Mark Zuckerberg, presidente fundador do Facebook, est� no centro das aten��es no Congresso americano nesta ter�a-feira (10), algo in�dito para este jovem bilion�rio de 33 anos que sempre se resguardou dos olhares do p�blico.
Descrito como "t�mido e introvertido" pela n�mero dois da rede social, Sheryl Sandberg, desde que teve in�cio o esc�ndalo da Cambridge Analytica (CA), Zuckerberg precisou se colocar na linha de frente para defender a integridade da empresa que criou quando tinha apenas 19 anos em seu quarto de estudante em Harvard.
Ele ter� que explicar como os dados de pelo menos 87 milh�es de usu�rios do Facebook foram parar na empresa brit�nica, que trabalhou para a campanha eleitoral de Donald Trump em 2016.
Nos primeiros dias de divulga��o do caso, em meados de mar�o, ele optou pelo sil�ncio, mas logo se viu for�ado a pedir desculpas a 2 bilh�es de usu�rios da rede social. Desculpas que pediu publicamente nesta ter�a-feira (10) a legisladores americanos, perante os quais se apresentou de terno e gravata, abandonando os habituais jeans e camiseta.
"N�o fizemos o suficiente para evitar que estas ferramentas fossem usadas de forma maliciosa (...) N�o tivemos uma vis�o suficientemente ampla das nossas responsabilidades e isto foi um grande erro. Foi meu erro e lamento" por isso, diz o texto de sua declara��o, difundido na segunda-feira.
N�o � seu primeiro arrependimento. Este bilion�rio ruivo e com cara de menino admitiu outros erros nos �ltimos meses, ap�s as pol�mica que sacudiram sua empresa, acusada de difundir desinforma��o e "not�cias falsas", amea�ar a democracia, criar uma depend�ncia alienante, etc.
� for�a de pol�micas, promessas e desculpas, hoje "parece um homem que n�o sabe aonde vai", diz Bob Enderle, analista do setor.
Art�fice do sucesso do Facebook, negando-se a ceder um pouco do poder, Zuckerberg encarna sua companhia e, por fim, � quem aguenta as pancadas, como recentemente mostrou a capa da revista Wired, que apresentou o jovem coberto de hematomas, como se tivesse levado uma surra.
"Eu criei o Facebook e, afinal, sou respons�vel pelo que acontece", admitiu em mar�o.
Zuckerberg, que continua vestindo roupa informal, apesar de uma fortuna estimada pela revista Forbes em 64 bilh�es de d�lares, "n�o se ocupou dos problemas de fundo", afirma a Wired.
Acusado de reagir tarde demais e pensar que pode concertar tudo sem ajuda externa, agora renova, para seu pesar, a imagem de empres�rio inexperiente e um tanto arrogante que foi capaz de romper nos meses, a ponto de ver a imprensa atribuindo-lhe inten��es presidenciais.
"Sua inexperi�ncia aparece uma vez mais", sentencia Enderle, avaliando que deveria ter sido ajudado a gerenciar melhor a crise.
"N�o � o her�i que muitas pessoas veem, sua reputa��o e imagem est�o fortemente afetadas", diz, acrescentando que "se o Facebook fosse uma empresa tradicional (...) ele j� teria ido embora".
- "Ing�nuo" e apressado -
"Acho que � sincero e est� motivado pelo desejo de se aproximar (das pessoas), mas provavelmente cada vez mais frustrado pelas consequ�ncias inesperadas de sua ambi��o ing�nua e da pressa com que se conduz. Penso que chegou a um ponto em que a melhor forma de gerenciar sua ambi��o � partir", escreveu o autor e jornalista Devin Coldewey � revista TechCrunch.
Para muitos, o Facebook de alguma forma esquivou seu criador, que come�ou muito jovem o que n�o era mais que um �lbum de fotos universit�rio antes de encontrar a f�rmula m�gica que o tornaria bilion�rio: os dados pessoais dos usu�rios.
Conseguiu torn�-lo um modelo econ�mico de efici�ncia formid�vel, que atrai em massa os anunciantes, �vidos por chegar melhor aos usu�rios.
Mas o modelo � fr�gil porque se baseia na confian�a, agora socavada. Desde o come�o de todo o caso CA, o Facebook perdeu muito no mercado de a��es, ilustrando a agita��o dos investidores.
Nascido em 14 de maio de 1984 no sub�rbio de Nova York, filho de pai dentista e m�e psiquiatra, que o introduziram na programa��o de computadores aos 11 anos, Zuckerberg foi aluno da prestigiosa Universidade de Harvard.
Seus primeiros anos como empres�rio foram agitados. O presidente-executivo foi acusado por ex-colegas universit�rios de ter roubado deles a ideia do Facebook, um epis�dio contado no filme "A Rede Social", de 2010, dirigido por David Fincher.
Eleito "Homem do ano" pela revista Time em 2010, � casado com Priscilla Chan, com quem tem duas filhas.