Venerado e depois condenado por seus s�ditos, instrumentalizado e depois abandonado pelos americanos, o �ltimo x� do Ir�, Mohamed Reza Pahlavi, obrigado a se exilar em 1979 depois de 37 anos de reinado, n�o sobreviveu � sua obsess�o de se tornar o Dario dos tempos modernos.
O x� do Ir�, que sonhava com transformar seu pa�s na quinta pot�ncia mundial no ano 2000, faleceu no Cairo, ap�trida, falido e sozinho, em 27 de julho de 1980. Morreu por um c�ncer, depois de 18 meses de uma fuga que o reaproximou de sua terra natal, imersa nesse momento em uma Revolu��o Isl�mica.
Menos de dois anos antes, o multimilion�rio ainda era um dos �ltimos autocratas por direito divino, que se autoproclamava herdeiro dos imperadores persas.
Reza Pahlavi recebia os dirigentes do mundo inteiro com um olhar autorit�rio e uniforme napole�nico, mandava construir bases navais ultrassofisticadas, abria centrais nucleares no deserto, investia petrod�lares no exterior, enquanto os camponeses beijavam seus sapatos, e as cortes�s, sua m�o.
Durante seu acesso ao trono em 1941, por�m, o jovem x� era apenas um "pequeno rei" de 21 anos, alavancado para liderar um pa�s dividido pelas grandes pot�ncias que impuseram a abdica��o e o ex�lio a seu pai.
Nascido em 26 de outubro de 1919, educado em Genebra e nomeado coronel no Ex�rcito imperial aos 12 anos, o t�mido Reza Pahlavi estava atormentado pelo temor de ser inferior a seu pai, o x� Reza Khan Pahlavi, um soldado transformado em um rei reformador e autocrata.
Foram necess�rios 12 anos, tr�s grandes crises, tr�s atentados e tr�s casamentos para que este amante dos carros e das mulheres se tornasse o monarca absoluto do segundo maior pa�s exportador de petr�leo.
Em 1946, expulsou os russos do Azerbaij�o. Em 1953, com a ajuda de brit�nicos e americanos, derrubou seu primeiro-ministro Mossadegh, que havia nacionalizado a ind�stria petroleira. Em 1963, desterrou o l�der religioso Khomeini. Ao mesmo tempo, dirigiu sua "revolu��o branca" e, � imagem e semelhan�a de Ataturk, come�ou a conduzir seu povo para o progresso social e para o desenvolvimento econ�mico.
O Ir� era um mercado colossal, onde se misturavam rosas e petr�leo, mis�ria e luxo. O autocrata reinou de maneira absoluta sobre desertos cheios de petr�leo e de g�s. Dominou a regi�o, e seu Ex�rcito, o mais forte do Oriente M�dio, foi o "gendarme".
- Megalomania -
Viajou muito com a rainha Soraya, sua segunda mulher, que lembrava a atriz Ava Gardner e da qual se divorciou pela impossibilidade de conceber um herdeiro. Aliado importante dos americanos, aproximou-se progressivamente da URSS e da China. Quando firmou uma associa��o econ�mica com a Europa, em particular con a Fran�a, os Estados Unidos pensaram em derrub�-lo.
Seu comportamento come�ou a criar preocupa��o. Desenvolveu uma megalomania alimentada em segredo pelo sonho de imitar a dinastia Aquem�nida, os conquistadores persas do s�culo V a.C.
Como Napole�o, Reza Palhevi coroou a si mesmo em 1967 e colocou sobre a cabe�a de sua terceira mulher, a rainha Farah Diba, uma coroa cravejada com esmeraldas do tamanho de um ovo. Em Pers�polis, cercado de luxo, celebrou os 2.500 anos da monarquia persa.
Criou um partido �nico e sufocou a resist�ncia, gra�as � "Savak", sua temida pol�cia. Os intelectuais foram silenciados, e os mul�s xiitas se organizaram em uma oposi��o alimentada do Iraque pelo aiatol� Khomeini.
Os jogos da corte e as luxuosas recep��es continuaram como se nada estivesse acontecendo at� que, em 1978, as prov�ncias e depois Teer� se rebelaram. Nos �ltimos meses, ficou sem energia diante de uma oposi��o que havia reprimido no passado.
Algo que poderia ser consequ�ncia de seu c�ncer, ou porque os americanos j� o considerassem excessivamente desacreditado, preferindo os islamistas para conter os russos.
Mais tarde, seu s�quito considerou que, r�gido, imbu�do de sua "divindade", profundamente introvertido e incapaz de qualquer autocr�tica, ele n�o conseguiu se adaptar. Vencido, o �ltimo x� do Ir� fugiu de Teer� em 16 de janeiro de 1979.