Internacionalmente associado � bossa nova e tradicional reduto do samba, o Rio tem sido cen�rio cada vez mais frequente de apresenta��es de jazz.
D� at� para escolher: de uma sess�o em um hostel na favela, com um toque mais informal regado a cerveja em uma rua do centro ou com um vinho em uma cafeteria bo�mia em Laranjeiras. A partir desta semana os cariocas tamb�m poder�o ouvir o ritmo na nova sucursal do exclusivo clube nova-iorquino 'Blue Note'.
"O jazz faz parte da alma de boa parte dos artistas brasileiros, � uma forma de inspira��o e est� em um momento meio de efervesc�ncia", avalia Luiz Calainho, o empres�rio que trouxe a prestigiada franquia, que tem filiais em T�quio e Mil�o, ao Rio.
Em uma esquina da Lagoa, o "Brazil Jazz Stars" - sexteto de piano, bateria, contrabaixo, trompete, sax e guitarra - passava o som nesta quarta-feira na ac�stica intimista do local, mas � nesta quinta que a casa abrir� suas portas ao p�blico, com uma programa��o nacional e internacional que retomar� o vazio deixado ap�s o fim do 'Jazz Mania' e do 'Mistura Fina'.
A chegada do 'Blue Note' �, de fato, uma dupla boa not�cia para o Rio, que tem vivido desde o fim dos Jogos Ol�mpicos tempos cinzentos, de vacas magras e com uma trilha sonora crescente de tiroteios.
- Jazz 'de rua' -
Embora seja dif�cil desbancar o samba, com suas in�meras rodas, o jazz vem ganhando adeptos, bandas, espa�os e um 'jeitinho' especial carioca.
Muitas vezes de forma mais informal e jovem, distante do estilo sofisticado do 'Blue Note'.
Por exemplo, membros do Amigos da On�a, o bloco da moda do Carnaval, criou em maio quinteto "SoujazZ".
No 'Bar do Nanam', onde batem ponto os jovens que frequentam o circuito alternativo da cidade, tem jazz toda quarta-feira h� cerca de um ano at� horas da madrugada.
Nos arredores da pra�a Tiradentes, mais de cem jovens vestidos com camisas tropicais e havaianas fumam, bebem, se beijam e dan�am ao som de vers�es instrumentais de �cones do jazz como Chick Corea e Michael Brecker, assim como do pai da bossa nova, Tom Jobim.
O improviso do trio residente 'Jazz com Boteco', que usa a cal�ada como um palco delimitado com caixas de cerveja, tamb�m se reproduz no p�blico, que inclui animados moradores de rua.
"Olha este evento! Parece um evento samba, de carnaval, mas n�o �, � instrumental. Tem uma adapta��o � cultura carioca de rua, � jazz na rua, e maravilhoso!", se emociona o l�der da banda, o baterista Guga Pellicciotti.
- Samba-jazz -
O samba e o jazz s�o g�neros que nasceram de uma forma parecida, clandestinamente e pelos negros em dois extremos das Am�ricas, entre o final do s�culo XIX e o in�cio do s�culo XX.
Para Guga, a mistura � inevit�vel, fazendo que o Rio, uma das cidades mais musicais do mundo, deixe sua marca no jazz. H� influ�ncias do samba (que tem seu pr�prio subg�nero, o 'samba-jazz'), do choro e da tradi��o de m�sica instrumental.
Filha do samba, a bossa nova, nasceu em 1957 com uma forte influ�ncia do jazz e chegou a ter com esse ritmo americano fus�es magistrais, por exemplo, nos discos do saxofonista Stan Getz "Jazz Samba", "Big band Bossa Nova" e "Jazz Samba Encore" ou nas mais do que famosas vers�es em ingl�s de Frank Sinatra e Ella Fitzgerald de "The Girl from Ipanema".
"O que eu gosto no jazz � que cada dia � uma surpresa, nunca � a mesma coisa", disse Thiago, programador de 35 anos que n�o perde uma quarta-feira no 'Bar do Nanam', onde pode ouvir m�sica gratuitamente.
Embora muitas das m�sicas tocadas sejam vers�es da bossa nova, muitos consideram o ritmo ultrapassado ou uma vers�o elitista e americanizado do samba.
Para os nost�lgicos, � dif�cil encontrar com facilidade um lugar que toque bossa nova no Rio.
"N�o existe essa demanda toda pela bossa nova. Foi um fen�meno de um tempo. J� n�o se faz, como o rock progressivo, ficou meio datada", explica o cr�tico musical Bernardo Ara�jo.
Mas o dono do Blue Note promete: "Aqui tamb�m ser� a casa da bossa nova"