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Estado de Minas

Pir�mide do Louvre, da pol�mica ao aplauso un�nime


postado em 22/03/2019 12:15

At� sua inaugura��o em 1989, a pir�mide do Louvre causou pol�mica entre aqueles que viam nesta escultura de vidro que serve de entrada ao museu parisiense uma profana��o cultural. Agora, 30 anos depois, a obra de Ieoh Ming Pei � celebrada de forma un�nime.

Inflamada por grandes nomes da imprensa francesa, a pol�mica durou muito anos, reflexo do eterno conflito entre amantes do antigo e do moderno, como j� havia sido o caso de tantas outras obras, como o Centro Pompidou de Paris.

O debate envolveu todo pa�s. Michel Laclotte, diretor do Louvre entre 1987 e 1995, lembra do espanto de um taxista em Nice (sudeste): "Mas que diabos est�o fazendo com o Louvre!".

- Primeiro ato: ampliar o Louvre -

Tudo come�ou em 31 de julho de 1981, quando Jack Lang, ent�o novo ministro da Cultura, escreveu ao presidente Fran�ois Mitterrand: "Tem uma ideia potente: recriar o Grand Louvre destinando todo edif�cio ao museu".

O Minist�rio das Finan�as ocupava uma parte do museu. "� uma boa ideia, mas dif�cil de concretizar, como todas as boas ideias", afirmou Mitterrand sobre a mesma carta.

"Ent�o, ach�vamos que o poderoso minist�rio n�o aceitaria mudar de lugar", disse Jack Lang � AFP.

"Mas o p�tio Napole�o era um estacionamento horr�vel. O museu sofria com a falta de uma entrada central", acrescentou.

"Com Mitterrand, t�nhamos em mente entrar em contato com Pei. O presidente admirava suas obras nos Estados Unidos", completou.

- Segundo ato: a pol�mica -

Michel Laclotte "revive a cena" da descoberta do projeto de Pei, em uma reuni�o reservada. "Tinha uma grande maquete sobre a mesa. Depois, colocaram a pir�mide. Todo o mundo ficou seduzido", relata.

Quando o jornal "France Soir" publicou a maquete em 1984, houve uma "explos�o" de cr�ticas, que denunciavam, por exemplo, que o Louvre se transformaria na "casa dos mortos" - nas palavras de um jornalista do "Le Monde".

Chamados para uma "insurrei��o", brincadeiras sobre as inten��es de Mitterrand de virar o primeiro "fara�" da Fran�a. Publicou-se, inclusive, um livro contra a pir�mide - "Paris mystifi� : La grande illusion du Grand Louvre" ("Paris mistificada. A grande ilus�o do Grand Louvre", em tradu��o livre) -, escrito por tr�s historiadores.

A cr�tica n�o afetava tanto a amplia��o do museu quanto a est�tica de uma arquitetura contempor�nea em um monumento de Napole�o III.

"Houve uma reuni�o no Eliseu em 1984: Mitterrand era muito prudente, mas estava de acordo em que dev�amos seguir adiante", contou o arquiteto Michel Macary, um dos principais protagonistas do projeto.

"No meu escrit�rio, em segredo, mostrei a maquete. Compareceram umas 50 personalidades, entre elas Catherine Deneuve, Pierre Berg�, G�rard Depardieu, Pierre Soulages, Ariane Mnouchkine, Patrice Ch�reau, Serge Gainsbourg, Nathalie Sarraute...".

- "Mitterrand se envolveu" -

Enquanto duraram as obras, colossais, "Mitterrand se envolveu. Foi v�rias vezes visit�-las", segundo Lang.

Emile Biasini, presidente do estabelecimento p�blico do Louvre de 1982 a 1988, "reuniu os conservadores do museu, chegando a uma esp�cie de compromisso de Yalta: preservaremos seus departamentos, mas voc�s t�m que nos apoiar" - contou o ex-ministro socialista.

Jacques Chirac, ent�o prefeito de Paris, estava furioso por tomar conhecimento do projeto por um vazamento � imprensa.

"Chirac ficou irado, mas nunca criticou o projeto. 'N�o me choca em nada', dizia", segundo Macary.

O futuro presidente p�s, por�m, uma condi��o: que as pessoas tivessem a oportunidade de imaginar como seria a obra j� constru�da. "Foram estendidos tr�s cabos. Vieram milhares de parisienses", em maio de 1985.

"Imaginavam que �amos instalar a pir�mide de Qu�ops", lembra Jack Lang com um sorriso.

Alguns "n�o baixaram a guarda" at� o fim. Entre eles, o conservador "Le Figaro", que, com o tempo, acabou pedindo para celebrar o anivers�rio do jornal na pir�mide, comenta o ex-ministro.

Para o atual presidente do Louvre, Jean-Luc Mart�nez, trata-se do "�nico museu do mundo, cuja entrada � uma obra de arte". A pir�mide - completa ele - se tornou s�mbolo de um estabelecimento "que olha decididamente para o futuro".


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