Dos confins do deserto do oeste americano a um museu acolhedor pr�ximo da Casa Branca: o esp�rito rebelde das obras criadas para a grande festa hedonista "Burning Man" chega � capital dos Estados Unidos.
Combinando um ambiente "Mad Max" �s festas de Ibiza, as terras empoeiradas do deserto de Black Rock, em Nevada, organizava a cada ver�o uma cidade pr�spera, autogerida pelos seus cerca de 75.000 residentes tempor�rios que criam por ocasi�o do "Burning Man" muitas obras por vezes espetaculares.
Nascido em 1986 em uma praia de San Francisco, onde uma d�zia de amigos decidiram queimar uma est�tua de madeira, o "Burning Man" agora incorpora um movimento art�stico e cultural, explica Nora Atkinson, curadora da galeria Renwick Gallery de Washington, que recebe uma exposi��o dedicada a essas obras.
Ela assumiu o desafio de expor no espa�o de um museu esta arte radical nascida no cora��o do deserto, porque "realmente difere de muitas obras de arte contempor�nea criadas neste momento", explica Atkinson, de p� em cima da madeira finamente esculpida de um "Templo" projetado pelo artista David Best para casar com as paredes do grande hall do Renwick.
E, a poucos passos da Casa Branca, a exposi��o "Spectators: The Art of Burning Man" inaugurada na sexta-feira e que ir� at� janeiro de 2019, traz um sopro alternativo bem-vindo, estima a curadora.
"No nosso tempo, quando o mundo � t�o c�nico, que as pessoas est�o t�o divididas, � realmente importante encarar uma tal for�a tranquilizante", diz Nora Atkinson. "� sobre capacitar as pessoas a assumirem o controle".
"Estamos construindo o mundo em que queremos viver", continua ela, ecoando a �tica do "Burning Man".
- Imers�o -
Foi ao participar pela primeira vez no festival no ano passado que Nora Atkinson descobriu a ebuli��o inventiva da proposta, onde artistas e amadores criam sem serem motivados pela gan�ncia.
"Trata-se de criar para o puro prazer das pessoas ao seu redor", diz ela.
Esculturas sobreviventes das edi��es anteriores do "Burning Man" e obras encomendadas para a ocasi�o, a exposi��o re�ne 14 instala��es na Galeria Renwick e seis outras no exterior, espalhadas por toda Washington. Todos utilizam materiais de "reciclagem".
Assim, o drag�o majestoso em suas rodas de Duane Flatmo, "Tin Pan Dragon", foi criado com panelas e outros utens�lios de cozinha em alum�nio.
E a grande ursa "Ursa Major", erguendo-se contra os muitos transeuntes que trabalham no centro da capital, nasceu da montagem de 170.000 moedas.
Co-autora da instala��o "HYBYCOZO", formada de grande poliedros que o visitante pode mover, Yelena Filipchuk elogia o vi�s assumido por Renwick de apostar "sem reservas na interatividade" para esta exposi��o, de acordo com a filosofia participativa de "Burning Man".
A oportunidade para os artistas de "criar um ambiente totalmente imersivo", continua enquanto as sombras projetadas por suas esculturas geom�tricas dan�am nas paredes da galeria.
Um renomado artista americano cujas instala��es luminosas dominam a escadaria central de Renwick, Leo Villareal v� a chegada em um museu da arte do ef�mero do "Burning Man" como a express�o "de um movimento cultural mundial".
"� realmente not�vel" que uma institui��o como a Smithsonian, que administra a Renwick Gallery e muitos outros museus gratuitos de Washington, "apoie a ideia do 'Burning Man'", ressalta o artista que trabalha em seu pr�ximo projeto tit�nico: iluminar mais de quinze pontes sobre o T�misa, em Londres.
Yelena Filipchuk tamb�m v� nesta exposi��o a confirma��o do status de "Burning Man" como uma verdadeira "institui��o americana". "Isso realmente representa valores americanos como criatividade, liberdade e inova��o".
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