O Brasil presta homenagens, nesta quinta-feira (14), com flores, missas e atos p�blicos, � vereadora Marielle Franco, assassinada h� um ano, cuja figura j� inspira defensores dos direitos humanos no mundo inteiro.
Manifestantes no Rio de Janeiro, Bras�lia e outras cidades exigem que os mandantes do crime sejam identificados, sem se dar por satisfeitos com a deten��o, na ter�a-feira, do suposto executor e do motorista do carro do qual foram feitos os disparos que em 14 de mar�o de 2018 abateram Franco e seu motorista, Anderson Gomes, em pleno centro do Rio.
"A morte da Marielle para n�s, mulheres negras desse pa�s, representa um processo profundo de retomar o nosso caminho, de resgate da nossa identidade e de resistir, porque a gente sabe que as pol�ticas de feminic�dio, de genoc�dio da juventude negra s�o uma pr�tica comum", disse � AFP Silvia de Mendon�a, atriz de 57 anos que participou de um ato no cruzamento onde Marielle foi assassinada.
Desde o amanhecer, manifestantes penduraram no local fotos da vereadora e acenderam velas em sua homenagem.
Marielle, do Partido Socialismo e Liberdade (Psol), era uma firme defensora dos direitos dos jovens negros, das mulheres, da comunidade LGBT, e cr�tica com a viol�ncia policial nas favelas do Rio. Ela tinha 38 anos.
A escadaria da c�mara de vereadores onde Marielle trabalhava, na Cinel�ndia, centro do Rio, foi adornada com girass�is e frases em sua homenagem. Uma grande manifesta��o foi convocada para o fim da tarde.
Em Bras�lia, legisladores do Psol prestaram homenagem a ela no Congresso, e um grupo de mulheres "rebatizou" uma das pontes da capital colocando um adesivo gigante escrito "Ponte Marielle Franco" no lugar do nome do militar Costa e Silva, segundo presidente do regime militar (1964-1985).
- Marielle semente -
Ap�s seu assassinato, Marielle passou de ser uma figura conhecida apenas no �mbito da pol�tica local a um s�mbolo mundial de resist�ncia.
Os grafites com seu rosto se multiplicaram, seu nome aparece em todas as manifesta��es de rua vinculadas � esquerda e sua figura foi homenageada no desfile da escola de samba Mangueira, campe� do carnaval do Rio em 2019.
No mesmo ano em que 55% dos eleitores escolheram Jair Bolsonaro para a presid�ncia do Brasil, v�rias mulheres negras, algumas delas assessoras pr�ximas a Franco, conquistaram cargos eletivos, como as deputadas regionais do Rio de Janeiro M�nica Francisco e Dani Monteiro e a deputada federal Taliria Petrone.
"Marielle n�o vive mais porque o corpo dela foi interrompido. Nenhuma de n�s � Marielle. Mas as pautas dela (...) est�o mais vivas que nunca. Foi despertado um senso de urg�ncia de continuar com essas lutas", afirmou Petrone, de 33 anos.
As autoridades prenderam na ter�a-feira dois ex-policiais suspeitos de embosc�-la e assassin�-la quando ela estava saindo de um evento sobre empoderamento de mulheres negras.
A Pol�cia Civil, encarregada da investiga��o, afirma n�o ter determinado ainda se Ronnie Lessa, autor dos disparos, e seu c�mplice e motorista �lcio Vieira de Queiroz, agiram por conta pr�pria ou cumprindo uma ordem. Mas os investigadores consideram "indiscut�vel" que o assassinato tem rela��o com a atividade pol�tica de Franco em favor das minorias.
Esclarecer se existe um mandante ser� a prioridade da segunda parte da investiga��o, que tamb�m indagar� se os detidos t�m v�nculos com mil�cias.
A demora para apontar respons�veis fez crescer as suspeitas de que existem grupos que tentam obstaculizar as investiga��es.
Isto motivou uma "investiga��o da investiga��o" pela Pol�cia Federal, que ainda est� em curso e sobre a qual n�o se conhece detalhes.