A moda est� de luto: o alem�o Karl Lagerfeld, �cone global da alta-costura que relan�ou a maison Chanel e estilista extravagante de visual �nico e desfiles espetaculares, morreu nesta ter�a-feira aos 85 anos.
A Chanel, da qual foi diretor art�stico por 36 anos, confirmou � AFP informa��es do site Purepeople, que anunciou seu falecimento no Hospital Americano em Neuilly, nos sub�rbios de Paris, onde foi internado de emerg�ncia na noite de segunda-feira.
O presidente do grupo LVMH, Bernard Arnault, disse estar "profundamente entristecido com a morte seu querido amigo".
"Moda e cultura perdem uma grande inspira��o. Ele ajudou a fazer de Paris a capital da moda do mundo e a Fendi uma das casas italianas mais inovadoras", afirmou o diretor do grupo que possui a marca italiana, da qual Lagerfeld tamb�m era o diretor art�stico.
"Teu g�nio tocou a vida de muitas pessoas, especialmente Gianni e eu. Nunca esqueceremos teu incr�vel talento e inspira��o infinita, sempre aprendemos contigo", escreveu Donatella Versace no Istagram.
Lagerfeld viu sua sa�de se deteriorar consideravelmente nas �ltimas semanas, a ponto de n�o aparecer ao final da apresenta��o da cole��o primavera-ver�o 2019 para saudar o p�blico, algo que ele nunca deixou de fazer desde sua estreia na Chanel em janeiro de 1983.
Com seus cabelos brancos sempre presos em um rabo de cavalo, os eternos �culos escuros, os colarinhos altos, as luvas e a forma t�pica de falar, o "Kaiser" tinha um estilo reconhecido no mundo todo.
- "Sem funeral!" -
Ele dirigia tr�s marcas (Chanel, Fendi e sua grife de mesmo nome), mas seu nome estar� para sempre ligado � Chanel, cujo c�digos mudou constantemente, reinventando cl�ssicos como os ternos de tweed e bolsas acolchoadas.
Gabrielle Chanel "teria odiado", afirmou o "Kaiser" ("imperador" em alem�o), conhecido por suas declara��es provocativas que eram um misto de narcisismo e autodeprecia��o.
Sempre sintonizado com os novos tempos, ele organizou desfiles com encena��es surpreendentes e espetaculares, em supermercados, galerias de arte ou ao ar livre, fazendo a festa nas redes sociais.
Nascido em Hamburgo, Lagerfeld sempre manteve uma aura de mist�rio em torno de sua data de nascimento. V�rios jornais alem�es, baseados em documentos oficiais, afirmam que ele nasceu em 10 de setembro de 1933.
Ele afirmou ter nascido em 1935, em uma entrevista � revista francesa Paris-Match em 2013, quando revelou que sua m�e havia mudado a data de seu nascimento.
Ele teve uma inf�ncia feliz, mas mon�tona em uma �rea remota da �rea rural alem� durante o nazismo, com um pai industrial sempre viajando e a m�e de personalidade forte, grande leitora, mas pouco afetuosa, que, no entanto, incutiu no filho a paix�o pela moda.
O pequeno Karl desenhava vestidos e sonhava com Paris, para onde se mudou na adolesc�ncia.
Em 1954, ele ganhou um concurso organizado pela Sociedade Internacional da L�, empatando com Yves Saint Laurent, com quem ele simpatizou antes de se tornarem grandes inimigos.
No in�cio dos anos 1960, trabalhava como estilista aut�nomo, colaborando com diversas maisons.
"Eu sou o primeiro a fazer um nome com um nome que n�o era meu. Devo ter uma mentalidade mercen�ria", costumava dizer.
Ele sabia melhor do que ningu�m como capturar o momento da moda.
Como em 2004, quando ele criou toda uma cole��o pr�t-�-porter para a gigante sueca H&M;, uma atitude depois imitada por muitos criadores.
Viciado em trabalho ("Nunca pensei em aposentadoria", dizia ele), combinava a cria��o das cole��es com seu trabalho com fotografia.
O "Kaiser" tinha o talento para descobrir top models: a francesa In�s de la Fressange, que assinou um contrato exclusivo com a Chanel em 1983, assim como a alem� Claudia Schiffer, a brit�nica Cara Delevingne ou franco-americana Lily-Rose Depp.
Ele ainda queria que elas fossem mag�rrimas, apesar das crescentes demandas por diversidade.
"Ningu�m quer ver mulheres gordas nas passarelas (...) S�o as mulheres gordas sentadas com sacos de batatas diante da televis�o que dizem que as modelos magras s�o horr�veis", afirmou � revista alem� Foco em 2009, que o fez ser denunciado por uma associa��o de defesa de pessoas com excesso de peso.
Sobre sua pr�pria morte, tamb�m tinha, como em outros assuntos, uma opini�o consolidada.
Questionado pela revista Number se ele queria um funeral espetacular, afirmou: "Que horror, n�o haver� funeral".
"Eu s� quero desaparecer como os animais da floresta virgem", afirmou, em outra ocasi�o, em uma entrevista � France 3.