
A ONU pediu, nesta quinta-feira, a prote��o da Amaz�nia, onde inc�ndios florestais se proliferam, pouco depois de o presidente Jair Bolsonaro criticar uma "psicose ambiental" promovida por ONGs que atuariam contra os interesses nacionais.
"Estou profundamente preocupado com a Floresta Amaz�nica. No meio da crise clim�tica global, n�o podemos permitir mais danos a uma fonte importante de oxig�nio e biodiversidade", tuitou o secret�rio-geral da ONU, Ant�nio Guterres, nesta quinta-feira. "A Amaz�nia deve ser protegida", enfatizou.
O presidente franc�s, Emmanuel Macron, tamb�m recorreu ao Twitter para definir os inc�ndios como uma "crise internacional".
"Nossa casa est� em chamas. Literalmente. A Amaz�nia, pulm�o de nosso planeta, que produz 20% do nosso oxig�nio, est� pegando fogo. Essa � uma crise internacional. Membros do G7, vamos discutir esta emerg�ncia nos dois primeiros dias"
Emmanuel Macron, presidente da Fran�a
O presidente Jair Bolsonaro lamentou que Macron "busque instrumentalizar uma quest�o interna do Brasil e de outros pa�ses amaz�nicos para ganhos pol�ticos pessoais. O tom sensacionalista com que se refere � Amaz�nia n�o contribui em nada para a solu��o do problema".
Grupos ambientalistas convocaram protestos em todo o mundo para esta sexta-feira e o movimento da jovem sueca Greta Thunberg prop�s a realiza��o de manifesta��es diante das embaixadas e consulados do Brasil.
A causa mobilizou figuras do espet�culo e dos esportes, como Madonna, o ator Mark Hamill e o jogador Cristiano Ronaldo.
"Os inc�ndios que devastam a Amaz�nia seguem ardendo... Isto � a devasta��o do Brasil, dos povos ind�genas que vivem l� - e das plantas e das esp�cies animais da mais importante reserva de biodiversidade!!! Por favor, presidente Bolsonaro", escreveu Madonna no Instagram.
O Peru decretou alerta diante da possibilidade da propaga��o dos inc�ndios sobre seu territ�rio.
O presidente Sebasti�n Pi�era "ofereceu ao presidente Jair Bolsonaro a colabora��o do Chile para ajudar este pa�s irm�o e amigo a combater com maior efici�ncia e for�a os graves inc�ndios florestais que afetam a Amaz�nia".
O l�der chileno telefonou a Bolsonaro para manifestar sua solidariedade.
A Col�mbia ofereceu ajuda para conter essa "trag�dia ambiental".
"A trag�dia ambiental no Amazonas n�o tem fronteiras e deve chamar a aten��o de todos. Do Governo Nacional oferecemos aos pa�ses irm�os nosso apoio para trabalhar conjuntamente em um prop�sito que nos urge: proteger o pulm�o do mundo", escreveu no Twitter o presidente Iv�n Duque.
#Bogot� La tragedia ambiental en el Amazonas no tiene fronteras y debe llamar la atenci�n de todos. Desde el Gobierno Nacional ofrecemos a los pa�ses hermanos nuestro apoyo para trabajar conjuntamente en un prop�sito que nos urge: proteger el pulm�n del mundo.
— Iv�n Duque (@IvanDuque) August 22, 2019
O governo da Bol�via convocou Brasil e Paraguai a agirem para deter os inc�ndios na regi�o de fronteira entre os tr�s pa�ses, que j� destruiu 744.711 hectares de matas, pastos e plantios na regi�o de Chiquitan�a (leste).
"De nada servir� para n�s controlar o fogo no territ�rio nacional se isto n�o for feito no territ�rio brasileiro e no paraguaio", declarou o ministro boliviano da presid�ncia, Juan Ram�n Quintana.
O presidente do Equador, Len�n Moreno, "conversou com @jairbolsonaro para colocar a sua disposi��o um avi�o que transportar� tr�s brigadas equatorianas de especialistas em inc�ndios florestais e investiga��o ambiental, que ajudar�o a paliar a trag�dia na selva amaz�nica".
A Venezuela, como integrante da comunidade amaz�nica, ofereceu "a modesta ajuda que possa brindar nesta dolorosa trag�dia" e manifestou sua "profunda preocupa��o com os gigantescos e terr�veis inc�ndios que devastam a regi�o" e seus "grav�ssimos impactos sobre a popula��o, os ecossistemas e a diversidade biol�gica".
O fogo tem se espalhado a cada dia no pa�s: entre janeiro e 21 de agosto, 75.336 focos de inc�ndio foram registrados no Brasil, 84% a mais que no mesmo per�odo de 2018, segundo dados do Programa de Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Esse n�mero mostra um aumento de 2.493 focos em compara��o com a segunda-feira passada.
Bolsonaro, que nega a mudan�a clim�tica e defende que as reservas ind�genas e as zonas protegidas da floresta sejam abertas a atividades agropecu�rias e � minera��o, voltou a criticar a "psicose ambiental" que obstruiria o desenvolvimento do pa�s.
"Essa psicose ambiental n�o deixa fazer nada. Eu n�o quero acabar com o meio ambiente. Eu quero � salvar o Brasil", afirmou ainda, defendendo a mudan�a de orienta��es em rela��o �s �ltimas d�cadas.
Nero da Amaz�nia
Na v�spera, Bolsonaro levantou suspeitas de que as ONGs que recebem ajuda externa poderiam ter causado inc�ndios voluntariamente. Nesta quinta, ficou indignado com publica��es que teriam dito que eram acusa��es formais. "Nunca acusei as ONGs", afirmou, para depois esclarecer: "Eu disse que suspeitava das ONGs".
"Agora, me acusar como capit�o Nero tocando fogo l� � uma irresponsabilidade, � fazer campanha contra o Brasil", acrescentou o presidente, na sa�da de sua resid�ncia em Bras�lia, referindo-se ao imperador Nero a quem algumas tradi��es atribuem o grande inc�ndio de Roma no s�culo no I.
"Se o mundo l� fora come�ar a impor barreiras comerciais, cai nosso agroneg�cio (...), a economia come�a piorar, a vida de voc�s, editores de jornais, donos de televis�es, vai ficar complicada como a vida de todos os brasileiros, todos sem exce��o, � um suic�dio o que voc�s est�o fazendo. A imprensa est� cometendo um suic�dio".
"Se era para fazer a mesma coisa que fizeram at� agora, o povo tinha que ter votado em outras pessoas, o povo est� com a gente, minha base � o povo", enfatizou.
Segundo especialistas, os focos de inc�ndio se intensificaram dentro de um quadro de r�pido avan�o do desmatamento na regi�o amaz�nica, que em julho quadruplicou em rela��o ao mesmo m�s de 2018, segundo dados do Inpe.