O "Queermuseu" abre neste s�bado (18) no Parque Lage, zona sul do Rio de Janeiro, quase um ano ap�s ser for�ado a encerrar a exposi��o em Porto Alegre, ap�s campanha de grupos conservadores que o acusaram de incentivar a "pedofilia", a "zoofilia" e de atacar o cristianismo.
O encerramento prematuro da mostra na capital ga�cha alarmou o mundo art�stico e abriu discuss�es sobre a volta da censura nas artes, mais de tr�s d�cadas depois do fim da ditadura militar (1964-1985).
Sua instala��o na Escola de Artes Visuais (EAV), no Parque Lage, um palacete buc�lico, cercado de verde, aos p�s do Cristo Redentor, ocorre gra�as a uma forte campanha de financiamento coletivo ('crowfunding'), que arrecadou mais de um milh�o de reais atrav�s de m�ltiplas iniciativas, entre elas um show in�dito de Caetano Veloso.
Tamb�m foi poss�vel pelo empenho de curadores e artistas, que desafiaram o veto do prefeito do Rio, o pastor evang�lico licenciado Marcelo Crivella, ao projeto de receber a mostra no fim do ano passado mo Museu de Arte do Rio (MAR, municipal).
"� um momento muito importante para a democracia brasileira. Uma demostra��o contundente para que os setores mais progressistas n�o aceitem a censura (...) Nunca houve um ato de censura dessa dimens�o e gravidade depois do per�odo p�s-ditadura", disse na quinta-feira o curador da mostra, Gaudencio Fidelis, na coletiva de apresenta��o da exposi��o.
Com mais de 200 obras de 82 artistas brasileiros do n�vel de Adriana Varej�o, Alair Gomes, Alfredo Volpi e Candido Portinari, o "Queermuseu" (algo como museu gay, em tradu��o livre) ficar� aberto ao p�blico de forma gratuita durante um m�s.
Paralelamente, haver� debates sobre diversidade sexual ou direitos da comunidade LGBT e tamb�m shows de m�sica com artistas 'queer'.
A mostra ser� praticamente igual � de Porto Alegre, com as mesmas obras provocativas que escandalizaram o Movimento Brasil Livre (MBL): quadros que ilustram menores em poses afeminadas ("Crian�a viada, travesti da lambada"), outro no qual Jesus � representado como um macaco nos bra�os de Maria, ilustra��es de v�rias pr�ticas sexuais em uma adapta��o dos tradicionais quadros er�ticos japoneses e h�stias com v�rias inscri��es como "cu" ou "vagina".
Isto sim, um cartaz na entrada avisa que a mostra n�o � recomendada para menores de 14 anos e tamb�m alerta o visitante de que ali ele ver� nus.
- Seguran�a por precau��o -
"Esperamos um enorme sucesso de visitas n�o pela pol�mica. As pessoas ver�o que havia uma falsa premissa, uma pol�mica fabricada. A sociedade poder� ver agora o que � a natureza desta exposi��o", acredita Fidelis.
Os organizadores asseguram que n�o temem novas manifesta��es de grupos de direita mas, por acaso, contrataram uma empresa de seguran�a e o "Queermuseu" ser� vigiado por mais de 20 agentes, com refor�o de novas c�meras instaladas no recinto.
O diretor do EAV, Fabio Szwarcwald, garante que s� receberam uma dezena de e-mails contr�rios � abertura da exposi��o, diferentemente de seus colegas do MAR, que receberam centenas e, inclusive, uma "amea�a de morte".
"N�o estou t�o preocupado com essa quest�o porque desde que a gente iniciou a campanha foi muito diferente do que ocorreu no MAR", disse Szwarcwald.
O MBL, que liderou o boicote ao "Queermuseu" quando o Banco Santander o inaugurou em Porto Alegre, promete ficar quieto alegando que nesta ocasi�o a exposi��o � financiada com recursos privados e n�o com incentivos fiscais p�blicos, que "sexualizam as crian�as".
"Eles est�o rezando para o MBL participar porque se n�o fosse por n�s, ningu�m veria essa bosta", disse � AFP Renan Santos, um dos fundadores do MBL, grupo que ficou conhecido durante as passeatas a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff.
"Pode ir todo mundo pelado l�", ironizou.