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Estado de Minas

Confusos com as reformas de Maduro, venezuelanos temem mais infla��o


postado em 22/08/2018 21:18

Habituado a falar de milh�es, Alexander, oper�rio, olha confuso os 10 bol�vares que acaba de retirar de um banco de Caracas, ap�s meia hora de fila. "N�o sei o que posso comprar com isso, n�o entendo", diz sorridente.

As ruas da Venezuela se adaptam lentamente �s reformas econ�micas que o presidente Nicol�s Maduro colocou em vigor na segunda-feira.

As novas notas - com cinco zeros a menos em meio � hiperinfla��o - j� podem ser retiradas em longas filas de caixas autom�ticos, e os pagamentos eletr�nicos se normalizaram nesta quarta-feira.

Entretanto, muitos se complicam ao pagar ou receber bol�vares com cinco zeros a menos.

"As pessoas n�o sabem com qual nota pagar o transporte, se com a nova ou a antiga. N�o sabem que c�mbio vai ser dado", afirmou � AFP Jos� Bravo, um aposentado de 63 anos.

Complicando as transa��es, as novas notas conviver�o com as da velha fam�lia, devorada pela infla��o, porque s� servem para pagar o transporte ou a gasolina mais barata do mundo.

"Se eu der uma nota de dois bol�vares (200.000 das antigas notas) e a passagem custa 0,6 (60.000 bol�vares de antes) Como voc� tem o troco? �s vezes eles d�o com as notas antigas e as pessoas perdem dinheiro", disse � AFP Jonathan Campos, t�cnico em inform�tica.

Manuel, um mototaxista em Caracas, ainda n�o foi pago com as novas notas, mas ri de como seus clientes se confundem quando fazem transfer�ncias de seus celulares.

"Uma corrida curta custa 20 bol�vares (dois milh�es das notas antigas), e as pessoas �s vezes pensam que s�o 200 ou 2.000, mas eu sou bom, n�o me aproveito e explico", assegura o motorista.

- '� uma loucura' -

Muitos apoiam o aumento do sal�rio m�nimo em cerca de 3.400%, ficando em 30 d�lares segundo a cota��o oficial. N�o obstante, todos temem que em poucos meses seja pulverizado pela hiperinfla��o, que segundo o FMI poderia superar 1.000.000% este ano.

"Esse aumento � uma loucura, � muito excessivo e o que vai trazer � desemprego, porque muitos empres�rios v�o ter que demitir pessoas. E os que pagarem, v�o ter que aumentar os pre�os", assinalou Manuel.

Jonathan considera que os aumentos salariais deveriam ser acompanhados por um aumento na produ��o, algo que descarta pela queda das exporta��es petroleiras (fonte de 96% das divisas do pa�s).

A produ��o de petr�leo na Venezuela est� em queda: dos 3,2 milh�es de barris di�rios que foram exportados em 2008, agora apenas 1,4 milh�o s�o produzidos, segundo a estatal petroleira Pdvsa.

"Se n�o h� bens, isso se traduz em infla��o. H� mais dinheiro na rua e os pre�os sobem", explicou Jonathan, o t�cnico em inform�tica.

- 'Maquiagem � crise' -

Alguns, como Jos� Bravo, defendem o aumento e pedem ao governo que congele os pre�os dos produtos b�sicos, em grave escassez.

Os ministros se reuniram nesta quarta-feira para definir "pre�os justos" de v�rios produtos. O governo socialista diz ser v�tima de uma "guerra econ�mica" da direita que contempla o aumento dos pre�os para gerar descontentamento e derrubar o presidente.

"Os empres�rios querem destruir o pa�s. O que Maduro tem que fazer � congelar os pre�os", considerou Jos�.

A Procuradoria e a Superintend�ncia de Defesa dos Direitos Socioecon�micos (Sundde) come�aram a supervisionar estabelecimentos comerciais com 68 procuradores especialistas em crimes econ�micos, para evitar aumentos.

O gerente e subgerente de um supermercado em Caracas foram detidos por uma "remarca��o de pre�o de at� 200%", anunciou o ministro do Interior, N�stor Reverol, e a Sundde informou de pelo menos outros cinco respons�veis por supermercados foram presos.

Em meio a uma grave escassez de medicamentos, a Sundde ordenou que uma das principais cadeias farmac�uticas do pa�s congelasse seus pre�os.

"Pro�be voc� ajustar seus pre�os depois de um enorme aumento salarial. A empresa sofrer� uma perda consider�vel de estoques. A reposi��o ser� feita a um pre�o muito mais alto do que o vendido", disse � AFP o economista Henkel Garc�a, diretor da empresa Econom�trica.

O economista e o mototaxista concordam: "Se o governo coloca pre�os fixos, os produtos desaparecem", resumiu Manuel, ligando sua motocicleta.

Muitos venezuelanos, que passam horas em fila para comprar produtos escassos, como o p�o, parecem resignados com o fato de as reformas n�o funcionarem.

"O que eles fizeram foi maquiar a crise, o poder aquisitivo continua o mesmo. Estamos em uma suposta paz que est� prestes a explodir", disse Jonathan.


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