O grupo Estado Isl�mico (EI) reivindicou, neste domingo (18), a autoria do atentado suicida que deixou pelo menos 63 mortos e 182 feridos na noite de s�bado (17), em uma festa de casamento em Cabul, capital do Afeganist�o.
"Ontem o irm�o suicida Abu Assem al-Pakistani [...] conseguiu ferir um grande grupo [...] de ap�statas" em Cabul, ao detonar "seu cintur�o quando estava no meio da multid�o", declarou o grupo extremista em um comunicado publicado no aplicativo Telegram.
"Depois da chegada de membros da seguran�a, os mujahedines detonaram um carro-bomba", completou a mesma fonte.
Composto por islamistas radicais sunitas, o EI j� atacou a comunidade xiita do Afeganist�o, em diferentes ocasi�es. Este era o caso da fam�lia dos noivos.
Os talib�s negaram imediatamente qualquer envolvimento no atentado.
"Os talib�s n�o podem se eximir de qualquer responsabilidade, j� que servem como plataforma dos terroristas", reagiu o presidente afeg�o, Ashraf Ghani, que classificou como "b�rbaro" este atentado cometido na v�spera do centen�rio da independ�ncia do Afeganist�o.
A explos�o de s�bado ocorre em um momento em que os Estados Unidos e os talib�s concluem um aguardado acordo para pactuar uma redu��o consider�vel das tropas americanas no Afeganist�o em troca de que os insurgentes respeitem um cessar-fogo, rompam lan�os com a Al-Qaeda e negociem com a administra��o de Cabul um acordo de paz duradouro.
"Temos muito boas discuss�es com os talib�s. Temos muito boas discuss�es com o governo afeg�o", declarou neste domingo o presidente americano, Donald Trump, a jornalistas em Nova Jersey (nordeste).
Fontes americanas deram a entender nos �ltimos dias que um acordo seria iminente, embora restem v�rios pontos a resolver.
De acordo com a ONU, julho foi o m�s mais sangrento desde maio de 2017, com mais de 1.500 civis feridos, ou mortos, no pa�s. Em 2018, 3.804 civis morreram, incluindo 900 crian�as.
- 'Cena de massacre'
"�s 22h40 locais (cerca de 15h de Bras�lia), ocorreu uma explos�o no sal�o de casamentos Shar Dubai, no oeste de Cabul", informou � imprensa o porta-voz do Minist�rio do Interior, Narrat Rahimi, compartilhando no Facebook imagens, nas quais se veem o que parecem ser muitos corpos.
"Entre as v�timas, h� mulheres e crian�as", disse Rahimi, confirmando que o ato foi cometido por "um homem-bomba que detonou seus explosivos".
"Os participantes dan�avam e celebravam quando houve a explos�o", contou um convidado ferido nos bra�os e no abd�men.
"Era o caos, uma cena de massacre, uma carnificina", relatou outro ferido, de 22 anos, em conversa com a AFP no hospital. Segundo Hameed Quresh, que perdeu um dos irm�os na trag�dia, havia mais de mil convidados.
Mohamad Farhag disse que estava na �rea reservada �s mulheres quando ouviu uma forte explos�o na zona destinada aos homens.
"Todo mundo correu para fora, gritando e chorando", relatou.
"Durante 20 minutos, a sala ficou cheia de fuma�a. Quase todo o mundo na se��o de homens estava morto, ou ferido", continuou.
"Transformaram minha felicidade em desgra�a. Perdi meu irm�o, meus amigos e minha fam�lia. Nunca mais poderei ser feliz", desabafou o noivo, Mirwais, em entrevista a uma emissora de televis�o local.
"Ontem, os convidados chegaram sorridentes ao meu casamento e depois est�vamos retirando os corpos", lamentou.
Ao amanhecer, o sal�o de festas tinha as janelas quebradas, o teto implodido, e o ch�o estava cheio de manchas de sangue, relata um fot�grafo da AFP. Na entrada, uma pilha de sapatos deixados para tr�s no momento do p�nico.
Os enterros j� come�aram a ser organizados, como mostravam emissoras locais. Em um dos funerais, uma mesma fam�lia se despedia de 14 de seus entes queridos.
Os casamentos no Afeganist�o s�o eventos multitudin�rios, com centenas, ou at� milhares, de convidados comemorando juntos a cerim�nia em sal�es de dimens�es industriais. Em geral, os homens ficam separados de mulheres e crian�as.
Os insurgentes atacam periodicamente estas festas, vistas como alvos f�ceis por terem m�nimas medidas de seguran�a.
- 'Crime contra a humanidade'
No Twitter, o primeiro-ministro afeg�o, Abdullah Abdullah, condenou o "atentado terrorista" e se solidarizou com as fam�lias. "Este ataque hediondo e desumano � um crime contra a humanidade", denunciou.
"� doloroso ver como o mundo fecha os olhos" para o sofrimento do povo afeg�o, tuitou o chefe de gabinete dos servi�os secretos afeg�os, Rafi Fazil.
O porta-voz do governo, Feroz Bashari, afirmou que a explos�o era "um sinal claro de que os terroristas n�o podem ver os afeg�os expressando felicidade".
"N�o podem dobr�-los matando-os. Os encarregados pelo ataque desta noite v�o responder" por isso, tuitou.
Representantes de embaixadas e miss�es da Organiza��o do Tratado do Atl�ntico Norte (Otan) e da ONU instaladas no Afeganist�o enviaram mensagens de p�sames e condenaram o atentado.
Al�m deste massacre, no s�bado pela manh�, um carro de passeio voou pelos ares ao passar sobre uma mina artesanal colocada em uma estrada da prov�ncia de Balkh. Seus 11 passageiros, todos da mesma fam�lia, morreram na explos�o, anunciou o governador do distrito de Dawlat Abad, Mohamad Yossuf.