H� 40 anos, os EUA perdiam seu mais importante aliado no Oriente M�dio. Desde que o x� Reza Pahlevi foi substitu�do pelo aiatol� Khomeini, em 1979, americanos e iranianos vivem �s turras, principalmente agora, com a tentativa de isolamento do Ir� imposta pelo presidente Donald Trump.
A origem dos eventos que varreram o Ir� em 1979 est� no islamismo secular e modernizante do x� Reza Pahlevi. Sem base popular, a monarquia era vista como um fantoche dos EUA, um regime cada vez mais brutal e corrupto. Os acontecimentos duraram pouco mais de um m�s e pegaram o Ocidente de surpresa, criando um movimento que seguiu na contram�o do sistema revolucion�rio at� ent�o conhecido - uma revolu��o teocr�tica, ao contr�rio das anteriores, que eram seculares.
Apesar da relativa prosperidade do Ir�, havia grande insatisfa��o social com a desigualdade e a ocidentaliza��o acelerada do pa�s. Quando o x� foi para o ex�lio, em 16 de janeiro, foi substitu�do pelo aiatol� Khomeini, em 11 de fevereiro, dando in�cio � primeira teocracia de car�ter xiita no mundo. A nova rep�blica isl�mica se coloca do lado sovi�tico da Guerra Fria e inicia um longo per�odo de atritos com a Casa Branca.
Pouco mais de 2 mil pessoas morreram no turbulento processo revolucion�rio e cerca de 5 milh�es deixaram o pa�s depois que Khomeini tomou o poder. A maioria vive nos EUA e um Conselho Nacional de Resist�ncia (CNR), uma esp�cie de governo no ex�lio, foi estabelecido em Paris.
Alguns iranianos vieram para o Brasil. � o caso de Masud, que n�o quis divulgar seu nome verdadeiro por ainda temer repres�lias. Vivendo no interior de S�o Paulo, ele acredita que a pol�tica externa agressiva dos EUA esteja enfraquecendo o regime e ainda tem esperan�as de ver uma democracia iraniana nos moldes ocidentais. "Os pr�ximos dois anos ser�o decisivos", disse ele ao Estado.
Masud conta que, no in�cio, apoiava Khomeini. Ele era estudante na Europa (ele n�o quis revelar o pa�s) quando o x� foi deposto. "Peguei o primeiro avi�o, em 1979. Tranquei a faculdade e fiquei l� (no Ir�) tr�s meses", conta Masud, que fugiu ap�s se decepcionar com os rumos da revolu��o.
Segundo ele, o aspecto mais inc�modo era a intoler�ncia. "� t�o bom ter diversidade. Por que todo mundo tem de ser igual a voc�? Eu tenho v�rios amigos ateus." No ex�lio, Masud casou-se com uma brasileira e escolheu o Brasil para viver. "Do Brasil, s� sabia do Pel�, que foi jogar no Ir� uma vez."
Masud acredita que o CNR est� mais forte com Trump. Ele lembra que o presidente americano, na �ltima reuni�o do conselho, enviou altos representantes como John Bolton, conselheiro de Seguran�a Nacional da Casa Branca, e Rudolph Giuliani, seu advogado.
No entanto, para o historiador da Universidade de S�o Paulo Osvaldo Coggiola, os movimentos de massa no Ir�, apesar de fortes, n�o t�m nenhuma for�a pol�tica significativa. "S�o todas disputas que o governo conseguiu controlar e hoje � mais um problema dos EUA do que do Ir�", afirma o historiador, autor de livros como A Revolu��o Iraniana e Breve Hist�ria dos Pa�ses �rabes e Isl�micos, que acaba de lan�ar.
Para quem ficou no Ir�, os 40 anos da revolu��o significam um marco da autonomia com rela��o aos americanos. Ao Estado, o embaixador iraniano no Brasil, Seyed Ali Saghaeyan, diz que os iranianos pagam caro pela independ�ncia. "Os EUA tentaram criar atritos e desentendimentos �tnicos e religiosos, projetaram v�rios golpes de Estado, nos impuseram uma guerra contra Saddam Hussein, al�m de embargos econ�micos. Tudo para submeter o Ir�", disse. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
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