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Estado de Minas

Como a Venezuela vai sobreviver a uma infla��o de 1.000.000%?

Crise econ�mica � sem paralelo na hist�ria e condi��es de vida deterioram dia a dia. Um quilo de frango hoje no pa�s custa um sal�rio m�nimo


postado em 27/07/2018 08:51 / atualizado em 27/07/2018 09:52

Salário mínimo de um venezuelano vale atualmente US$1,50 pela taxa do mercado paralelo(foto: Federico PARRA / AFP)
Sal�rio m�nimo de um venezuelano vale atualmente US$1,50 pela taxa do mercado paralelo (foto: Federico PARRA / AFP)

A infla��o da Venezuela pode chegar a 1.000.000% este ano, segundo uma proje��o do FMI que d� margem a muitos cen�rios e a uma �nica certeza: a dram�tica deteriora��o das condi��es de vida no pa�s.

Hoje a sal�rio m�nimo de um venezuelano - 1,50 d�lar pela taxa do mercado paralelo - d� somente para comprar um quilo de frango. As finan�as p�blicas definham com a queda da produ��o petroleira, respons�vel por 96% das receitas do pa�s.

O horizonte sombrio apontado pelo FMI - com uma queda de 18% do PIB - n�o surpreende a popula��o, que enfrenta a crise diariamente.

"Nada mais me surpreende. Todos os dias as coisas aumentam. N�o � gradual, � exponencial", comentou � AFP Marcos Salazar enquanto comia um hamb�rguer que custou um sal�rio m�nimo.

Professor de 31 anos, ele sobrevive com tr�s trabalhos e remessas de familiares no exterior.

Estima-se que 1,6 milh�o de venezuelanos tenham emigrado desde 2016 por causa da crise, que segundo as principais universidades do pa�s elevou a pobreza para 87% em 2017.

O FMI acredita que esse �xodo se intensificar� ainda mais pela escassez de comida e medicamento e pela deteriora��o dos servi�os p�blicos, com um forte impacto na regi�o.
Loja fechada pela crise tem grafiti que pergunta:
Loja fechada pela crise tem grafiti que pergunta: "H� p�o?" (foto: Juan BARRETO / AFP)

Reformas profundas, �nica sa�da


Segundo a Opep, a produ��o da estatal petroleira, quase �nica fonte de divisas, caiu de 3,2 milh�es de barris di�rios (mbd) em 2008 para 1,5 milh�es em junho deste ano, sem conseguir aproveitar a recupera��o dos pre�os no mercado internacional.

A redu��o continuar� at� os 1,3 mbd no fim do ano, segundo a consultora Ecoanal�tica, acentuando um d�ficit que especialistas avaliam em 20% do PIB.

"S� se sai da hiperinfla��o com reformas econ�micas profundas. Assim terminaram todos os casos", disse � AFP Henkel Garc�a, diretor da consultora Econom�trica, lembrando que esses fen�menos n�o se mant�m de forma permanente, como demostrou o caso do Zimb�bue.

O FMI prev�, entretanto, que o governo socialista de Nicol�s Maduro continuar� cobrindo o d�ficit com financiamento monet�rio, o que impulsiona ainda mais a infla��o.

A base monet�ria se multiplicou por 250 nos �ltimos dois anos, segundo o Banco Central.

Garc�a diz que al�m de frear essa expans�o, � necess�rio resgatar a ind�stria - que funciona com 30% de sua capacidade - e desmontar o controle de pre�os e da taxa de c�mbio, que confere ao Estado o monop�lio das divisas.

Tamb�m � fundamental encontrar financiamento, com o obst�culo das san��es dos Estados Unidos contra a Venezuela e a PDVSA, em default parcial por n�o pagar t�tulos da d�vida.

Para a Econom�trica, � preciso injetar entre 20 e 30 bilh�es de d�lares anuais por dois ou tr�s anos.

No entanto, "n�o se vislumbra interesse algum do Executivo para modificar a pol�tica econ�mica", exceto algumas flexibiliza��es cambiais, considera a Ecoanal�tica em seu relat�rio mais recente de perspectivas.
Trabalhadores protestam país afora contra a miséria, a fome e a falta de emprego(foto: Federico PARRA / AFP)
Trabalhadores protestam pa�s afora contra a mis�ria, a fome e a falta de emprego (foto: Federico PARRA / AFP)

Explos�o incerta


Maduro, cuja reelei��o em 20 de maio n�o foi reconhecida em grande parte da comunidade internacional, tem � frente um desafio de equilibrista para n�o perder o controle.

Ele enfrenta crescentes protestos de funcion�rios estatais por melhorias salariais e de cidad�os cansados das cont�nuas falhas nos servi�os p�blicos.

Essas manifesta��es, entretanto, est�o isoladas e contam com a lideran�a da oposi��o, por enquanto desarticulada e com v�rios l�deres presos ou exilados.

"O protesto social continuar� aumentando", declarou � AFP o analista pol�tico Michael Penfold.

Ao mesmo tempo, e com recursos escassos, o governo deve atender �s demandas de uma coaliz�o governante composta - segundo a Ecoanal�tica - por "m�ltiplos grupos captadores de rendas".

"� prov�vel que apenas a piora da crise gere as press�es necess�rias para alterar o equil�brio" dessa alian�a ou, inclusive, "provoque sua substitui��o", adverte a Ecoanal�tica, que prev� mudan�as estruturais no come�o de 2019.

Para o cientista pol�tico Miguel Mart�nez Meucci, "a principal amea�a para Maduro continua sendo o racha das For�as Armadas", cujo alto comando, com grande poder pol�tico e econ�mico, lhe jura lealdade.

"Embora um conflito social possa propiciar isso, o regime trabalha noite e dia para sufocar ambas as coisas", disse � AFP.

Dirigentes do chavismo elevaram nos �ltimos dias suas vozes pedindo mudan�a econ�mica. Essas tens�es poder�o vir � tona no congresso do partido do governo, que come�ar� no s�bado.

"Temos 19 anos de revolu��o, j� somos respons�veis pelo bem e pelo mal", afirmou Freddy Bernal, influente colaborador de Maduro, reconhecendo que "a governabilidade foi perdida".


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