Com um rel�gio de ouro brilhante e um anel combinando, Tang Van Cuol tem uma apar�ncia bem diferente do que se imagina de um agricultor vietnamita, enquanto toma um drinque de vinho de arroz e se gaba dos sucesso financeiro de seu neg�cio.
Ap�s anos vivendo apenas com o m�nimo, plantando arroz e cebolas e criando patos, o fazendeiro de 54 anos mudou completamente de vida em 2000, por causa do camar�o.
O Delta Mekong, por muito tempo conhecido como "a tigela de arroz do Vietn�", agora tamb�m � a casa da bilion�ria ind�stria do camar�o, e um n�mero crescente de fazendeiros est�o acumulando fortunas com os pequenos crust�ceos.
"A cria��o de camar�o pode ser muito lucrativa, nada se compara", opina Cuol num almo�o com seus amigos, em que comiam arroz, salada, porco e, claro, camar�o.
Neste ano, ele espera uma receita de 1 bilh�o de dongs, cerca de 44 mil d�lares, uma soma expressiva no delta, onde os fazendeiros faturam cerca de 100 d�lares ao m�s.
A prosperidade do camar�o come�ou por volta de 1990, quando mudan�as clim�ticas levaram �guas salgadas para esse delta.
Essa onda apareceu ao mesmo tempo em que subiu a demanda dos Estados Unidos e da Uni�o Europeia.
Locais experientes notaram a oportunidade e migraram da plant�o da arroz para a cria��o de camar�o.
A riqueza transformou a prov�ncia de Soc Trang: bicicletas foram substitu�das por motos nas estradas rec�m-pavimentadas, salpicadas de casas de concreto com v�rios andares, algo inimagin�vel uma gera��o antes.
Cuol � o dono de v�rias motocicletas, pagou pelo casamento de sua filha e tem uma cole��o de antiguidades "avaliadas em milh�es de dongs".
- Crise iminente -
Ambientalistas alertam, contudo, que a recompensa pela cria��o intensiva de camar�es pode n�o durar muito.
A polui��o e as doen�as frequentemente assolam as colheitas de crust�ceos.
Mas uma crise maior aparece no horizonte com a destrui��o de manguezais para dar espa�o �s fazendas, expondo a regi�o a riscos que v�o de tempestades ao aumento do n�vel do mar, relacionado ao aquecimento global.
"Isso n�o � sustent�vel", alertou Andrew Wyatt, gerente de projetos do Delta Mekong Delta no International Union for Conservation of Nature (IUCN).
O IUCN encoraja os criadores a preservar os mangues e parar de usar produtos qu�micos agressivos, para que o camar�o possa ser certificado como org�nico, aumentando de 5% a 10% o valor.
Contudo, os produtores do crust�ceo explicam que os lucros s�o tentadores demais para ignorar.
Como seu pai e seu av�, Tang Van Tuoi passou por tempos dif�ceis como agricultor de arroz.
Ele dormia numa casa cujo teto era feito de folhas de coqueiro e ganhava o bastante apenas para sustentar sua fam�lia.
Mas quando a �gua do mar come�ou a estragar os campos de arroz, ele viu nisso uma oportunidade e come�ou a criar camar�es.
"Agora, tudo � desenvolvido, temos carros, estradas, as coisas mudaram muito", disse ele � AFP na sala de sua casa, com uma televis�o de tela plana e m�veis de madeira.
Mesmo num ano ruim, ele consegue faturar mais que nos tempos de planta��es de arroz. Num ano bom, pode lucrar at� 40 mil d�lares.
Com o dinheiro, ele construiu tr�s casas para sua fam�lia.
"N�s temos dinheiro, temos o bastante para qualquer coisa", disse o pai de seis filhos.
Ele admite, contudo, que esse neg�cio � uma aposta.
Seus reservat�rios j� foram afetados por doen�as e polui��o.
Atento aos riscos a longo prazo, o governo resiste a abrir toda a regi�o para a ind�stria do camar�o, apesar de a �gua do mar adentrar cada vez mais no pa�s.
- Riscos alimentares -
Em vez disso, as autoridades investiram milh�es de d�lares no isolamento das zonas de �gua doce, necess�rias para o cultivo de arroz - alimento b�sico do Vietn� - em todo o Delta Mekong.
A estrat�gia quer garantir que a regi�o produza arroz o bastante para o consumo interno, um pilar da economia planificada do governo comunista.
Contudo, conforme o pa�s adotou reformas de mercado, a tenta��o de exportar o lucrativo camar�o se tornou cada vez mais atraente.
Neste ano, o primeiro-ministro previu um aumento nas exporta��es a 10 bilh�es de d�lares em 2025, ante os 3 bilh�es do ano passado.
Em paralelo, as receitas com exporta��o de arroz tem ca�do consistentemente desde 2011, alcan�ando 2,2 bilh�es em 2016.
"Eles est�o tentando equilibrar o faturamento com o desenvolvimento econ�mico e as exporta��es, mas sem sacrificar a seguran�a alimentar a longo prazo", explicou Tim Gorman, um pesquisador da Cornell University.
O resultado � que as pol�ticas p�blicas estimulam, simultaneamente, o dinheiro r�pido da cria��o de camar�o e a prote��o do futuro a longo prazo das planta��es de arroz.
Isso parece uma contradi��o para os fazendeiros.
Em algumas �reas, o governo est� estimulando agricultores a cultivar arroz durante metade do ano e criar os crust�ceos na outra metade - uma proposta pouco atraente para fazendeiros como Thach Ngoc Cuong, ansiosos para abandonar o arroz.
Ele tem dois terrenos na prov�ncia de Soc Trang, uma com �gua doce para o arroz e a outra salgada para os lucrativos camar�es.
"Eu ficaria muito feliz se pudesse criar camar�es e cultivar arroz lado a lado", disse.