
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reconhecer� nesta quarta-feira Jerusal�m como a capital de Israel, ignorando d�cadas de uma diplomacia cautelosa de Washington sobre este tema sens�vel para o Oriente M�dio e as advert�ncias de l�deres regionais.
Trump anunciar� sua decis�o �s 18H00 GMT (16H00 Bras�lia) de quarta-feira, quando "dir� que o governo dos Estados Unidos reconhece Jerusal�m como capital de Israel", revelou um alto funcion�rio, que pediu para n�o ser identificado.
O presidente tamb�m determinar� que se prepare a transfer�ncia da embaixada dos Estados Unidos de Tel-Aviv para Jerusal�m, mas este movimento poder� exigir "alguns anos".
"Exigir� algum tempo para se encontrar um local para atender as quest�es de seguran�a, projetar o pr�dio, financi�-lo e constru�-lo", destacou o funcion�rio.
Trump n�o estabelecer� agora um calend�rio para a mudan�a da sede diplom�tica, acrescentou.
Aviso a Abbas e rea��o �rabe
Mais cedo, durante uma s�rie de telefonemas diplom�ticos, Trump informou ao l�der palestino, Mahmud Abbas, e ao rei da Jord�nia, Abdullah II, que o projeto profundamente pol�mico que representa o reconhecimento americano de Jerusal�m como capital de Israel avan�ava, embora n�o tivesse uma data para conclu�-lo.
O estatuto de Jerusal�m � um tema-chave no conflito israelense-palestino, e ambas as partes reivindicam a cidade como sua capital.
A not�cia sobre a inten��o de Trump gerou rea��es de rep�dio na comunidade �rabe.
A Liga �rabe pediu que Washington reconsidere sua decis�o, enquanto o rei Salman, da Ar�bia Saudita, aliado dos Estados Unidos na regi�o, advertiu que a mudan�a poderia desatar "a ira dos mu�ulmanos em todo o mundo".
� noite, o presidente americano falou com o rei Salman e o presidente eg�pcio, Abdel Fattah Al-Sisi. Ambos advertiram-no a n�o avan�ar na mudan�a de embaixada.
"� uma iniciativa perigosa", disse o rei saudita, reportou de Riade a emissora de TV Al Ekhbariya.
O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, disse a Trump que o estatuto de Jerusal�m � uma "linha vermelha para os mu�ulmanos" e amea�ou cortar os la�os diplom�ticos da Turquia com Israel.
O secret�rio-geral da Liga �rabe, Ahmed Abul Gheit, expressou que os membros da entidade decidiram se reunir no Cairo diante do "perigo desta quest�o e suas poss�veis consequ�ncias negativas n�o s� para a situa��o da Palestina, mas tamb�m na regi�o �rabe e isl�mica".
As mesmas palavras foram usadas pelo l�der do movimento isl�mico palestino Hamas, Ismail Haniyeh, para quem "o reconhecimento da administra��o americana de Jerusal�m ocupada como a capital da ocupa��o e a transfer�ncia da embaixada para Jerusal�m ultrapassam todas as linhas vermelhas".
Em carta enviada a dirigentes �rabes e mu�ulmanos, o movimento isl�mico convocou os palestinos dos Territ�rios a se manifestarem na sexta-feira, proclamando, segundo uma express�o j� consagrada, um "dia de c�lera".
Em virtude do an�ncio de manifesta��es anunciadas pelos palestinos, Washington decidiu restringir a seus funcion�rios qualquer deslocamento pessoal na Cidade Velha de Jerusal�m.
A interdi��o vale tamb�m para a Cisjord�nia, territ�rio palestino ocupado por Israel e cont�guo a Jerusal�m, acrescentou o Departamento de Estado. Apenas deslocamentos oficiais "essenciais", seguidos de medidas de seguran�a suplementares, est�o autorizados.
O Departamento de Estado advertiu, ainda, que "os cidad�os americanos devem evitar os locais onde se concentrem multid�es e os lugares onde houver forte presen�a policial ou militar".
A transfer�ncia da embaixada de Tel Aviv para Jerusal�m foi uma das principais promessas de campanha de Trump.

Processo de paz
Trump diz querer relan�ar os di�logos de paz congelados entre Israel e os palestinos em busca de um "acordo definitivo", mas seu reconhecimento de Jerusal�m como capital de Israel poder� destruir tal esfor�o, alertou um funcion�rio palestino.
"N�o aceitaremos mais a media��o dos Estados Unidos, n�o aceitaremos a media��o de Trump. Ser� o fim do papel desempenhado pelos americanos neste processo", disse Nabil Chaath, alto conselheiro do presidente palestino, Mahmud Abbas.
A presid�ncia palestina disse que Trump informou Abbas sobre "sua inten��o de transferir a embaixada dos Estados Unidos" em Israel, durante uma conversa por telefone entre os dois dirigentes.
Durante a conversa, Abbas advertiu Trump das "perigosas consequ�ncias de tal decis�o sobre o processo de paz, a seguran�a e a estabilidade na regi�o e no mundo", acrescentou a Autoridade Palestina em um comunicado.
Abbas reafirmou sua "posi��o firme sobre que n�o pode ter Estado palestino sem Jerusal�m leste como capital, conforme as resolu��es e a lei internacionais e a iniciativa de paz �rabe", destacou o texto.
O secret�rio-geral da Organiza��o para a Liberta��o da Palestina (OLP), Saeb Erakat, destacou que a mudan�a da embaixada americana a Jerusal�m provocaria um desastre.
O presidente franc�s, Emmanuel Macron, advertiu Trump que o estatuto de Jerusal�m deve ser decidido "no marco das negocia��es de paz entre israelenses e palestinos".
Israel v� "oportunidade hist�rica"
Em meio a desacordos internos na Casa Branca, v�rios funcion�rios americanos n�o puderam informar o que Trump vai decidir.
No entanto, o ministro israelense da Defesa, Avigdor Lieberman, solicitou ao presidente americano para aproveitar esta "oportunidade hist�rica".
Todas as embaixadas estrangeiras em Israel ficam em Tel Aviv, com representa��es consulares em Jerusal�m.
Em 1995, o Congresso americano adotou uma lei prevendo a transfer�ncia da embaixada para Jerusal�m. No entanto, uma cl�usula permite aos presidentes adiar a mudan�a por seis meses renov�veis, uma medida que foi utilizada por Bill Clinton, George W. Bush e Barack Obama.
Supunha-se que Trump assinaria na segunda-feira o decreto para adiar por mais seis meses a transfer�ncia da embaixada americana para a Cidade Santa.