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Estado de Minas

A volta � vida da Chapecoense


postado em 26/11/2017 09:16

H� dez dias, o vesti�rio da Associa��o Chapecoense de Futebol voltou a festejar aos pulos, com camisetas para o alto e a doce adrenalina da vit�ria. Quase um ano ap�s a trag�dia que o deixou em frangalhos, o clube garantia sua perman�ncia na primeira divis�o do Brasileir�o.

Mais uma vez, o "Furac�o" do oeste havia superado as adversidades e sobrevivido.

O grito da torcida, "Vamos, vamos, Chape" n�o soava t�o alegre desde 23 de novembro de 2016, quando o time pequeno invadiu, euf�rico, o mesmo vesti�rio, ap�s se classificar para a final da Copa Sul-americana.

Era a melhor noite da hist�ria do clube catarinense e a �ltima de uma gera��o.

Cinco dias depois, o avi�o que os levava para disputar a final caiu em Cerro Gordo, regi�o montanhosa de Medell�n, na Col�mbia, transformando a hist�ria de conto de fadas em uma das maiores trag�dias do esporte mundial. Setenta e uma pessoas morreram, quase todas integrantes do clube - 19 jogadores, 14 membros da comiss�o t�cnica e nove dirigentes -, al�m de 20 jornalistas. Houve apenas seis sobreviventes.

Mas nem em meio ao choque o time de Chapec� pensou em se render.

"A gente resolveu tentar achar uma maneira, uma forma para seguir adiante. Foi com muita dor, com muito sofrimento, mas em nenhum momento se pensou em parar com o futebol. � l�gico que em algum momento a gente pensou, 'Ser� que vamos conseguir?', mas a gente conseguiu", contou por telefone � AFP Nivaldo Constante, gerente de futebol do clube.

Goleiro veterano da Chape, Nivaldo n�o viajou a Medell�n por ajustes de �ltima hora. Ele soube do acidente em casa e, como a todos dali, a not�cia mudou sua vida.

Ainda abalado com a morte dos companheiros, Nivaldo pendurou as luvas para trabalhar na reconstru��o do time. A nova temporada come�aria em um m�s e a 'Chape' n�o tinha quem colocar em campo. Precisavam dele no escrit�rio e a postos no telefone.

"Foi com muita luta. A gente ficou v�rios dias, 20 praticamente, das 8 da manh� �s 10 da noite atr�s de pessoas, atr�s de atletas, e no dia da apresenta��o, n�s apresentamos 22 atletas. Foi um momento muito complicado, mas a gente conseguiu fazer a apresenta��o da nova equipe da Chapecoense", conta, relembrando aqueles momentos de ang�stia.

Em 21 de janeiro, a Chapecoense voltava � Arena Cond� para enfrentar o Palmeiras, em um amistoso que come�ou com uma emocionante homenagem �s v�timas e a entrega da Copa Sul-americana, concedida a pedido do Atl�tico Nacional, clube colombiano que a Chape enfrentaria na final que nunca disputou.

"Foi um dia de muita emo��o, de dor. Cada familiar recebeu a medalha da conquista da Copa Sul-americana e o choro foi inevit�vel. Afinal, era a primeira vez que sentia essa dor pessoalmente", lembrou por e-mail o jornalista Rafael Henzel, que menos de dois meses depois de ter sobrevivido � trag�dia em Medell�n, narrou o jogo por r�dio.

- O milagre Ruschel -

O fren�tico futebol moderno n�o espera ningu�m e poucos dias depois a Chapecoense voltava ao campeonato catarinense, que acabaria vencendo.

Quase ao mesmo tempo, o time que h� apenas oito anos disputava a quarta divis�o estreava com vit�ria na Libertadores, disparando as expectativas da retomada. Mas a dura realidade n�o demoraria a reencontrar o 'Verd�o do Oeste', que seria eliminado do torneio por um erro de escala��o, antes das decep��es na Copa do Brasil e na Sul-americana.

Descontente com o jogo, a torcida na Arena Cond� protestou e, na sequ�ncia, Vagner Mancini, primeiro, e depois seu substituto, Vin�cius Eutr�pio, foram demitidos deixando a Chape na zona de rebaixamento.

Mas, enquanto a reconstru��o se dificultava em campo e os familiares de algumas v�timas denunciavam a desaten��o do clube, a Chape continuava recebendo homenagens em v�rias partes do mundo, equilibrando luto, agradecimento e a necessidade de seguir adiante.

Uma das homenagens mais impactantes ocorreu em 7 de agosto, em Barcelona, onde, aplaudido por Messi, Su�rez e companhia, Alan Ruschel fez seu retorno ao futebol. Em 252 dias, o lateral tinha sa�do de sobrevivente do inferno em Cerro Gordo � volta aos gramados no Camp Nou, em uma recupera��o quase milagrosa.

"Alan Ruschel iluminou a vida de muitas pessoas pela esperan�a e supera��o que demonstrou", lembra Henzel, que em sua conta no Twitter tem duas datas de nascimento: a real, em 1973, e a mais recente, 29 de novembro de 2016.

- Irm�os -

Tamb�m renasceram ali o goleiro Jakson Follmann, que perderia depois uma perna, e o zagueiro Helio Neto, que ficou quase um m�s internado.

Ao lado de Ruschel, os dois se tornaram os pilares da reconstru��o de uma equipe que se espelha neles. Ainda muito fr�gil, em 6 de janeiro Neto foi de muletas receber os novos jogadores para dar-lhes as boas-vindas em seu vesti�rio.

Era urgente voltar a viver, a jogar.

Enquanto isso, Follmann continuava no hospital, mas o abatimento n�o combina com este jovem de sorriso largo e pressa para seguir adiante.

No ano em que teve que reaprender a andar, Follmann se tornou embaixador do clube e, com seus 'irm�os' como padrinhos, casou-se com a namorada, Andressa, em uma grande festa que o acidente os for�ou a adiar.

Os tr�s voltariam a se abra�ar e a cantar o "Vamos, vamos, Chape" no dia em que a Chape garantiu a vaga na primeira divis�o, no mesmo vesti�rio onde haviam comemorado tanto um ano atr�s.

Nada mais � como antes, mas tanto eles quanto a Chapecoense continuam vivos.


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