No Natal na Alemanha n�o pode faltar o marzip�, uma pasta de a��car, clara de ovo e am�ndoa mo�da que remonta � Idade M�dia, mas a tradi��o encara a explos�o dos pre�os, o que levou os confeiteiros a inovar.
"O marzip� tem uma imagem um pouco antiquada", admite Janine Judetzki, porta-voz do fabricante alem�o Lemke.
Segundo a tradi��o de Lubeca, uma cidade portu�ria do norte da Alemanha e ber�o deste doce, hoje muito popular nas festas de fim de ano, a produ��o de marzip� come�ou no s�culo XV.
Muito male�vel, pode ser esculpido em m�ltiplas formas, desde as cl�ssicas "batatas" marrons (pequenas bolas de marzip� cobertas de cacau em p�) at� cora��es, frutas e o "porco da sorte", tradicional no Ano Novo.
Apreciado pelos soberanos prussianos, esse doce tamb�m recebeu elogios de escritores, como Thomas Mann, natural de Lubeca e cujo rosto esculpido em marzip� est� exposto em um museu.
Mas a subida do pre�o da am�ndoa, devido � especula��o e ao clima - como a seca dos �ltimos anos na Calif�rnia, grande produtor -, afetou os confeiteiros. V�rios tiveram que fechar seus neg�cios - em sua maioria, empresas familiares.
Outros conseguiram se manter no mercado, como Lemke que, mais de cem anos depois de sua funda��o, quer "rejuvenescer a imagem" deste produto e "se dirigir a outros p�blicos", segundo seu porta-voz.
- Cultura alem� -
Algo parecido busca Niederegger, criada em 1806 em Lubeca, que h� dois anos lan�ou uma nova linha de marzip�s "para homens" chamada "Um assunto de homens", com sabor de castanha de caju e u�sque, embalados em pequenas caixas de ferramentas.
O produto obteve um �xito not�vel. "As mulheres compram marzip�, mas os homens tamb�m gostam de com�-lo", aponta Kathrin Gaebel, uma das porta-vozes da companhia, que hoje � dirigida pela oitava gera��o da fam�lia.
Neste entusiasmo pela inova��o, a empresa exp�e at� mesmo uma impressora 3D que confecciona miniaturas de marzip�, embora estas n�o sejam t�o delicadas como as esculpidas pelos funcion�rios.
Cerca de 60% de suas vendas s�o registradas no Natal, em um contexto complicado pela subida do pre�o das am�ndoas.
"As ind�strias da avel� e da am�ndoa sofreram muito", indica � AFP Marcia Mogelonsky, especialista do instituto de pesquisa brit�nico Mintel.
Para fazer marzip�, "necessita-se dois ter�os de am�ndoas e s� um de a��car", de modo que, se o pre�o da am�ndoa quadruplica, o do marzip� "pelo menos dobrar�", explica Gaebel.
O aumento dos pre�os dos alimentos afetou especialmente as pequenas e m�dias empresas, como a Niederegger, que emprega 750 pessoas.
Por isso, os poderes p�blicos regionais de Schleswig-Holstein destinaram em 2016 885.000 euros para a Niederegger e outra confeitaria da regi�o para que modernizassem seus meios de produ��o.
As empresas tradicionais precisam de ajudar para ser competitivas em n�vel mundial, considera Harald Haase, porta-voz do minist�rio regional de Economia.
Mas o grande respons�vel por salvar o marzip� talvez seja seu arraigo na cultura alem�.
"Quando voc� � pequeno, te d�o de presente" e mais tarde "� voc� que d� de presente �s crian�as", diz Eva Mura, outra porta-voz da Niederegger, que assegura que a empresa "tamb�m se aproveita disso".