liberdade, mas que amea�a uma eventual candidatura �s elei��es de 2018.
Os advogados do ex-presidente informaram logo ap�s ao an�ncio da senten�a que recorrer�o "em todas as cortes imparciais, incluindo as Na��es Unidas".
Lula, 71 anos, foi acusado de ter recebido um apartamento triplex no Guaruj� da construtora OAS em troca de sua influ�ncia para obter contratos na Petrobras, e do pagamento das custas por parte da mesma empresa do armazenamento de seus bens.
A senten�a foi ditada pelo juiz S�rgio Moro, encarregado da Opera��o Lava Jato, que determinou o confisco do im�vel e assinalou que Lula foi o destinat�rio 3,7 milh�es de reais de forma il�cita.
"Entre os crimes de corrup��o e de lavagem, h� concurso material, motivo pelo qual as penas somadas chegam a nove anos e seis meses de reclus�o", determinou Moro.
"Entretanto, considerando que a pris�o cautelar de um ex-Presidente da Rep�blica n�o deixa de envolver certos traumas, a prud�ncia recomenda que se aguarde o julgamento pela Corte de Apela��o antes de se extrair as consequ�ncias pr�prias da condena��o. Assim, poder� o ex-Presidente apresentar a sua apela��o em liberdade", acrescenta Moro.
Lula, que enfrenta outros quatro processos, sempre negou categoricamente as acusa��es e as atribuiu a uma conspira��o para impedir sua candidatura � presid�ncia de 2018.
Para que sua candidatura seja impedida, dever� ainda ser condenado em segunda inst�ncia.
Um processo de apela��o pode levar at� um ano para ser conclu�do, segundo fontes pr�ximas ao Judici�rio de Curitiba.
Na senten�a, Moro tamb�m proibiu Lula de exercer cargos p�blicos por 19 anos, decis�o que poder� ser confirmada ou rejeitada na segunda inst�ncia.
- Lula, "sereno", mas "indignado" -
Lula se mostrou "sereno" depois de receber a not�cia, embora tenha sentido "uma indigna��o natural", disse � AFP um de seus advogados, Cristiano Zanin Martins.
"Eu tive uma conversa muito r�pida com o ex-presidente Lula e ele est� bastante sereno, mas, como qualquer pessoa que � condenada sem provas, que � condenada a despeito de ter feito a prova da sua inoc�ncia, existe uma indigna��o natural".
A dire��o do Partido dos Trabalhadores afirmou em um comunicado que a condena��o de seu co-fundador "representa um ataque � democracia e � Constitui��o Federal".
O PT relaciona a senten�a com uma ofensiva destinada a suprimir direitos sociais, um dia depois da aprova��o da reforma trabalhista.
"Queremos fazer manifesta��es de protesto em todo o pais contra essa decis�o pol�tica fora completamente do processo legal que foi tomada contra o presidente Lula pelo juiz S�rgio Moro", disse o l�der do PT na C�mara dos Deputados, Carlos Zarattini. "Vamos para as ruas".
Centenas de pessoas foram � Avenida Paulista para expressar apoio ao ex-presidente. A poucos quarteir�es, em frente � sede da Fiesp, cerca de vinte pessoas comemoravam a senten�a, com gritos de "Viva S�rgio Moro!".
A pol�mica tomou as redes sociais. No Twitter, Lula chegou a liderar o 'trending topic' mundial.
"Lula, ladr�o, roubou meu cora��o", escreveram em tom de brincadeira centenas de seguidores do ex-presidente.
"A justi�a foi feita. O maior cara de pau do Brasil foi condenado", celebrou o prefeito de S�o Paulo, Jo�o Doria, cotado como poss�vel candidato nas pr�ximas elei��es.
Os mercados tamb�m festejaram: a Bolsa de S�o Paulo subiu 1,57% e o real se valorizou em rela��o ao d�lar.
A senten�a foi vista pelos investidores "como a possibilidade de que o PT n�o volte a governar em 2018, e isso lhes d� grande seguran�a", Raimundo Magliano Neto, analista da Magliano Corretora.
- Temer na mira -
A Lava Jato tamb�m amea�a o presidente Michel Temer, acusado de ter negociado o recebimento de propinas do grupo JBS e investigado por suposta tentativa de comprar o sil�ncio do ex-deputado Eduardo Cunha, agora preso.
A Comiss�o de Constitui��o, Justi�a e Cidadania (CCJ) da C�mara dos Deputados discute nesta quarta um relat�rio que recomenda encaminhar ao Supremo Tribunal Federal (STF) a den�ncia de corrup��o passiva apresentada contra Temer pela Procuradoria-Geral da Rep�blica.
Em seguida, o caso dever� ser submetido ao voto do plen�rio e, se chegar ao STF e a corte abrir um processo formal, Temer ser� suspenso de seu cargo em um m�ximo de 180 dias, � espera de uma decis�o.