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Estado de Minas

Governo regional declara vit�ria em referendo catal�o


postado em 01/10/2017 20:16

Madri e o governo regional catal�o travavam um di�logo de surdos neste domingo (1), com cada qual reivindicando a vit�ria ap�s a realiza��o do referendo de independ�ncia da Catalunha, interditado pela Justi�a e marcado pela viol�ncia policial, que deixou mais de 90 feridos na regi�o.

J� na madrugada de segunda-feira (noite de domingo no Brasil), o governo catal�o anunciou a vit�ria do sim com 90% dos votos.

Segundo o porta-voz do Executivo regional, Jordi Turull, de um censo eleitoral de 5,3 milh�es de pessoas, foram registradas 2,26 milh�es de c�dulas, das quais 2,02 milh�es (90%) votaram pelo sim.

Durante todo o dia, a Pol�cia espanhola fez de tudo, inclusive a golpes de cassetete e tiros de balas de borracha, para tentar reprimir este referendo proibido pelo Tribunal Constitucional, em uma regi�o que � um dos principais pulm�es econ�micos da Espanha.

Por volta das 20h locais (15h de Bras�lia), logo ap�s o hor�rio anunciado de encerramento das se��es de vota��o, o chefe do governo espanhol, Mariano Rajoy, afirmou em pronunciamento transmitido pela TV do Pal�cio de La Moncloa, em Madri, que "nosso Estado de direito mant�m sua fortaleza e sua vig�ncia".

"Hoje n�o houve um referendo de autodetermina��o na Catalunha", disse, enquanto come�ava a apura��o.

Para ele, as for�as de seguran�a, criticadas pela viol�ncia ao reprimir a realiza��o da consulta, "cumpriram com sua obriga��o e com o mandado que tinham da Justi�a" na Catalunha, organizado por dirigentes separatistas, ao condenar o que chamou de uma "farsa".

Mas com os "milh�es" de pessoas que foram votar, "n�s ganhamos o direito de ter um Estado independente, que se constitua em forma de Rep�blica", clamou o presidente regional catal�o, Carles Puigdemont.

Ele pediu � Uni�o Europeia para se envolver diretamente no conflito que o op�e ao Estado espanhol e afirmou que Bruxelas "n�o pode mais continuar olhando para o outro lado", pois a situa��o na Catalunha "� um assunto de interesse europeu".

Diante do impasse e da atitude de Madri, cerca de quarenta organiza��es sindicais, pol�ticas e sociais da Catalunha lan�aram uma convoca��o de greve geral em toda a regi�o para a ter�a-feira (3).

- "N�s conseguimos" -

Em uma se��o de vota��o do bairro Garc�a, considerado um reduto separatista em Barcelona, centenas de pessoas estavam reunidas por volta das 20h para acompanhar a apura��o.

"N�s conseguimos. Agora, vamos fechar a se��o de vota��o, mas devemos todos permanecer. N�o nos abandonem", gritou uma mulher em um megafone. A multid�o respondeu: "voc� n�o est� sozinha, voc� n�o est� sozinha" e "n�s votamos, n�s votamos".

O governo espanhol "fez de tudo para nos dificultar nossa tarefa, mas finalmente conseguimos votar. As pessoas s�o determinadas e eles n�o devem nos subestimar", declarou Meritxell Casademont, um professor de 50 anos.

Desde a hora de abertura das se��es, a Pol�cia e unidades anti-motins da Guarda Civil intervieram para apreender as urnas em Barcelona e Girona, cidade do presidente separatista Carles Puigdemont.

Em diversos locais, policiais com capacetes for�aram as portas das se��es diante de militantes que entoavam c�nticos separatistas durante este escrut�nio que constitui, segundo o jornal El Pa�s, o "maior desafio" do Estado espanhol desde a morte do ditador Francisco Franco, em 1975.

Os confrontos deixaram pelo menos 92 feridos, dois deles com gravidade - um homem de 70 anos que teve um infarto e uma outra pessoa ferida no olho -, no total de 844 pessoas que solicitaram assist�ncia de sa�de em rela��o com embates com a Pol�cia do Estado, segundo o governo regional.

Trinta e tr�s policiais ficaram feridos, segundo o Minist�rio do Interior. Alguns foram alvos de pedradas.

Em Barcelona, a Pol�cia investiu contra centenas de manifestantes que interditavam a via, enquanto os oficiais retiravam as urnas confiscadas e dispararam balas de borracha, segundo testemunhas.

A TV regional catal� TV3 exibiu continuamente durante todo o dia imagens de enfrentamentos entre policiais e manifestantes nas proximidades das se��es eleitorais, as quais tamb�m circularam nas redes sociais.

- Milhares de catal�es conseguem votar -

Puigdemont denunciou o que chamou de "viol�ncia injustificada", enquanto o governo central em Madri respondeu que ele e seu governo s�o os "�nicos respons�veis" pelos eventos do dia por terem convocado o referendo, apesar da proibi��o da Corte Constitucional.

Um total de 319 se��es eleitorais que deveriam servir ao referendo de autodetermina��o foram fechadas pelas for�as de ordem, segundo o governo regional, mas muitos catal�es conseguiram votar, apesar de tudo, constataram jornalistas da AFP.

O governo catal�o havia anunciado no �ltimo minuto da manh� deste domingo a implanta��o de um sistema universal de censo que permitiria votar sem importar a se��o.

Em algumas situa��es, os eleitores votaram em c�dulas impressas em casa ou sem envelope, constataram jornalistas da AFP.

"Ningu�m pode roubar meu voto e a satisfa��o de ter votado, independentemente do que aconte�a. Cheguei a chorar porque faz anos que n�s lutamos por isto e eu vi na minha frente uma mulher de 90 anos que votou em cadeira de rodas", relatou � AFP Pilar Lopez, de 54 anos, na pequena cidade de Llado.

No bairro barcelon�s de Nou Barris, Enrique Calvo, um aposentado de 67 anos, origin�rio de uma regi�o vizinha, n�o votou porque n�o quis dar "legitimidade" ao escrut�nio. "Est� mal administrado, tanto de parte do governo catal�o, como do governo central de Madri", afirmou.

Sinal do car�ter excepcional da situa��o em um pa�s apaixonado pelo futebol, o FC Barcelona jogou sem torcida esta tarde. O time, um dos mais populares da Espanha, decidiu jogar a portas fechadas em seu est�dio de Camp Nou contra o Las Palmas, pois a Liga de futebol recusou-se a adiar a partida.

O est�dio, considerado o maior da Europa com capacidade para 99.000 pessoas, estava assombrosamente silencioso a cada jogada do capit�o da equipe, o argentino Lionel Messi, e cinco vezes ganhador do pr�mio Bola de Ouro da Fifa.

Uma separa��o da Catalunha, regi�o com 7,5 milh�es de habitantes e que responde por quase 19% do PIB do pa�s, seria um salto no escuro, compar�vel ao do Brexit, lan�ado por um referendo realizado em junho de 2016.

Os moradores da regi�o, onde o separatismo ganha terreno desde o in�cio dos anos 2010, est�o divididos quase em partes iguais sobre a independ�ncia. Mas os catal�es apoiam majoritariamente, com mais de 80%, um referendo de autodetermina��o legal, segundo as pesquisas mais recentes.


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