A Tun�sia, aliviada por ter evitado um v�cuo de poder depois da morte do presidente Beji Caid Essebsi, se prepara para realizar elei��es antecipadas em menos de dois meses, um desafio em um ambiente pol�tico de tens�o.
Mas, esta sexta-feira, � dia para homenagens. Agora presidido interinamente pelo chefe do Parlamento Mohamed Ennaceur, que tomou posse poucas horas ap�s a morte de Essebsi, o pa�s saudou a mem�ria de seu primeiro presidente democraticamente eleito por sufr�gio universal em 2014.
Festivais foram cancelados, jornais foram impressos em preto e branco, sete dias de luto nacional foram decretados.
Em um editorial intitulado "Adeus, senhor presidente", o jornal O Tempo escreveu "Nossa dor � grande, nossa saudade � imensa", saudando um "grande patriota".
"Adeus BajBouj", foi a manchete do O Dia, em refer�ncia ao apelido do presidente.
O corpo de Beji Caid Essebsi ser� levado do hospital militar T�nis para o Pal�cio Presidencial de Cartago, cerca de vinte quil�metros de dist�ncia, onde ser� velado pela fam�lia e amigos pr�ximo.
O funeral nacional est� planejado para o s�bado, na presen�a de v�rios chefes de Estado, segundo o chefe do governo Yussef Chahed, que n�o especificou quem viria.
Desde o an�ncio da morte, l�deres internacionais elogiaram o papel crucial do falecido presidente na "marcha para a democracia no ber�o" da Primavera �rabe. A Arg�lia e a Maurit�nia decretaram tr�s dias de luto.
Agora o pa�s ter� que come�ar a se preparar para as elei��es. Beji Caid Essebsi morreu alguns meses antes do final do seu mandato em dezembro, mas a Constitui��o prev� que o per�odo de governo interino dure apenas entre 45 e 90 dias, ou seja, at� 23 de outubro no m�ximo.
A elei��o presidencial estava marcada para 17 de novembro, ap�s as elei��es parlamentares de 6 de outubro. Mas o calend�rio dever� ser mudado.
A autoridade independente encarregada de organizar as elei��es anunciou que a elei��o presidencial ser� adiantada e citou na quinta-feira uma vota��o a partir de 15 de setembro.
Muitos tunisianos saudaram a r�pida transi��o, j� que seu pa�s � o �nico dos Estados �rabes que viveram os protestos de 2011 a continuar no caminho da democratiza��o, apesar do tumulto pol�tico, do marasmo econ�mico e dos ataques jihadistas.
"O povo tem orgulho de saber que seu pa�s � um Estado democr�tico", comentou o ex-secret�rio-geral do Parlamento, Adel Bsili.
"Os tunisianos e tunisianas, diante da dificuldade de provar que merecem a democracia, conseguiram convencer soberbamente o mundo de que agora a Tun�sia � um pa�s democr�tico", escreveu o jornal A Imprensa, em um editorial intitulado "O Estado permanece de p�".
- C�digo eleitoral contestado -
Uma primeira hospitaliza��o do presidente no final de junho, dia em que dois atentados suicidas mataram um policial e um civil em T�nis, provocou preocupa��o � respeito da fragilidade das institui��es tunisianas.
As disputas internas e a fragmenta��o do partido presidencial criaram uma atmosfera delet�ria, que pode pesar na organiza��o da elei��o presidencial.
E a transi��o continua enfraquecida pela aus�ncia de um Tribunal Constitucional, institui��o crucial de uma jovem democracia, cujo estabelecimento foi adiado v�rias vezes pelos partidos no poder.
O Parlamento superou na quinta-feira a aus�ncia deste Tribunal, mobilizando a inst�ncia provis�ria de controle da constitucionalidade das leis que o substitui desde 2014, mas as prerrogativas destes continuam limitadas, especialmente para decidir as pol�micas sobre o c�digo eleitoral.
As condi��es para candidatar-se foram alteradas de forma contestada em junho pelo Parlamento, mas o texto votado por iniciativa do governo n�o foi promulgado pelo chefe de Estado antes de sua morte. Um desejo da parte dele, de acordo com um de seus conselheiros.
Resta saber se este c�digo eleitoral emendado ser� promulgado nos pr�ximos dias, excluindo v�rios candidatos de peso, incluindo Olfa Terras-Ramburg e o magnata da m�dia Nabil Karui.
Este �ltimo amea�ou usar contra seus concorrentes pol�ticos este texto, que pro�be, retroativamente por um ano, todo o uso de propaganda pol�tica e distribui��o de bens aos eleitores.
