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Estado de Minas INTERNACIONAL

'Estamos voltando ao mundo de 1914', diz Rubens Ricupero


postado em 13/11/2018 08:42

O fim da 1� Guerra Mundial (1914-1918), cujo centen�rio se celebra neste m�s, marcou a entrada da diplomacia brasileira como protagonista no s�culo 20. A avalia��o � do diplomata Rubens Ricupero, diretor da Faculdade Armando Alvares Penteado (Faap).

Qual a import�ncia para a diplomacia brasileira da atua��o do Pa�s durante a 1� Guerra?

O que vale a pena real�ar � uma grande rela��o custo-benef�cio. O custo foi pequeno em termos militares e estrat�gicos. O que o Brasil recebeu em troca em termos diplom�ticos e pol�ticos foi muito grande. Participamos da Confer�ncia de Paris com tr�s delegados, algo destinado apenas �s grandes pot�ncias da �poca, gra�as ao apoio americano e ao argumento de que o Brasil de certa maneira representava todo o continente latino-americano. De certa maneira, a primeira vez que o Brasil aparece de fato entre as grandes pot�ncias mundiais � na Confer�ncia de Paris (em 1919). Quando a 1� Guerra acabou, Fran�a, Inglaterra e It�lia elevaram o n�vel da delega��o que tinham no Brasil para embaixada, que, na �poca, apenas Estados Unidos e Argentina mantinham aqui.

Por que o Brasil n�o enviou um representante de primeiro escal�o a Paris para as celebra��es do centen�rio do armist�cio?

N�o entendi a raz�o e achei penoso. Sendo o �nico pa�s latino-americano que participou do conflito, achei estranho. N�o houve uma explica��o do lado brasileiro. Aparentemente foram convidados e n�o foram. Mandar o embaixador em Paris � pouco. Um evento desses merecia uma delega��o especial.

Como a opini�o p�blica da �poca viu a entrada no conflito?

Era muito favor�vel. Desde o in�cio, tinha uma posi��o favor�vel sobretudo � Fran�a, que era o pa�s das elites brasileiras. Al�m disso, as col�nias de imigrantes eram muito grandes, sobretudo os italianos, imigrantes e descendentes. De 1,5 milh�o de italianos no Brasil, cerca de 12 mil foram lutar na guerra. Em S�o Paulo, a col�nia italiana era muito favor�vel � guerra. O jornal Fanfulla, o segundo maior da �poca, voltado para a col�nia italiana, era partid�rio de entrar no conflito. A exce��o era a col�nia alem�. Em Porto Alegre, por exemplo, foram atacadas casas e lojas da col�nia.

A ida do Epit�cio Pessoa para a confer�ncia de Paris em 1919 acabou tendo impacto em sua vit�ria na elei��o presidencial daquele ano?

Foi muito curioso. Enquanto Epit�cio estava em Paris, morreu o Rodrigues Alves, v�tima de gripe espanhola, j� eleito. E a� tiveram de escolher um novo presidente, naquela coisa t�pica da Rep�blica Velha. E como n�o tinha um candidato de consenso para enfrentar o Ruy Barbosa, candidato dos paulistas, acabaram escolhendo o Epit�cio, que nem voltou da Fran�a para fazer campanha. E ele acabou eleito. Voltou de Paris j� eleito. Isso mostra bem como era o Brasil da Rep�blica do Caf� com Leite.

Que li��o tiramos deste centen�rio?

O paralelo � total. A pol�tica que vemos hoje nos EUA, R�ssia e China corr�i o sistema internacional criado depois da 2� Guerra. Agora, corremos o risco de voltar � era das rivalidades dos nacionalismos, que justamente deu origem �s duas grandes guerras mundiais em 1914 e 1939. Apenas a Europa ainda joga a carta do multilateralismo. O (Henry) Kissinger, que � um realista, tem advertido contra os riscos dessa tend�ncia atual. O caso de (Donald) Trump � o mais evidente. Mas o de (Vladimir) Putin e dos chineses, com mais prud�ncia, tamb�m. Estamos voltando ao mundo de 1914.

As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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