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Estado de Minas

Mudar de identidade de g�nero: um caminho de dor e discrimina��o


postado em 05/10/2017 17:19

(foto: Joel Saget/AFP)
(foto: Joel Saget/AFP)
A transi��o de g�nero � um processo fundamental na vida das pessoas nascidas com uma identidade que n�o lhes corresponde, mas este caminho, que lhes permite uma transforma��o em sua vida social, se submetam a tratamentos m�dicos e mudem a documenta��o � cheio de dor e discrimina��o. 

"Eu sa� do arm�rio trans aos 6 anos. Mas em seguida fui castigada. Quando algu�m � apontado como um menino, mas sente que � menina, as pessoas tentam 'te normalizar'", conta Cl�mence Zamora-Cruz, que disse j� ter sofrido cusparadas, pux�es de cabelo e empurr�es.

"Para mim esta normaliza��o foi com viol�ncia", relatou Cl�mence que nasceu h� 42 anos no M�xico, mas deixou seu pa�s aos 18 anos depois de ter passado v�rios meses nas ruas e ter sofrido durante anos. 

Na Fran�a, conseguiu realizar-se profissionalmente como professora de espanhol, casou-se e milita em organiza��es sociais. 

Entretanto, denunciou que sempre persiste uma "transfobia". 

Muitos professores negam obstinadamente o uso da identidade de g�nero que ela escolheu e chegou a receber uma multa por "fraude" porque sua identidade n�o estavam em dia.  

Cl�mence lembrou tamb�m que um controlador de trens o for�ou a ter "rela��es sexuais". 

Depois de anos de luta da comunidade LGBT, o Estado franc�s facilitou em 2016 a mudan�a de identidade civil para as pessoas trans. Mas embora as confus�es administrativas diminu�ram, a discrimina��o persiste. 

Perguntas constrangedoras

Cl�mence menciona "o abuso" constante e "perguntas constrangedoras" como "voc� � operada?" ou "Como voc� se chamava antes?". 

"Pode-se considerar que a transi��o n�o acaba nunca", lamentou essa mulher morena, de rosto redondo e cabelos longos. 

Christelle, por sua vez, iniciou a transi��o depois de ficar 34 anos em um corpo que n�o lhe correspondia, o de um militar parrudo e imprudente.

"Eu sabia desde muito pequena", conta. "Mas � preciso muita coragem para poder falar isso", contou.

Durante esse tempo teve "tr�s tentativas de suic�dio". Depois sua mulher a deixou e sua filha n�o fala com ela.

Esta mulher morena com �culos tamb�m lembrou as  "torturas" sofridas em algumas opera��es. 

A depila��o a laser para tirar a barba a fez sentir em todas as sess�es "milhares de alfinetadas". 

Para transformar seu p�nis em uma cavidade vaginal viajou para a Tail�ndia e sofreu os efeitos do p�s-operat�rio durante um ano. 

"Eu chorava todos os dias. Tive que sofrer isso para poder ter depois uma vida normal", disse. 

Aos 45 anos, Christelle continua no ex�rcito, est� feliz casada com um militar, com quem tem um filho por reprodu��o assistida. 

"Se eu n�o tivesse feito a transi��o, eu estaria aqui", disse. "Isso � uma certeza". 

"Se h� um ponto comum a todas as trajet�rias, � a no��o de que � algo inexor�vel. Para todos os meus pacientes trans, n�o havia outra op��o", comentou o psiquiatra Thierry Gallarda, especialista no tema. 

Mas a transi��o, cujo processo m�dico gera "j�bilo", j� que muda efetivamente a vida, tamb�m leva � arbitrariedade. 

"H� corpos mais ou menos plaus�veis". 

Transfobia

Outro fator de injusti�a � o sexo de nascimento. 

"Se transita mais facilmente de +F para M (passagem de mulher para homem) do que o que de M para F (homem para mulher)", afirmou a endocrinologista Catherine Br�mont. 

A testosterona, presente nos primeiros, tem um efeito muito r�pido nos p�los e na voz, que se torna mais grave. 

"Eu me transformei em tr�s meses", lembrou Axel L�otard, de 48 anos, agora com o cabelo raspado e com barba, que fez a mudan�a h� 15 anos. 

"� muito mais f�cil para n�s" do que para as M a F , que sofrem "a discrimina��o das mulheres, sejam biol�gicas ou trans", afirmou.

"O fato de ser um homem alto, baixo, careca ou cabeludo, fraco ou forte, nunca p�em em d�vida sua virilidade", constatou o m�dico. 

"Mas para uma mulher sempre haver� padr�es". 

Embora os horm�nios permitam o desenvolvimento mam�rio e fa�am que a pelo seja menos oleosa, eles n�o t�m qualquer efeito no tamanho e na estrutura corporal. 

Al�m do sexo e da fisionomia, a transi��o gera tamb�m "iniquidades" ligadas a "idade, sa�de e dinheiro", enumera SunHee Yoon, presidente da Acthe, uma associa��o de pessoas transg�nero. 

� melhor ser jovem, saud�vel, ser apoiado pela fam�lia e ter a capacidade de pagar as cirurgias. 

A mais simb�lica, a cirurgia de mudan�a de sexo, � realizada apenas em metade das pessoas trans, constatou Arnaud Alessandrin, soci�logo especialista no tema, para quem h� "tantas transi��es quanto indiv�duos". 

O �nico ponto em comum para ele � "a transfobia" e a "discrimina��o". Antes, durante e depois do processo. 

(Por Joris FIORITI)


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