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Estado de Minas

Em novo livro, Thomas Piketty prop�e "superar o hipercapitalismo"


postado em 12/09/2019 10:43

O economista franc�s Thomas Piketty prop�e superar o hipercapitalismo atual para combater as desigualdades com o objetivo de deter um avan�o "dentit�rio extremamente perigoso", em uma entrevista � AFP por ocasi�o da publica��o de seu novo livro, "Capital e Ideologia".

Considerado uma figura estelar da economia, o professor da Escola de Economia de Paris publica o novo livro de mais de 1.200 p�ginas seis anos depois do sucesso mundial da obra anterior, "O Capital no S�culo XXI", que j� vendeu mais de 2,5 milh�es de exemplares.

P: O que busca demonstrar em seu novo livro?

R: Neste livro, tento mostrar que na hist�ria j� aconteceram grandes mudan�as ideol�gicas. Ainda pensamos que a estrutura das desigualdades n�o mudar�, que as coisas s�o s�lidas como uma rocha. Mas todas as ideologias acabam sendo substitu�das por outros sistemas de organiza��o das rela��es sociais e de propriedade. Vai acontecer o mesmo com o regime atual.

P: Como?

R: Precisamos retomar o fio, com calma, serenidade, tentando discutir solu��es para superar o hipercapitalismo atual, � luz das experi�ncias hist�ricas. A boa not�cia � que todos os regimes pol�ticos desiguais terminam se transformando, geralmente com momentos de crise mais violentos do que se gostaria. Eu desejaria que isso pudesse ser feito pacificamente, atrav�s da delibera��o democr�tica, com elei��es. �s vezes existem momentos imprevistos de crise, como o Brexit. Em tais momentos, como demonstra a hist�ria, � necess�rio recorrer aos repert�rios de ideias produzidas no passado.

P: Qual o risco de n�o debater as desigualdades?

R: Se nos negamos a falar sobre a supera��o do capitalismo por uma economia mais justa e descentralizada, corremos o risco de continuar fortalecendo as narrativas do avan�o identit�rio, do avan�o xen�fobo. Estas s�o hist�ria niilistas extremamente perigosas para nossas sociedades que se alimentam da recusa em discutir solu��es justas, internacionalistas, solu��es igualit�rias de reorganiza��o do sistema econ�mico.

P: Voc� � severo a respeito da evolu��o da sociedade desde a queda do imp�rio sovi�tico.

R: � hora de fazer um balan�o das decis�es tomadas desde os anos 80 e 90. No in�cio da d�cada de 2020 podemos ver seus limites com uma globaliza��o altamente desigual, que � desafiada por muitos e que nutre avan�os identit�rios extremamente perigosos. A revolu��o conservadora de Ronald Reagan e Margaret Thatcher, assim como a queda do comunismo sovi�tico, deram uma esp�cie de impulso a uma nova f�, �s vezes ilimitada, na autorregula��o dos mercados, na sacraliza��o da propriedade. Mas � um movimento que, acredito, est� chegando ao fim.

P: Qual a influ�ncia da queda do Muro de Berlim, h� 30 anos, na evolu��o das desigualdades?

R: O ano de 1989 d� lugar a um mundo no qual a desilus�o p�s-comunista leva a uma esp�cie de sacraliza��o do hipercapitalismo. O comunismo no s�culo XX, depois de apresentar-se como o desafio mais formid�vel � ideologia dos propriet�rios, terminou se transformando no melhor aliado do hipercapitalismo precisamente por seu fracasso. Depois de 1989, deixamos de pensar na quest�o do excesso de desigualdade no capitalismo, a necessidade de regular, de superar o capitalismo. O caso extremo � a R�ssia, onde n�o existe nenhum impostos sobre a heran�a, nem imposto de renda progressivo. Nem Donald Trump, em seus sonhos mais loucos, pensa em algo assim.

P: O Partido Comunista ainda est� no poder na China...

R: A hist�ria � diferente na China, mas voc� tem o desastre maoista, da revolu��o cultural... Existe o papel dominante do Partido Comunista, mas tamb�m h� uma negativa a superar a desigualdade gerada pela propriedade privada. A China, como a R�ssia, n�o tem imposto sobre a heran�a. O caso de Hong Kong � in�dito porque � o �nico pa�s do mundo que se tornou mais desigual depois de se tornar comunista. Existia um imposto sobre a heran�a que foi eliminado ap�s a devolu��o para a China.

P: N�o teme utilizar a palavra "socialista", que n�o est� mais na moda?

R: N�o tenho medo. Acredito que o socialismo democr�tico, que � a social-democracia, trouxe consigo n�o apenas esperan�a, mas tamb�m um tremendo sucesso durante o s�culo XX.


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