Seis pa�ses da Uni�o Europeia mostraram-se dispostos a receber parte dos 147 migrantes do barco humanit�rio da ONG espanhola Open Arms, que se encontra perto da ilha italiana de Lampedusa.
"Fran�a, Alemanha, Rom�nia, Portugal, Espanha e Luxemburgo acabam de informar que est�o dispostos a receber migrantes", escreveu o primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, em uma carta aberta dirigida ao ministro italiano do Interior, Matteo Salvini.
"Mais uma vez, meus colegas europeus estendem a m�o", agradeceu Conte, ao mesmo tempo que criticou a postura de Salvini contr�ria aos migrantes.
Criticando a "aten��o obsessiva" de Salvini sobre este tema da imigra��o "reduzida � f�rmula 'portas fechadas'", o acusou de "colabora��o injusta".
Conte escreveu na quarta-feira ao ministro pedindo-lhe para autorizar o desembarque dos 32 menores a bordo dos "Open Arms". Mas ele acusou Salvini de ter deturpado suas palavras.
O chefe do governo italiano disse que lutou com ele por "um mecanismo europeu" que seria "quase autom�tico" para redistribuir migrantes entre todos os pa�ses europeus.
"Comigo os portos s�o e continuar�o a ser fechados para os traficantes e seus c�mplices estrangeiros", respondeu Salvini. "E � claro que, sem essa firmeza, a Uni�o Europeia nunca teria movido um dedo, deixando a It�lia e os italianos em paz", afirmou.
O poder de Matteo Salvini, l�der do partido Liga (extrema-direita) e atualmente vice-premier, passa por momentos de fragilidade desde que ele decidiu, semana passada, dinamitar a alian�a governamental, formada h� apenas 14 meses entre sua forma��o e o Movimento Cinco Estrelas (M5S, antissistema). O caso da Open Arms evidenciou suas dificuldades.
O ministro do Interior, que exige um rod�zio europeu de portos de desembarque, assinou no in�cio do m�s um decreto que proibia a entrada de barcos humanit�rios em �guas territoriais italianas sem autoriza��o.
Na quarta-feira, um tribunal administrativo suspendeu a aplica��o do primeiro decreto, contra o qual a pr�pria "Open Arms" havia apresentado um recurso.
Salvini assinou ent�o um novo decreto para impedir a entrada do barco, mas este deveria ser validado pela ministra da Defesa, Elisabetta Trenta.
Integrante do M5S, Trenta se negou a referendar a decis�o de Salvini: "Decidi n�o assinar o novo decreto do ministro do Interior destinado a impedir a entrada, tr�nsito e parada nas �guas territoriais do barco da ONG Open Arms".
- "Humanidade" -
"A pol�tica n�o deve perder nunca de vista a humanidade", explicou Elisabetta Trenta em um comunicado divulgado nesta quinta-feira.
"Humanidade n�o significa ajudar os traficantes e as ONGs", rebateu Salvini nas redes sociais. "� gra�as a este suposto conceito de 'humanidade' que nos anos de governo (do Partido) Democr�tico a It�lia se tornou o campo de refugiados da Europa".
Salvini, que tem atualmente 36-38% das inten��es de voto, baseia sua popularidade na linha dura contra a migra��o ilegal. Nos �ltimos dias parece ter sido formada uma inesperada frente pol�tica de oposi��o � Liga, formada pela alian�a entre o M5S e o Partido Democr�tico (centro-esquerda).
A Open Arms garantiu na quarta-feira que n�o pretendia atracar pela for�a.
Na noite de quinta-feira, a ONG anunciou no Twitter que s� tinha sido autorizada a desembarcar em Lampedusa "cinco pessoas por raz�es psicol�gicas, juntamente com os seus acompanhantes", sem especificar o n�mero total de imigrantes envolvidos.
O Ocean Viking, navio humanit�rio das ONGs M�dicos Sem Fronteiras e SOS M�diterran�e ainda busca um local para atracar com seus mais de 350 imigrantes a bordo. Na quinta-feira o barco se dirigia para o norte, longe de Lampedusa e Malta.