O fundador do WikiLeaks, Julian Assange, foi condenado nesta quarta-feira (1) a quase um ano de pris�o no Reino Unido por ter violado sua liberdade condicional quando, em 2012, refugiou-se na embaixada do Equador em Londres para n�o ser extraditado � Su�cia.
O tribunal de Southwark, no sul de Londres, condenou Assange a 50 semanas de reclus�o, levando em conta o tempo que j� passou na pris�o por esse delito pass�vel a uma pena m�xima de um ano.
Este � apenas o primeiro cap�tulo da batalha judicial que espera o australiano. Na quinta-feira, Assange volta a comparecer em uma audi�ncia, mas desta vez dedicada ao pedido de Washington para extradit�-lo aos Estados Unidos, onde � acusado de "ciberpirataria".
Nesta quarta, ele chegou ao tribunal de Southwark, Londres, com a barba feita, em uma van da pol�cia sob os gritos de "vergonha, Reino Unido" ou "vergonha, Equador, que vendeu Assange por dinheiro" de seus partid�rios.
Em 2012, Assange recebeu asilo na embaixada do Equador para evitar ir aos tribunais brit�nicos e ser extraditado para a Su�cia, onde foi acusado de estupro, num caso posteriormente arquivado.
Mas depois de sete anos entre as quatro paredes da embaixada sul-americana, Julian Assange foi capturado pela pol�cia brit�nica em 11 de abril, com a permiss�o de Quito.
Com apar�ncia envelhecida durante sua pris�o, com uma longa barba branca, o australiano de 47 anos compareceu ao tribunal de Westminster, em Londres, que o considerou culpado e requisitou a pena m�xima neste caso, ou seja, um ano de pris�o. Desde ent�o, est� detido na pris�o de Belmarsh, no sudeste de Londres.
Na Su�cia, a queixa por agress�o sexual foi arquivada por prescri��o em 2015, enquanto o pa�s retirou as acusa��es de um segundo caso em maio de 2017, incapaz de avan�ar na investiga��o com Julian Assange refugiado na embaixada. Mas quando sua pris�o foi anunciada, a advogada da v�tima pediu a reabertura da investiga��o.
Julian Assange sempre alegou ter escapado da justi�a brit�nica por temer ser extraditado para os Estados Unidos, que o acusam de "ciberpirataria".
- Pedido de extradi��o -
Sua pris�o em 11 de abril reacendeu o temor entre seus partid�rios, que condenaram a decis�o de Quito de retirar seu asilo pol�tico. Mas o presidente equatoriano justificou sua decis�o dizendo que Assange teria tentado criar um "centro de espionagem" na embaixada.
No Reino Unido, o caso divide a opini�o.
A oposi��o trabalhista pediu ao governo que se oponha � solicita��o dos Estados Unidos, dizendo que Julian Assange contribuiu a "expor evid�ncias das atrocidades cometidas no Iraque e no Afeganist�o" atribu�das aos militares americanos.
O governo conservador, por sua vez, apresenta Assange como um criminoso como qualquer outro. "Ningu�m est� acima da lei", disse a primeira-ministra Theresa May, enquanto o chanceler Jeremy Hunt considerou que o australiano "n�o � um her�i".
Sua advogada, Jennifer Robinson, anunciou que seu cliente ir� "contestar e combater" o pedido de extradi��o americano, considerando que sua pris�o "cria um precedente perigoso para os meios de comunica��o e jornalistas" em todo o mundo.
Julian Assange foi indiciado pela Justi�a americana por associa��o criminosa para cometer "ciberpirataria", pun�vel com at� cinco anos de pris�o, por ajudar a ex-analista de intelig�ncia Chelsea Manning a obter uma senha para acessar milhares de documentos diplom�ticos e da Defesa.
Mas "n�o h� garantia de que n�o haver� novas acusa��es (uma vez) em solo americano", de acordo com o editor do WikiLeaks, Kristin Hrafnsson.
Um cen�rio improv�vel, por�m, de acordo com o advogado especializado em extradi��es Ben Keith, que invoca "uma prote��o espec�fica da lei internacional em mat�ria de extradi��o que impede que algu�m seja processado com acusa��es adicionais".
Segundo ele, a batalha judicial iniciada por Julian Assange tem poucas chances de sucesso e pode durar entre 18 meses e dois anos.