A Justi�a alem� decidiu nesta quarta-feira (29) ordenar a pris�o de um idoso de quase 100 anos, Oskar Gr�ning, ex-contador do campo de exterm�nio de Auschwitz, para cumprir sua senten�a de quatro anos de pris�o.
Atualmente com 96 anos, Gr�ning � um dos �ltimos ex-nazistas a responder por suas a��es perante os tribunais, mais de 70 anos ap�s o final da Segunda Guerra Mundial. Nenhum dos condenados mais velhos est� preso atualmente.
Em 2015, ele foi sentenciado a quatro anos de pris�o por "cumplicidade" no assassinato de 300 mil judeus. Na ocasi�o, o acusado pediu desculpas e evocou uma "falha moral".
Ainda assim, apresentou recurso contra sua condena��o, confirmada no ano passado pelo Tribunal Federal. Nesta quarta-feira, a Justi�a considerou que ele est� "apto" para cumprir sua senten�a.
"Com base na opini�o de peritos, o tribunal presume que o condenado est� apto a cumprir a senten�a, apesar de sua idade avan�ada", afirmou, em um comunicado, o Tribunal de Apela��o de Celle, centro da Alemanha.
- Igualdade para cumprir pena -
O tribunal confirmou assim um primeiro julgamento proferido na mesma dire��o em meados de agosto.
O condenado tem a possibilidade de iniciar um �ltimo recurso, mas a decis�o sobre esta apela��o n�o tem efeito suspensivo.
O Estado tem a obriga��o de garantir aos cidad�os "a confian�a no funcionamento das institui��es e assegurar a igualdade de tratamento de todas as pessoas declaradas culpadas nos processos penais", afirmou o tribunal.
No entanto, devido � idade avan�ada de Gr�ning, o centro de deten��o ter� de fornecer equipamentos adequados e cuidados m�dicos.
Durante seu julgamento em julho de 2015, o ex-contador foi censurado por aceitar "um trabalho de escrit�rio seguro" em uma "m�quina destinada a matar pessoas" e "insuport�vel para o esp�rito humano".
Em suas requisi��es, o promotor colocou na balan�a a "contribui��o menor" de Oskar Gr�ning para o funcionamento de Auschwitz, que se tornou s�mbolo do inferno vivido nos campos de concentra��o, com um n�mero "quase inimagin�vel" de v�timas.
Enquanto o homem assumiu uma "falha moral" e pediu desculpas, sua defesa implorou a absolvi��o, justificando que ele n�o "contribuiu" de forma concreta para o Holocausto.
Muito antes de ser pego pela Justi�a, este ex-volunt�rio no Waffen SS havia contado sua experi�ncia em Auschwitz, de 1942 a 1944, em um livro de mem�rias para seus familiares e em longas entrevistas para "lutar contra o negacionismo".
"Auschwitz � um lugar, no qual ningu�m deveria ter-se envolvido", admitiu ele.
As partes civis comemoraram que, "pela primeira vez depois de meio s�culo de julgamento de crimes nazistas, um acusado reconhece oficialmente sua culpa e pede desculpas por isso".
- Processos tardios -
As acusa��es contra o ex-SS foram baseadas em dois pontos: na acusa��o de ter apoiado o regime financeiramente, enviando dinheiro dos deportados para Berlim, e por ter assistido tr�s vezes � separa��o na entrada do campo dos rec�m-chegados entre os considerados aptos ao trabalho e aqueles imediatamente mortos.
Ele se defendeu, assegurando que seu �nico papel era evitar o roubo da bagagem dos deportados, sem qualquer liga��o com o exterm�nio, e lembrou seus tr�s pedidos infrut�feros de transfer�ncia para a frente de combate.
O ex-contador de Auschwitz � um dos �ltimos nazistas a comparecer perante os tribunais.
Da mesma forma, outros tr�s r�us - John Demjanjuk, Reinhold Hanning e Hubert Zafke - foram todos condenados nos �ltimos anos, ilustrando a severidade, mas muito tardia, da Justi�a alem�.
No caso de Hubert Zafke, um ex-enfermeiro de Auschwitz de 96 anos, a Justi�a alem� arquivou o processo em setembro, considerando que ele n�o era mais "apto a comparecer diante do tribunal", uma decis�o que chocou as fam�lias das v�timas.
Cerca de 1,1 milh�o de pessoas, judeus em sua maioria, morreram no campo de Auschwitz-Birkenau entre 1940 e 1945.