Andr�s Manuel L�pez Obrador teve uma noite de domingo (dia 1º) triunfante: foi eleito presidente do M�xico, seu partido venceu quatro das oito elei��es para governador, fez a prefeita da capital e obteve maioria no Congresso.
Nessa segunda-feira (02-07), adotou um tom conciliador em duas frentes importantes: tranquilizou os mercados e quebrou o gelo com o presidente dos EUA, Donald Trump. Em conversa por telefone, eles discutiram seguran�a e redu��o da imigra��o.
Trump e Obrador conversaram sobre imigra��o, com�rcio e quest�es de seguran�a. "Recebi um telefonema de Trump e conversamos durante meia hora. Eu lhe pedi que discut�ssemos um acordo integral e projetos de desenvolvimento que criem empregos no M�xico. Com isso, podemos reduzir a imigra��o e melhorar a seguran�a", escreveu Obrador no Twitter.
O presidente americano tamb�m comentou o di�logo. "Acho que o nosso relacionamento ser� muito bom e acredito que isso vai nos ajudar na fronteira", disse Trump, em declara��es � imprensa na Casa Branca. "Tivemos uma grande conversa, de cerca de meia hora, e falamos sobre a seguran�a das fronteiras, com�rcio e Nafta (Tratado de Livre Com�rcio da Am�rica do Norte), com a possibilidade de um acordo em separado, apenas entre M�xico e EUA."
Foi a primeira de muitas conversas. O mandato de Obrador � de seis anos. Trump buscar� a reelei��o em 2020, o que lhe permitiria ocupar a Casa Branca at� 2024. O M�xico tem uma grande depend�ncia comercial dos EUA - 80% de suas exporta��es cruzam a fronteira americana. Mas Obrador tem algumas armas, principalmente a imigra��o e o narcotr�fico, problemas que exigem coopera��o bilateral.
Outra for�a de Obrador nas negocia��es com os EUA est� na China. Segundo Luis Oganes, chefe de pesquisa econ�mica do JP Morgan para a Am�rica Latina, o M�xico investe 2,6% do PIB em infraestrutura, mas Obrador prometeu aumentar para 5%. "A China est� muito interessada em investir em projetos mexicanos", disse Oganes, que acredita no incremento comercial entre os dois pa�ses. Por isso, se Trump pretende conter o avan�o chin�s na Am�rica Latina, segundo analistas, n�o pode se afastar do novo presidente do M�xico.
Reconcilia��o
O presidente do M�xico, Enrique Pe�a Nieto, tamb�m colocou � disposi��o de Obrador sua equipe ministerial para realizar uma transi��o "ordenada e eficiente". Os dois se reunir�o nesta ter�a-feira, 3, no Pal�cio Nacional e discutir�o um dos temas mais controvertidos da campanha: a suspens�o da constru��o do aeroporto internacional da Cidade do M�xico, obra que custar� US$ 13 bilh�es.
Obrador assume a presid�ncia apenas no dia 1º de dezembro. At� l�, ele anunciou que far� um giro por munic�pios, que ajudar� sua equipe na elabora��o do que ele chamou de "projeto de na��o" - esp�cie de refunda��o do pa�s.
Segundo os primeiros resultados divulgados pelo Instituto Nacional Eleitoral, ele deve obter 53% dos votos - vota��o que os mexicanos n�o viam desde os tempos em que o PRI fraudava as elei��es. As proje��es tamb�m indicam que ele ter� maioria no Congresso. Sua coliga��o far� 65 dos 128 senadores e 255 dos 500 deputados.
Das oito elei��es estaduais, seu partido, o Movimento da Regenera��o Nacional (Morena), venceu em quatro - Veracruz, Morelos, Tabasco e Chiapas - e ainda elegeu Claudia Sheinbaum, a primeira mulher para comandar a Cidade do M�xico.
(Cristiano Dias, enviado especial)