Fragmentos lan�ados por vulc�es que bloquearam o Sol h� mais de 2.000 anos afetaram nascentes que alimentavam o rio Nilo, acelerando a queda do �ltimo reino do antigo Egito, disseram pesquisadores nesta ter�a-feira.
Erup��es nos s�culos III e I a.C. - incluindo uma das maiores explos�es nos �ltimos 2.500 anos - coincidiram com perdas de colheitas, revoltas em grande escala e a retirada de ex�rcitos eg�pcios do campo de batalha, relataram os pesquisadores na revista cient�fica Nature Communications.
At� agora, os pesquisadores buscavam uma explica��o para esses eventos.
"As erup��es vulc�nicas podem ter tido um papel central no eventual colapso da dinastia ptolemaica", observou a revista em um resumo do estudo.
As descobertas, segundo os autores, tamb�m p�em em evid�ncia o risco, hoje em dia, de esquemas de engenharia clim�tica que combateriam o aquecimento global injetando bilh�es de pequenas part�culas na estratosfera - assim como um vulc�o - para bloquear alguns dos raios solares.
Mesmo que o chamado gerenciamento de radia��o solar diminua a temperatura do planeta, poderia causar grandes rupturas nos padr�es de precipita��o.
"A vulnerabilidade ptolemaica �s erup��es vulc�nicas sugere uma cautela para todas as regi�es agr�colas dependentes de mon��es", que hoje incluem 70% da popula��o mundial, escreveram os autores.
O imp�rio ptolemaico come�ou em 305 a.C., pouco depois da morte de Alexandre, o Grande, e terminou em 30 a.C. com o suic�dio de Cle�patra. Depois disso, a regi�o se tornou uma prov�ncia romana.
O reino prosperou, alimentado pelo Nilo, rico em sedimentos, que no ver�o transbordava em dire��o a uma vasta rede de campos de gr�os. Um sistema engenhoso de canais e barragens armazenava a �gua depois que o rio recuava, em setembro.
- Revoltas violentas -
"Quando as cheias eram boas, o Vale do Nilo era um dos lugares de maior produ��o agr�cola do mundo antigo", disse Francis Ludlow, historiador do clima no Trinity College Dublin e coautor do estudo.
Mas em alguns anos, o rio n�o subiu, e os problemas apareceram.
Com base em modelos clim�ticos, n�cleos de gelo da Gronel�ndia e escritos eg�pcios antigos, pesquisadores liderados pelo historiador Joseph Manning, da Universidade de Yale, compuseram uma narrativa que mostrou um v�nculo claro desses problemas com grandes erup��es vulc�nicas em todo o mundo.
Em 245 a.C., por exemplo, o governante Ptolomeu III abandonou de repente e inexplicavelmente uma campanha militar bem-sucedida contra o seu inimigo, o Imp�rio Sel�ucida, na regi�o que atualmente compreende a S�ria e o Iraque.
"Esta reviravolta mudou tudo na hist�ria do Oriente M�dio", disse Manning.
Os registros hist�ricos tamb�m apontaram para a escassez simult�nea de alimentos devido � cheia insuficiente do Nilo, assim como para insurrei��es violentas no Reino Ptolemaico, que se estenderam pelo nordeste da �frica e partes do Oriente M�dio.
Uma conflu�ncia semelhante de agita��o social, doen�as e fome atingiu o imp�rio em suas duas �ltimas d�cadas.
Ambos os per�odos turbulentos coincidiram com grandes erup��es vulc�nicas, descobriram os pesquisadores.
A partir de registros mais recentes, os cientistas sabem que as dezenas de milh�es de toneladas de part�culas de di�xido de enxofre ejetadas na atmosfera superior por uma grande erup��o podem evitar que as mon��es se movam longe o suficiente para encharcar completamente o planalto et�ope, que alimenta o Nilo.
Isso aconteceu quando os vulc�es Eldgj� e Laki, na Isl�ndia, entraram em erup��o, em 939 e 1783-84, respectivamente. ONil�metro isl�mico, um registro dos n�veis de �gua do Nilo desde 622, mostrou um impacto correspondente no rio.
"As erup��es vulc�nicas n�o causaram estas revoltas (sociais) por si s�", disse Ludlow. "Mas elas provavelmente adicionaram combust�vel �s tens�es econ�micas, pol�ticas e �tnicas existentes".