O Facebook est� no centro de um esc�ndalo que pode amea�ar at� mesmo seu modelo comercial, ap�s ser revelado que uma empresa brit�nica ligada � campanha de Donald Trump usou dados pessoais de milh�es de usu�rios.
A a��o do Facebook recuou 6,8% na sess�o desta segunda-feira, em Wall Street.
A not�cia de que a empresa brit�nica Cambridge Analytica (CA), especializada em comunica��o estrat�gica, tinha usado dados de 50 milh�es de usu�rios do Facebook para desenvolver um software que prev� e influencia eleitores gerou protestos dos dois lados do Atl�ntico.
A senadora democrata Amy Klobuchar e o republicano John Kennedy pediram que o CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, compare�a ao Congresso, do mesmo modo que os diretores executivos de Google e Twitter.
Os dois legisladores consideram que tais empresas "acumularam quantidades de dados pessoais sem precedentes" e que a falta de supervis�o "gera preocupa��es sobre a integridade das elei��es americanas, assim como sobre os direitos � privacidade".
"Esta � uma grande viola��o (de dados) que precisa ser investigada, e � �bvio que essas plataformas n�o podem se autorregular", disse a senadora Klobuchar, que acredita que Zuckerberg deve ir ao Congresso explicar o ocorrido.
O senador Ron Wyden pediu ao Facebook que forne�a mais informa��o sobre o que chamou de "preocupante" uso de dados privados para influenciar os eleitores.
A comiss�ria europeia de Justi�a, Consumidores e Igualdade de G�nero, Vera Jourova, disse que o uso indevido dos dados do Facebook por parte de uma empresa pol�tica seria "horr�vel", e anunciou que tratar� do tema nesta semana em Washington.
No Reino Unido, o parlamentar Damian Collins, presidente da comiss�o que trata de assuntos digitais, tamb�m disse que Facebook e CA ter�o que se explicar.
A conta da CA no Facebook foi suspensa, anunciou a rede social.
Facebook, mas tamb�m Twitter e Google, s�o acusadas h� meses de servir como plataformas para manipular a opini�o p�blica, particularmente por entidades vinculadas � R�ssia durante a campanha presidencial americana, ou o referendo do Brexit em 2016.
A investiga��o conjunta do The New York Times e do The Observer indicou que a CA conseguiu criar perfis psicol�gicos de 50 milh�es de usu�rios do Facebook usando um aplicativo de previs�o de personalidade que foi baixado por 270.000 pessoas, mas tamb�m coletou dados de amigos da usu�rios.
A CA negou qualquer uso indevido de dados. O Facebook suspendeu a conta da empresa na sexta-feira, mas negou que fosse uma grande viola��o de dados, sugerindo que o problema afetaria um n�mero muito menor de usu�rios.
O Facebook anunciou nesta segunda-feira que contratou a empresa Stroz Friedberg para realizar uma "auditoria abrangente" da CA.
J� a CA desmentiu as acusa��es. "Os dados do Facebook n�o foram utilizados pela Cambridge Analytica no �mbito dos servi�os oferecidos na campanha presidencial de Donald Trump" e "nenhuma publicidade dirigida" foi realizada "para esse cliente", disse a empresa nesta segunda-feira.
A empresa foi financiada com 15 milh�es de d�lares por Robert Mercer, um empres�rio americano que fez sua fortuna em "fundos abutre" e � um dos principais doadores do Partido Republicano.
- "Grande impacto" -
Para alguns analistas, isto representa uma crise existencial para o Facebook devido ao modo como re�ne e utiliza dados sobre seus 2 bilh�es de usu�rios.
"Que o Facebook n�o perceba a diferen�a entre vender sapatos e vender um programa presidencial � um grande problema", disse Daniel Kreiss, professor de meios e comunica��o da Universidade da Carolina do Norte.
Jennifer Grygiel, especialista em redes sociais da Universidade de Syracuse, avaliou que as revela��es aumentar�o a press�o para regular o Facebook e outras redes sociais, atualmente em xeque por permitir a propaga��o de desinforma��o por parte de fontes orientadas pela R�ssia.
"A autorregulamenta��o n�o est� funcionando. Me pergunto quanto deve piorar at� que nossos reguladores intervenham e fa�am as companhias respons�veis.
Neste contexto, o chefe da seguran�a do Facebook, Alex Stamos, admitiu uma mudan�a de suas fun��es, mas desmentiu sua sa�da da empresa, como anunciou o NYT.