
Drones e c�es farejadores s�o a principal ferramentas para recuperar os cad�veres que amea�am contaminar fontes de �gua e expor a epidemias os sobreviventes do tsunami que deixou ao menos 429 mortos em Sumatra e Java, na Indon�sia, no s�bado, dia 22. H� mais de 100 desaparecidos. Surpreendido pelas ondas gigantes que chegaram sem aviso, o pa�s agora convive com alarmes falsos.
Em Sumur, pequena vila de pescadores arrasada pelo avan�o da �gua, moradores, pol�cia e socorristas correram em p�nico para a parte mais alta do lugarejo nesta ter�a-feira, 25. Eles gritavam "a �gua est� vindo, a �gua est� vindo!, enquanto recitavam versos do Cor�o.
A boataria atrapalha a busca por cad�veres, prioridade das autoridades. "Nossa maior preocupa��o agora s�o os problemas sanit�rios", afirmou Dino Argianto, chefe das opera��es humanit�rias da Oxfam na Indon�sia. "Desaparecidos est�o sob as ru�nas. Corpos em decomposi��o podem causar doen�as e tamb�m poluir as �guas."
O presidente indon�sio, Joko Widodo, visitou na segunda-feira as zonas devastadas, menos de tr�s meses depois de outro tsunami, provocado por um terremoto, deixar milhares de mortos em Palu e na Ilha C�lebes.
O pa�s j� enfrenta falta de �gua pot�vel e medicamentos. "Muitas crian�as est�o doentes, t�m febre, dor de cabe�a e n�o t�m �gua suficiente", explicou o m�dico Rizal Alimin. Fortes chuvas e bloqueios de estradas dificultavam o trabalho das equipes de resgate nesta ter�a.

Mais de 1.400 pessoas foram feridas pela onda de 1,8 metro que avan�ou sobre a costa de Java e Sumatra, 24 minutos ap�s uma grande erup��o do vulc�o Anak Krakatoa, o "Filho de Krakatoa", no Estreito de Sunda, que separa as duas ilhas do arquip�lago. O vulc�o continua em atividade. Fuma�a branca e nuvens de cinzas pairam no ar centenas de metros acima da cratera.
Sutopo Purwo Nugroho, porta-voz da Ag�ncia Nacional de Monitoramento de desastres, disse que a popula��o est� orientada a permanecer a pelo menos dois quil�metros da costa. Equipes de resgate civis e militares usam equipamento pesado para remover destro�os.
Dionisus Agnuza, de 20 anos, visitava a Ilha Carita numa excurs�o de formandos em psicologia da Universidade da Indon�sia. Na noite de s�bado, ele descansava na praia sob a lua cheia e observava o Anak Krakatoa expelir lava. Ent�o, a onda chegou. "N�o houve sinais. Foi s�bito e fulminante", contou. "Fui varrido pela onda e jogado contra um muro. Quase me afoguei, mas um colega conseguiu me arrancar da �guas que reflu�am."
V�rios colegas de Agnuza foram hospitalizados com cortes causados por estilha�os de vidro das janelas do hotel. Ele sofreu escoria��es e tor��o nas costas ao bater no muro.
O m�sico Riefian Fajarsyah, vocalista do grupo pop indon�sio Seventeen, enterrou nesta ter�a sua mulher. Tr�s integrantes da banda morreram durante a apresenta��o na praia. A Indon�sia, um arquip�lago com 260 milh�es de habitantes, � o pa�s de maior popula��o mu�ulmana do mundo. Suas 17 mil ilhas, entretanto, abrigam n�cleos pequenos, mas significativos, de crist�os, hindus e budistas.
L�deres das igrejas crist�s convocaram suas congrega��es a rezar. Na Igreja Pentecostal Rhamat, em Carita, o pastor Markus Taekz disse que apenas cem pessoas estiveram no servi�o religioso da noite de Natal, metade do n�mero usual.
O presidente Joko Widodo havia prometido reparar ou substituir equipamentos de detec��o de tsunamis depois de funcion�rios se queixarem de que um sistema de boias de alerta - criado ap�s o devastador tsunami de 2004 no Oceano �ndico - n�o vinha funcionando.
Especialistas, no entanto, dizem que teria sido dif�cil detectar a chegada deste tsunami. Os sensores que emitem alertas foram feitos para monitorar terremotos - respons�veis pela maioria dos tsunamis -, e n�o atividade vulc�nica. Mesmo que o sistema de boias estivesse funcionando bem, sua efic�cia seria m�nima, dada a proximidade do vulc�o da praia e a velocidade com que as ondas do tsunami avan�am. (Com ag�ncias internacionais).