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Estado de Minas

Battisti e a juventude radical que semeou o terror na Europa dos anos 1970


postado em 25/03/2019 13:19

Entre o romantismo revolucion�rio e a luta antifascista, uma juventude radical e desiludida semeou o terror na Europa e em outros lugares na d�cada de 1970.

Foi o caso de Cesare Battisti, que nesta segunda-feira admitiu os assassinatos a ele atribu�dos.

A deten��o de Battisti reavivou a lembran�a dos "Anos de Chumbo" - do final da d�cada de 1960 at� meados dos 1980 - que viram muitos grupos de extrema esquerda florescer na It�lia.

Entre eles, as Brigadas Vermelhas (BR), que foram as mais estruturadas e que tinham sindicalistas, ju�zes, jornalistas, policiais e l�deres pol�ticos na mira.

Ao mesmo tempo, uma onda de viol�ncia se espalhava pela Alemanha Ocidental com a Fra��o do Ex�rcito Vermelho (RAF), ou "Grupo Baader-Meinhof"; pela Gr�cia, com a oposi��o ao "regime dos coron�is"; e no Jap�o, com o Ex�rcito Vermelho Japon�s, que pretendia derrubar a monarquia e instaurar a "revolu��o mundial".

Em Beirute, a di�spora arm�nia fundou o Ex�rcito Arm�nio Secreto de Liberta��o (Asala), que lan�ou ataques contra alvos turcos, inclusive no aeroporto de Paris-Orly, em julho de 1983. Oito pessoas morreram.

- A FPLP -

Tamb�m apareceram movimentos a favor da luta palestina, como a Frente Popular para a Liberta��o da Palestina (FPLP), pela qual lutou o venezuelano Carlos, autor da espetacular tomada de ref�ns na sede da Organiza��o dos Pa�ses Exportadores de Petr�leo (Opep), em Viena, em 1975.

"No final da d�cada de 1960, jovens rebeldes empreenderam a��es armadas com a ideia de terminar com os �ltimos fascistas", explica o diretor franc�s e autor de uma s�rie sobre as antigas Brigadas Vermelhas ("Ils �taient les Brigades rouges"), Mosco L�vi-Boucault.

O mundo tamb�m era abalado pela Guerra do Vietn�, que mobilizou a juventude ocidental. Pouco depois, veio o sangrento golpe de Estado do general Augusto Pinochet, no Chile, em 1973. Os estudantes se uniram �s lutas sindicais, em um mundo polarizado pelas ideias, mas tamb�m fisicamente, entre o bloco comunista e o capitalista.

A democracia ainda era recente em v�rios pa�ses, como Alemanha e Jap�o, e a ideia da viol�ncia era aceit�vel, explica o historiador Marc Lazar, professor do Instituto Sciences Po, em Paris.

Na It�lia, esses ativistas tamb�m queriam contrabalan�ar a extrema direita, que, em um ataque contra o Banco Agr�cola de Mil�o em dezembro de 1969, matou 16 pessoas e feriu 80. Este foi o primeiro de uma longa s�rie de ataques letais que deixaram mais de 400 mortos, acrescenta Lazar.

"A singularidade italiana prov�m dessa explos�o de viol�ncia entre a extrema direita e a extrema esquerda", afirma.

A primeira mant�m uma "estrat�gia de tens�o", atacando os lugares p�blicos, o que pode justificar o retorno a uma ordem autorit�ria, enquanto a extrema esquerda, fragmentada, escolhe alvos simb�licos, completa Lazar.

- Filhos de oper�rios, ou de burgueses?

Os agressores passaram, progressivamente, da "gambizzazione", ou seja, de ferir nas pernas, a sequestros, ou assassinatos, como, em 1978, o do ent�o l�der democrata-crist�o, Aldo Moro, que se preparava para assinar um acordo hist�rico com os comunistas, ap�s 55 dias de cativeiro.

Os antigos brigadistas que Mosco L�vi-Boucault conheceu eram "filhos de camponeses e oper�rios... N�o eram intelectuais", recorda.

Para Massimo Nava, de 68 anos, editorialista do jornal "Corriere della Sera" e contempor�neo dos "Anos de Chumbo", "muitos eram filhos da burguesia urbana que se lan�aram em um jogo tr�gico".

Massimo Nava teve de cobrir a morte do amigo Walter Tobagi, um jornalista assassinado aos 33 anos, em 1980, em Turim, pela extrema esquerda.

Al�m da Guerra do Vietn� como pano de fundo e da Guerra Fria, Massimo Nava destaca o apoio da juventude e dos intelectuais �s figuras rom�nticas de Che Guevara e do Mao�smo.

"Um amigo meu tinha um veleiro chamado 'Mao Zedong'", lembra.


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