
As bandeiras foram hasteadas a meio mastro na capital dos Estados Unidos neste domingo (26), no dia seguinte ao falecimento do senador republicano John McCain, ex-piloto na Guerra do Vietn� e candidato � Casa Branca com uma trajet�ria pol�tica tumultuada, mas homenageado de forma quase un�nime. O senador republicano do Arizona morreu no s�bado (25) ap�s treze meses de luta contra um c�ncer cerebral, e um dia ap�s ter abandonado seu tratamento m�dico. Ele tinha 81 anos e sete filhos, incluindo tr�s de um primeiro casamento.
Como para John F. Kennedy, Ronald Reagan e Rosa Parks, seu caix�o foi exposto na rotunda do Capit�lio em Washington, uma honra reservada para aqueles que marcaram a hist�ria dos Estados Unidos. Depois, seguiu para o Arizona, o estado des�rtico do sudoeste do pa�s que ele representou por mais de 35 anos no Congresso. O funeral ser� realizado na Catedral Nacional de Washington.
Os ex-presidentes Barack Obama e George W. Bush, um democrata e um republicano, dever�o pronunciar os elogios f�nebres, a seu pedido, de acordo com o Times. V�rios meios de comunica��o informaram que h� v�rios meses o senador solicitou expressamente que Donald Trump n�o participasse, sendo representado pelo vice-presidente Mike Pence.
Ele dever� ser enterrado no Cemit�rio da Academia Naval de Annapolis, na costa leste, onde cumpriu seu treinamento militar inicial. Este programa n�o foi confirmado pelo gabinete do senador. Ele mesmo havia revelado em 2015 o epit�fio que queria em sua l�pide: "Ele serviu ao seu pa�s". "Patriota", "her�i", "combatente", "inconformado": muitas eram as palavras utilizadas em homenagem a este �cone da pol�tica americana.

"Era um patriota. Independente do partido, era um patriota", disse Hillary Clinton, em uma entrevista emocionante na CNN. O atual presidente americano Donald Trump - John McCain disse em 2016 que jamais votaria no bilion�rio por quem n�o escondia seu desprezo - se limitou a escrever no Twitter uma breve mensagem de condol�ncias � fam�lia McCain, mas sem mencionar a jornada humana. "Meus p�sames e meu mais sincero respeito pela fam�lia do senador John McCain. Nossos cora��es e ora��es est�o com voc�s!", escreveu. J� sua esposa Melania, sua filha Ivanka e seu vice-presidente Mike Pence ressaltaram seu servi�o prestado � na��o.
Rea��es internacionais
John McCain visitava regularmente pa�ses estrangeiros como parte de delega��es parlamentares. Ele esteve v�rias vezes em Bagd�, no Oriente M�dio e em Kiev, onde havia apoiado a "Revolu��o Laranja". O primeiro-ministro canadense Justin Trudeau, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu e outros l�deres estrangeiros fizeram elogios em sua mem�ria. A chanceler alem� Angela Merkel prestou homenagem a "um incans�vel defensor de uma forte alian�a transatl�ntica". Theresa May, primeira-ministra brit�nica, indicou que "John McCain foi um grande estadista que incorporou a ideia de servi�o altru�sta", enquanto Emmanuel Macron, presidente da Fran�a, escreveu que o senador "foi um verdadeiro her�i americano. Ele era devotado ao seu pa�s. Sua voz far� falta". Do outro lado do Pac�fico, o China Daily o chamou de "tit� da pol�tica americana" e "consci�ncia do partido republicano".

Durante sua vida, John McCain nem sempre foi uma figura consensual. Nas prim�rias presidenciais de 2000, ele cultivou uma imagem republicana centrista, mas fracassou diante de George W. Bush, mais em sintonia com a ortodoxia conservadora. No Senado, foi um feroz defensor da guerra do Iraque e lamentou a sa�da das tropas americans sob o mandato de Barack Obama. Sua defesa de um aumento permanente dos gastos militares era criticada pela direita e pela esquerda como irrespons�vel.
Ele tamb�m foi acusado de ter colocado o p� no estribo aos precursores do movimento populista conservador do Tea Party, escolhendo Sarah Palin para vice quando foi candidato � Casa Branca em 2008 - uma decis�o que ele acabou por se arrepender. Mas o seu compromisso na luta contra a tortura, por uma reforma migrat�ria favor�vel aos imigrantes ilegais e na defesa de uma tradi��o pol�tica de civilidade, fizeram com que transcendesse as divis�es partid�rias.